Com a chuva a complicar a tarefa de todos os participantes, a 35a edição da Baja Portalegre 500 voltou a ser um sucesso em termos competitivos, com o experiente Krzysztof Hołowczyc (MINI) a sagrar-se vencedor da prova alentejana. António Maio venceu nas Motos. Destaque ainda para os títulos da Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country conquistados pelos irmãos e portugueses Alexandre e Pedro Ré (Categoria T4) e Bianchi Prata (Veteranos/Moto).

Sem pó, mas com muita água e lama, a Baja Portalegre 500 de 2021 obrigou a um espírito de superação redobrada por parte dos quase 400 concorrentes que participaram naquela que é uma das mais emblemáticas provas de todo-o-terreno nacional (chamando também a atenção de muitos nomes sonantes do panorama internacional).

A queda da chuva e a lama fizeram com as expressões ‘superação’ e ‘dificuldades’ se tornassem lemas dos pilotos ao longo de toda a prova. Um dos melhores exemplos foi o de Nélson Silva (Team Bianchi Prata Honda), piloto que é praticamente cego de uma vista, mas que, para conseguir ter alguma visibilidade, foi forçado a deitar fora os óculos de proteção, terminando o setor matinal de sábado em grandes dificuldades. Mas nem assim se resignou ao abandono.

Na frente da tabela também não houve margem para desconcentrações, com Krzysztof Hołowczyc a vencer a Baja Portalegre 500 pela terceira vez. Aos comandos de um MINI, o polaco ex-campeão europeu de ralis, sentiu-se como ‘peixe na água’ nos pisos enlameados em que decorreu grande parte da prova organizada pelo Automóvel Club de Portugal (ACP). Depois de ter terminado a etapa de sexta-feira na terceira posição, Hołowczyc iniciou o sábado ao ataque, conquistando uma vantagem que, até final, o pôs a cobro de grandes ataques da concorrência.

“É a minha terceira vitória em três participações e isso deixa-me muito satisfeito. Gosto deste rali, com as suas pistas especiais e muito técnicas.” Um resultado que também lhe permitiu assegurar a vitória na Taça da Europa, enquanto Yazeed Al Rajhi (Toyota Hilux) garantiu o triunfo na Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country.

Foto: Paulo Maria / ACP

Apesar de ainda ter lançado um ataque à liderança, o português Tiago Reis (Toyota Hilux) teve de contentar-se com o segundo lugar. Um excelente resultado para o virtual campeão nacional, que também garantiu o terceiro lugar na Taça da Europa. “Se não fosse uma manhã muito difícil, sempre a abrir a pista, durante 70 dos quase 150 km, poderíamos ter tido hipótese de discutir a vitória até ao fim. Mas as corridas são mesmo assim e ficamos muito satisfeitos com o resultado”, sublinhou, no final.

O lugar mais baixo do pódio ficou com o brasileiro Lucas Moraes, com o piloto da Toyota Hilux a explicar que “foi muito bom vir a Portalegre com um ´supercarro´, depois de duas participações numa categoria menos competitiva. Correu muito bem, apesar de um furo no primeiro dia. Conseguimos recuperar e é uma honra terminar no pódio, com um plantel tão competitivo”.

Num regresso sonante e já com o Dakar no horizonte, Miguel Barbosa (Toyota Hilux) foi o quarto classificado, com o oito vezes campeão nacional de todo-o-terreno a poder queixar-se de um furo, enquanto o brasileiro Cristian Baumgart (Toyota Hilux) fechou o quinteto da frente.

Foto: Paulo Maria / ACP

Ainda entre os automóveis, natural destaque para a dupla de irmãos portugueses, Alexandre Ré/Pedro Ré, que depois da conquista da Taça da Europa, asseguraram também a vitória na Taça do Mundo FIA de Bajas Cross-Country, na Categoria T4. “Foi uma época fantástica, claro. Estamos muito satisfeitos e… Portalegre voltou a ser Portalegre. Com chuva, mas não demasiada e assim é que tem de ser Portalegre.”

Sétima vitória de António Maio nas motos

Nas motos, vitória de António Maio (Yamaha WR450) que, com sete sucessos, torna-se o piloto mais bem-sucedido da Baja Portalegre 500 nas duas rodas. “Sair de Portalegre com uma vitória é sempre bom. Ser o piloto mais vitorioso nas Motos era um dos objetivos desta prova e da carreira. Já o perseguia há algum tempo e sabia que acabaria por se concretizar. Foi um final bastante intenso, mas graças à vantagem que ganhei na manhã de hoje (sábado), pude fazer a gestão correta na última parte”, afirmou o piloto.

