Supremacia de Ramos na Baja TT do Pinhal

18/03/2018

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A dupla João Ramos/Vítor de Jesus entrou com o pé direito na nova temporada ao impor-se, com autoridade, na difícil Baja do Pinhal, prova de abertura do campeonato de Portugal de Todo-o-Terreno AFN, que teve como palco os concelhos de Sertã, Oleiros e Proença-a-Nova.

O piloto da Toyota liderou de fio a pavio a prova da Escuderia Castelo Branco, marcada pela chuva e lama, que tornou muito escorregadios e traiçoeiros os pisos da martirizada região do Pinhal Interior. O incrível lamaçal em que ficou transformado o parque de assistência, na Sertã, era o espelho do que sucedia no terreno.

Com atuação muito consistente, João Ramos superou dificuldade e soube construir, reagindo com determinação a uma penalização de sies minutos, um triunfo meritório. O que evidencia a superioridade do vencedor.

O piloto da Toyota Hilux entrou a dominar e garantiu vantagem apreciável após o primeiro dia, 3m 37 s, em relação a Nuno Matos (Opel Mokka Proto), apesar de «ligeira saída de pista, por culpa minha. Perdi cerca de um minuto, pois fiquei parado atrás do carro de um espetador», reconheceu o líder.

O dia seguinte até começou mal para o líder, que suou para, em manhã muito fria, colocar o motor da Toyota Hilux a trabalhar. «Fizemos várias tentativas e não conseguimos. Os adversários foram prestáveis, mas só quando o Hélder Oliveira nos rebocou, a situação ficou resolvida», explicou João Ramos, que penalizou cinco minutos por atraso e sofreu adicional sanção de um minuto.

«Preparava-me para gerir e fui obrigado a atacar em condições muito difíceis. O risco foi grande», desabafou Ramos, após ter conjugado o verbo atacar ao longo de uma manhã aziaga para vários candidatos aos lugares cimeiros: Nuno Matos (Opel Mokka Proto), que ascendera á liderança, mercê do atraso de João Ramos, e Alejandro Martins (Toyota Hilux) desistiram (transmissão partida), enquanto Pedro Das da Silva (Mazda Proto), não fez mais que meio quilómetro; a embraiagem cedeu e a desistência do piloto de Tomar, que era 3.º classificado da geral à saída da Sertã, foi inevitável.

Face a tais desistências, a que se juntou o abandono de Alexandre Franco, com problemas na direção assistida do BMW X1 Proto – «viemos para esta prova sem fazer testes», confessou o piloto de Alenquer empenhado em preparar melhor a próxima prova – João Ramos acabou de algum modo por ter a vida um pouco mais facilitada, «É verdade que ganhei todas as especiais, mas nunca baixámos os braços e o piso ajudou. O set up da Hilux estava fantástico para estas condições», sublinhou o vencedor que adiantou ser a conquista do título o objetivo principal. «Estamos cá para isso», revelou ao Motor 24.

Estreias prometedoras

No final do setor matinal da 2.ª etapa, Pedro Ferreira ascendia à vice-liderança.«Não posso pedir mais», confessava o piloto no final no parque da assistência da Sertã. A estreia com a Ford Ranger, cujo «motor obriga a condução totalmente diferente» corria sob os melhores auspícios. «A maior robustez do carro permite tirar outro partido da caixa de velocidades, direção e travões. Igualmente eficaz, o set up escolhido pela equipa», sublinhou o piloto, satisfeito com o «bom entendimento» com o novo navegador.

Tarefa ingrata teve Hugo Magalhães, que ao longo dos últimos 140 km cronometrados teve de recorrer a uma esfregona para minimizar os efeitos valsados por um limpa para-brisas que deixou de funcionar.

A recuperar, após controversa atribuição do lugar 19 na ordem de partida – «logo no prólogo apanhei três concorrentes, fiquei parado e perdi um minuto» — Hélder Oliveira colocou o Mini Paceman no 3.º lugar. «Parti para o SS1 no lugar 17 e perdi muito tempo em ultrapassagens», lamentou-se o piloto de Barcelos, que contou com «um carro melhor» que na última Baja de Portalegre. «A frente é quase toda nova e as suspensões, com o novo curso regulamentar de 280 mm são mais eficazes», sublinhou Hélder Oliveira, que na parte final teve problemas com «o motor a falhar», contrariedade que não impediu a conquista do 3.º lugar.

Um toque, traduziu-se para Tiago Reis num braço de suspensão (frente direito), partida ao Km 47 do SS2. «Tivemos de vir devagar até ao final do setor», explicou o piloto de Famalicão, satisfeito, apesar de tudo, com o 4.º lugar, mas em especial com o comportamento do Mitsubishi Racing Lancer. No entanto, o derradeiro setor «não deu para recuperar o tempo perdido. Foi uma prova difícil, muito dura, mas estamos satisfeitos», referiu o piloto do Team Transfradelos, que fez dupla com o amarantino Valter Cardoso.

Lino Carapeta (Range Rover Évoque Proto), muito regular, terminou no 5.º lugar, seguido por Miguel Casaca. Outra boa estreia ao volante da Nissan Navara ex-Ricardo Leal dos Santos, premiada com o 6.º lugar, à frente do espanhol Luis Recuenco (Toyota Hilkux), que baixou três posições no último setor.

Rui Sousa domina T2

A categoria T2 não teve história: a histórica dupla Rui Sousa/Carlos Silva (Isuzu D-Max Proto) dominou por completo e foi 8.ª da geral. No lugar imediato terminaram os vencedores do agrupamento T8, Hugo Raposo/Joel Lutas (Nissan Navara). Os franceses Arnaud Lepilliez/Cédric Duplé fecharam o top 10 com o Mitjet Off Roadde duas rodas motrizes. Tiago Santos (land Rover Defender) impôs-se na Taça de Portugal.

Francisco Gil em estreia no Desafio Total Mazda

A dupla Francisco Gil/Filipe Rasteiro foi a mais resistente no Desafio Total Mazda, com o piloto de Portalegre a estrear-se a vencer nesta competição, marcada por verdadeira hecatombe no arranque da 11.ª época. «Foi, de facto muito duro, em especial o segundo dia, pois cumprimos quase todo o último setor sem direção assistida», explicou.

A travessia de uma ribeira custou a quase uma hora à dupla Jorge Cardoso/Joaquim Norte, que apesar de tudo conseguiu levar o Mazda Proto até Proença-a-Nova, terminando no 2. Lugar. «Pensei que não era possível chegar ao fim. Valeu-me o Joaquim Norte, que é um mecânico de grande nível e conseguiu resolver a crise para voltarmos a rolar», referiu o piloto. Pelo caminho ficaram Pedro Dias da Silva /José Janela (embraiagem), Bruno Rodrigues/Ricardo Claro (transmissão), Floriano Roxo/Nuno Roxo (transmissão) e Nuno Tordo/António Serrão (caixa de velocidades).

Classificações da prova em Escuderia Castelo Branco

Campeonato

1.º João Ramos, 29 pontos

2.º Pedro Ferreira, 20

3.º Hélder Oliveira, 17

4.º Tiago Reis, 14

5.º Lino Carapeta, 12

6.º Miguel Casaca, 10

Próxima prova: Baja de Loulé, dias 7 e 8 de abril