Rallycross/Mattias Ekström: “Temos sempre o objetivo de estar na frente”

29/04/2018

É um dos nomes fortes do Mundial de Rallycross (WRX) que fez de Montalegre o seu ‘centro’ nevrálgico neste fim de semana. O piloto da EKS RX, equipa que fundou em 2014 com o intuito de competir ao mais alto nível neste campeonato, continua a ser um dos mais respeitdaos no ‘paddock’, tanto pelo seu passado no automobilismo com diversa experiência competitiva, sobretudo no DTM, mas também pela rapidez constante que demonstra ao volante do Audi S1 RX, a máquina que este ano conta com um maior apoio técnico da divisão desportiva da marca de Ingolstadt, a Audi Sport.

Numa competição com outras personalidades famosas e de craveira internacional como Sébastien Loeb, Andreas Bakkerud, Petter Solberg, Timmy Hansen ou Guérlain Chichérit, o piloto da EKS sabe que o desafio é cada vez maior, mas que o foco está sempre colocado nos triunfos.

Motor24: Começámos esta nova temporada há pouco tempo e ainda vamos no seu início, mas, até aqui, como é que vê o equilíbrio de forças entre as equipas do campeonato?

Mattias Ekström: Até agora, estou surpreendido pela positiva por estar tudo tão renhido entre as equipas do mundial. Todos sabíamos que a Volkswagen seria competitiva porque eles dominaram os acontecimentos no ano passado e esperávamos que a Peugeot fosse competitiva, por chegarem aqui com a Peugeot Sport. Nós temos mais apoio da Audi Sport pelo que, quão perto conseguimos estar ou se podemos estar na frente é a questão. Depois temos as equipas privadas com o Hyundai e com o Prodrive Renault… Posso dizer que estamos mais perto do que eu esperava, pois pensava que seriam criados dois grupos, um mais rápido na frente e outro ligeiramente mais lento pouco atrás, mas neste momento parece que o andamento entre os carros de topo é muito idêntico. Muito impressionante.

M24: Este ano há um maior envolvimento da Audi Sport na EKS. Em que é que isso se reflete no carro?

ME: O carro é basicamente o mesmo do ano passado, mas melhoraram-se pequenos detalhes por todo o lado. A maior diferença está no motor, que tem mais potência. É certo que podemos sempre desejar mais potência e esse foi a grande melhoria do nosso lado. Agora, gostaria de pedir à Audi se para o ano poderíamos ter ainda mais potência, se for possível, mas estou tremendamente contente com o que temos. Encontrámos tempo por volta, o que é positivo.

M24: Quais são, na sua perspetiva, os principais rivais daqui até ao final do ano?

ME: Bem, o Johan [Kristoffersson] tem mais pontos na tabela, por isso é aquele que temos de apanhar. O Peter [Solberg] é o segundo, por isso, para mim não me interessa o nome. O piloto com mais pontos é aquele que tenho de apanhar ou bater para encurtar a distância. Talvez depois do fim de semana seja ele ou outro, mas nós temos sempre o objetivo de estar na frente.

M24: Este é um campeonato que tem agora mais construtores e equipas. Acredita que poderão vir mais?

ME: É difícil dizer. Nós estamos cá desde 2014 e os construtores automóveis ainda não se sentiram tão atraídos pelo desporto, mas já podemos dizer que é bom termos agora três marcas fortes porque no primeiro ano não havia nenhum construtor. Por isso, ao final de quatro anos termos três marcas é impressionante, mas é claro que se quer mais. E penso se o campeonato optar pela tecnologia elétrica há a possibilidade de atrair mais construtores. A indústria automóvel está a desenvolver bastantes carros elétricos e julgo que o Rallycross é o melhor formato para demonstrar a tecnologia elétrica, porque aqui podem demonstrar que são rápidos e que são ‘cool’. Mas também penso que se devem manter os atuais carros no campeonato, para que os fãs possam cá vir e ouvir este som maravilhoso.

M24: Sobre isso mesmo: acredita que a ausência de sonoridade e do ruído dos motores poderá ser negativa ou não atrair alguns adeptos nesta transição para a competição elétrica?

ME: Penso que não deve ser uma transição, mas sim um acréscimo. Deve-se manter o Rallycross mais ou menos como está aqui hoje e adicionar os carros elétricos. Deve-se pensar também em categorias mais baixas e como deverão ser no futuro.

M24: Quanto ao seu passado competitivo, com muitos anos no DTM, a passagem para o WRX obrigou a uma diferença grande no estilo de pilotagem?

ME: Temos de ser honestos ao dizer que estes carros são muito rápidos e temos de ser muito agressivos. [As pistas] são um misto de terra e asfalto e fazem com que seja muito divertido de pilotar. Mas ser competitivo é difícil em qualquer categoria: requer concentração, muito trabalho de casa e preparação. Penso que se deve ter a humildade de se dizer que cada categoria tem os seus próprios desafios, seja o DTM ou o Rallycross, ou qualquer outra. Mas a combinação de asfalto e terra é o principal desafio.

M24: Mas é mais difícil?

ME: Sim, é mais difícil por um lado, o que torna o desafio maior, uma vez que há uma maior variedade de pistas. Os circuitos convencionais são sempre de asfalto, quase sempre de pé a fundo, por vezes com barreiras de pneus, relva ou muros de betão à volta, mas aqui as superfícies mudam imenso ao longo do ano.

M24: Este ano são ainda mais os pilotos de renome no campeonato. Seria bom ter mais para ajudar a atrair ainda mais adeptos?

ME: Claro, mas também temos de ser sinceros ao dizer que estamos numa boa posição. Claro que gostaria de ter mais cinco ou seis pilotos de topo para o ano, porque penso que este desporto precisa de ter 20 pilotos de topo para atrair a atenção global.

M24: Os fins de semana do World RX obrigam também a dedicar muita atenção aos adeptos, que estão sempre muito perto da ação. É complicado manter a concentração?

ME: É sempre igual em todo o lado e faz parte do desporto, mas foco-me na condução e dedico o máximo de atenção aos adeptos quando posso. Por vezes, gostaria de ter mais tempo, mas o dia virá em que terei mais tempo, mas depois ninguém quer um autógrafo de um ex-piloto… [risos] Penso que temos de encontrar um equilíbrio perfeito para dedicar o tempo necessário aos adeptos desde que mantenhamos o foco na condução.

M24: Por fim, o objetivo na época é o título?

ME: Sim, vencer, claro!

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.