Gustavo Gaudêncio (Honda CRF450RX) foi o segundo classificado, um resultado que lhe permite manter-se na luta pelo título do Campeonato Nacional, enquanto o jovem André Sérgio (Yamaha WRF), apesar de duas quedas, assegurou o derradeiro lugar do pódio, confirmando que há que contar com ele na luta pela vitória das próximas edições. Com boas recuperações durante a segunda etapa, o francês Neels Theric (KTM 450 EXC-F) e Salvador Vargas (Husqvarna FX) fecharam o grupo dos cinco primeiros classificados.

Luís Oliveira (o mais rápido da Especial de Qualificação) e Sebastian Bühler (que dominou o SS2), foram obrigados a desistir na segunda etapa. O português com problemas mecânicos e o luso alemão (vencedor das três últimas edições da Baja Portalegre 500) com danos na moto resultantes de uma queda.

Uma referência, ainda, para a conquista da Taça do Mundo, na categoria de “Veteranos”, por Bianchi Prata, apesar de ter alinhado com duas costelas partidas.

Vitória de Luís Fernandes nos Quads

Na categoria dos Quads, os dois candidatos ao título protagonizaram um interessante duelo pela vitória, com Luís Fernandes a impor-se a Luís Engeitado, ambos aos comandos de Yamaha YFZ450R. Flávio Gonçalves (Yamaha 450 YFZ) terminou no derradeiro lugar do pódio, enquanto Filipe Martins (Yamaha YFZ450R) e Cláudio Fernandes (Yamaha YFZ450R) encerraram o grupo dos cinco primeiros.

Entre os SSV, o jovem Gonçalo Guerreiro (Can Am) foi o quinto vencedor diferente em outras tantas edições em que a categoria tem esse estatuto. À chegada, o piloto de 21 anos não conseguiu conter a emoção, sublinhando entre lágrimas: “Estou muito satisfeito, dei o máximo que podia e agradeço à equipa toda a confiança e apoio.”

Na segunda posição, com uma desvantagem de apenas 42,2 segundos, Alexandre Pinto (Can Am) pode lamentar-se de um furo que o impediu de um hipotético sucesso. Na estreia nos SSV, Armindo Araújo (Can Am), foi um dos protagonistas da categoria e nem alguns problemas de travões impediram o seis vezes campeão nacional de ralis de assegurar o último lugar do pódio. Ricardo Domingues (Can Am) foi o quarto classificado, precedendo o vencedor da edição do ano passado, João Dias (Can Am).

Raúl Carvalho (KTM 350) impôs a sua lei nos 197,77 km do percurso de sábado. Emanuel Léo (Kawasaki KX250F) terminou no lugar intermédio do pódio, com escassos cinco décimos de segundo de vantagem para Gonçalo Leitão (KTM 500 EXC).

Mini Baja: Pequenos em tamanho, grandes em talento

Com pilotos com idades compreendidas entre os 10 e os 16 anos, a Mini Baja afirmou-se como um concentrado de talento, antecipando a próxima geração de pilotos que darão cartas nas “duas rodas”. Desportivamente, com 73,5 km e duas especiais disputadas ao cronómetro, Vasco Severino (Yamaha YZF) foi quem mais se destacou, assegurando a vitória por 5m18,1s. O jovem piloto foi também o mais eficiente na Classe “Mini 2” (para pilotos entre os 14 e os 15 anos), provando ser uma das mais talentosas promessas das motos. Na segunda posição terminou Nuno Barros (Yamaha YZ125), à frente de Martinho Pais (Yamaha YZ) e Lourenço Lebre (Yamaha YZ 125), cuja diferença não foi superior a 10,2 segundos.

Na Classe “Mini 1” (reservada a pilotos de 12 e 13 anos), Domingos Cunha (Yamaha YZ 85) liderou de início a fim, fazendo coincidir o triunfo com o quinto lugar absoluto. Já Manuel Rosa (Yamaha YZ 85) e Bárbara Justino Nunes (KTM 85), a única presença feminina na prova, completaram o pódio.

Fotos: Organização/Direitos Reservados

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