Rali de Castelo Branco: A primeira de Ricardo Teodósio após despique empolgante

01/07/2018

RicardoTeodósio e José Teixeira (Skoda Fabia R5) festejaram em Castelo Branco a 1.ª vitória absoluta da carreira
 

O algarvio Ricardo Teodósio, com José Teixeira no bando do lado direito do Skoda Fabia, impôs-se no Rali de Castelo Branco, tendo a dupla conquistado a primeira vitória da carreira em termo absolutos.

Um prémio justo para um dos mais entusiastas e espetaculares pilotos portugueses, conquistado in extremis na derradeira classificativa de um rali com final alucinante: o quarteto da frente terminou separado por apenas 9,5 segundos!

Todavia, o outro grande protagonista da prova da Escuderia Castelo Branco foi o espanhol Pepe Lopez. Ao volante do Citroën DS3 que José Pedro Fontes vinha utilizando, surpreendeu e terminou a a 1.ª etapa na frente, com convincentes 20,8 segundos de vantagem antes da superespecial.

As condições atmosféricas instáveis apanharam vários pilotos de surpresa e o espanhol tirou partido disso, mas o pior foi à noite: um erro de percurso na superespecial custou 3.30 minutos de penalização e a descida para o 16.º lugar.

Tal como acontecera em Mortágua com Miguel Barbosa de novo uma prova sem qualquer interesse do ponto de vista desportivo — vale apenas para o espetáculo – teve influência na classificação. E o espanhol que adormeceu líder, foi surpreendido, na manhã seguinte, pela despromoção imposta pelo Colégio de Comissários Desportivos.

O volte-face permitiu a José Pedro Fontes, em tempo de estreia do Citroën C3 R5 não só em pisos de asfalto, mas em termos absolutos, uma vez que no Vodafone Rali de Portugal nem chegou a arrancar, ser promovido a líder.

Todavia, Pepe Lopez não baixou os braços e continuou a dar espetáculo no último dia, ao vencer cinco das seis classificativas do programa; recuperou do 16.º até ao 7.º lugar e terminou a 2.58,1 minutos do vencedor.

Na frente, José Pedro Fontes controlava e encontrava-se em excelente posição para repetir o êxito de 2017.

Mas, Teodósio estava irresistível e não se conformou com o 3.º lugar que ocupava: ganhou tempo em todas as especiais e, na derradeira, não só recuperou os 3,8 segundos de desvantagem para Fontes, como ainda conquistou mais 5,2 segundos. Esta foi a diferença que os separou no final com vantagem para o algarvio, que ascendeu à vice-liderança do campeonato e deu á Skoda a 14.ª vitória em ralis nacionais.

João Barros cedo cedeu à pressão do rival do Skoda e limitou-se a segurar o último lugar do pódio, com três décimos de vantagem para o líder do campeonato, Armindo Araújo (Hyundai i20 R5).

No final, Ricardo Teodósio exteriorizava a alegria que lhe ia na alma: «Já tínhamos vitórias em Grupo N, mas não é o mesmo que à geral. Esta tem um sabor especial», confessou o piloto do Skoda Fabia preparado pela ARC Sport.

Ricardo Teodósio protagonizou irresistível ponta final

«No ano passado, vencemos esta prova em Grupo N. Agora, voltámos com um R5 e graças a toda a equipa, aos patrocinadores, à minha mãe e a todos os que estão connosco, fizemos uma boa escolha de pneus, escolhemos uma boa afinação para o o carro e conseguimos alcançar a vitória», sublinhou.

Ricardo Teodósio sintetizou, de algum modo, o que sucedeu aos rivais diretos:

«Os nossos colegas fizeram uma escolha de pneus que não foi a mais apropriada, mas as corridas são mesmo assim. Eu já perdi muitas corridas por poucos segundos, sem ter cometido nenhum equívoco ou fazer uma escolha menos acertada».

Quanto a José Pedro Fontes, lamentou o facto de ter errado na escolha dos pneus, mas assumiu que o triunfo de Teodósio foi merecido:

“Tínhamos o rali controlado. Foi uma excelente estreia do C3. Temos um potencial enorme para evoluir. Mas, quando estava para arrancar para a tarde, tive a informação de que estava a chover bastante e para levar pneus de chuva. Foi isso que fizemos e infelizmente estava seco».

Na estreia em asfalto com o Citroen C3 R5, José Pedro Fontes esteve muitoi perto da vitória

Para Fontes, «os imponderáveis acontecem e a real possibilidade dos pisos se apresentarem molhados, ou serem mesmo disputados sob chuva, levou a que a equipa apostasse nessas borrachas, quando estavam, afinal, secos. Faltou-nos a sorte neste capítulo, numa segunda secção que se revelou um autêntico martírio», referiu Fontes.

«Acho que merecíamos ter ganho», explicou o piloto da Sports & You, com pena de não poder dedicado a vitória a Carlos Vieira, «que faz parte da nossa família. Sinto alguma injustiça, mas se há alguém que merece esta vitória é o Ricardo (Teodósio) por tudo o que faz pelo automobilismo e pelo grande piloto que é», acrescentou, com desportivismo, José Pedro Fontes.

O resumo da prova em vídeo

João Barros (Ford Fiesta) completou o pódio e mostrou-se satisfeito com o desempenho na hora do regresso à competição:

«Correu muito bem e diverti-me bastante. Nunca baixei os braços e estive sempre entre os da frente», referiu o piloto, conhecido pela sua ambição.«Ainda sonhei em ganhar o rali, mas não foi possível», acrescentou no final.

A lotaria da escolha de pneus

Condicionado pela escolha de pneus feita no primeiro dia, Armindo Araújo não conseguiu melhor que a 4.ª posição, sublinhando que «foi um fim de semana muito exigente para toda a gente em termos de afinações e escolha de pneus».

Para o piloto do Hyundai i20, «para além do facto de não conhecermos o rali, o nosso maior desafio foi encontrar o melhor setup para as diferentes condições de aderência», uma vez que «o carro correspondeu às expectativas, mas nós não estivemos totalmente assertivos nas escolhas que fizemos», reconheceu.

Armindo Araújo (Hyundai) terminou na 4.ª posição e consolidou a liderança do Campeonato de Portugal

A pensar já na próxima prova, o líder do campeonato adiantou que vamos para a Madeira focados em obter mais uma boa pontuação. Todos os pontos são importantes», sublinhou o piloto do Team Hyundai Portugal.

A escolha de pneus foi, igualmente, decisiva em termo de resultado para Miguel Barbosa.

Ao contrário da prova anterior decidimos apostar nos pneus de piso seco para o arranque do rali, apesar da instabilidade meteorológica e voltámos a não acertar na escolha. Perdemos bastante tempo no troço, pois fomos também demasiado cautelosos. Faltou-nos alguma experiência nestas situações», confessou o piloto do Skoda Fabia, que fez um pião na super especial e voltou a errar em termos de opções na fase final do rali:

«No último dia, na parte da tarde, voltámos a não acertar. A indicação que nos foi dada foi de chuva, mas quando lá chegámos já os troços estavam com o piso seco. Limitámo-nos a gerir para não perder qualquer lugar», justificou o piloto do Skodas Fabia, que terminou no 5.º lugar.

Na posição seguinte classificou-se Pedro Meireles, que teve problemas com a válvula pop-off na etapa inicial. O atraso gerou desmotivação e o vimaranense do Skoda Fabia quedou-se pelo 6.º lugar.

Pedro Antunes festejou a dobrar

Neste rali, se a luta entre os primeiros foi renhida, nas 2 Rodas Motrizes e na Peugeot Rally Cup Ibérica não foi menos intenso despique pelo triunfo até à derradeira especial.

A dupla Pedro Antunes/Paulo Lopes (Peugeot 208 R2 protagonizou duelo intenso com Diogo Gago e Miguel Ramalho. O algarvio começou por ser mais forte no primeiro dia e ao cair da noite era o líder. Mas, um toque numa chicane durante a superespecial ditou uma penalização de 15 segundos e Antunes começou o segundo dia na frente. Entretanto, Gago voltou para o primeiro posto, mas com tudo em aberto para a derradeira secção do rali. Aí, Antunes assumiu a liderança e à partida para o último troço, os dois estavam separados por 1,1 segundos.

No final, Pedro Antunes sagrava-se vencedor, enquanto Diogo Gago saía de estrada e desistia.

Na competição monomarca, o pódio ficou completo com Roberto Blach (2.º), novo líder da competição, e Hugo Lopes (3.º), que rubricou uma impressionante recuperação, após terminar o 1.º dia na 6.ª posição, devido a problemas de motor no seu 208 R2.

O pódio das 2 RM ficou completo com Paulo Neto, que se impôs na categoria RC3, apesar de vários problemas no Citroën DS3 R3T:

«Logo no primeiro troço, verificámos que o motor não tinha força, o que nos condicionou logo durante todo o primeiro dia. No parque de assistência verificámos que existia um problema com uma ficha, situação ultrapassada no parque de assistência. O carro ficou mais próximo daquilo que é o seu potencial, mas a verdade é que já não valia a pena arriscar nada, tal o atraso que tínhamos na classificação», referiu Paulo Neto.

Na categoria RC5, os pequenos Kia conquistaram uma dobradinha, com Tiago Raposo de Magalhães a terminar na frente:

«Comprovámos, mais uma vez, todo o potencial do Kia Picanto GT Cup e a enorme versatilidade de um carro que continua a mostrar o seu valor em qualquer cenário, da Velocidade à Montanha e, agora, nos Ralis», sublinhou Tiago Raposo de Magalhães, que terminou na frente de Nuno Madeira.

Outros vencedores

Entre os participantes do Campeonato de Clássicos, Cipriano Antunes foi o melhor com o Audi Quattro.

Manuel Martins (Peugeot 206 GTI) ganhou a Taça FPAK de Ralis, seguido por Sérgio Brás (Ford Fiesta) e Pedro Leone (Ford Escort RS Cosworth).

De igual modo, houve emoção a rodos no Campeonato do Centro de Ralis: José Gomes (Citroën Saxo kit car) foi o líder da prova do início ao fim,

Á entrada para o último troço, tinha apenas 0,3 segundos de vantagem sobre Eduardo Veiga, mas conseguiu ser mais forte e terminou com 14,9 segundos de diferença para o adversário do Ford Escort MK II. Nuno Mateus (Peugeot 206 GTi) completou o pódio.

 

Ver mais em: http://cnr.cronobandeira.com/index.php?lang=0&evento=1&local=140&rfr=1&idx=1

Campeonato

1.º Armindo Araújo, 107,29 pontos

2.º Ricardo Teodósio, 79,38

3.º Miguel Barbosa, 78,1

4.º Pedro Meireles, 61

5.º Ricardo Moura, 54,35

6.º José Pedro Fontes, 53.5

Próxima prova: Rali Vinho da Madeira., dias 3 a 5 de agosto