Uma das ausências mais sonantes da Fórmula 1 em 2019 será a de Fernando Alonso, com o piloto espanhol a decidir mudar o seu foco. Agora empenhado nas competições de resistência, integrando a equipa oficial da Toyota (Gazoo Racing) e tendo ganho também a recente edição das 24 Horas de Daytona –, o piloto de Oviedo concedeu uma entrevista ao site italiano Corriere della Sera, onde recordou alguns momentos chave da sua carreira, entre eles o da sua saída da McLaren no final de 2007. E diz que o regresso à F1 não está fora do seu horizonte.
Campeão do mundo de Fórmula 1 em 2005 e 2006, Alonso procurou ampliar o seu pecúlio nos anos seguintes, primeiro na McLaren (2007) e depois na Ferrari (2010-2014), com um regresso pelo meio à Renault enquanto esta estava já numa fase menos competitiva (2008 e 2009). Contudo, tanto na formação de Woking, como na de Maranello, nunca conseguiu repetir o título mundial, sendo que na sua passagem pela McLaren acabou por gerar uma interessante rivalidade com o então novato Lewis Hamilton.
Sobre um dos momentos ‘quentes’ da sua carreira, a luta interna com Hamilton na McLaren em 2007, Alonso reconhece que a sua saída da equipa foi “um erro”. Sobre a Ferrari, reconhece que não conseguiu oferecer à formação o tão desejado título de pilotos, mas também lembra que a equipa ainda não conseguiu mais nenhum título desde 2007.
Tendo visto algumas decisões internas irem no sentido de favorecer o britânico, Alonso acabou por sair no final do ano em conflito com Ron Dennis, então diretor desportivo da McLaren, com a sabedoria oferecida pelo tempo a ditar a Alonso que essa decisão foi a errada.
“Não olho para trás. Sinto-me um felizardo, conheço pilotos com muito talento que nunca ganharam na Fórmula 1, que nunca tiveram a oportunidade que mereciam, inclusivamente por problemas financeiros. Poderia ter sido melhor? Seguramente. Em algumas ocasiões, corri para equipas competitivas e cometi erros. Por exemplo, deixar a McLaren em 2007 foi um erro, ou pensar que a Honda poderia competir melhor”, refere o piloto ao jornal italiano, que também aborda a sua passagem pela Ferrari.
“Competi com a Ferrari e a Ferrari significa o máximo, mas fui-me embora de lá e desde então o nosso balanço foi idêntico, nem ganhámos quando estávamos juntos, nem o fizemos assim que nos separámos”, acrescentou Alonso, que em 2019 estará a acompanhar a Fórmula 1 do lado de fora. Com o mesmo afinco de sempre, garante, advogando ser uma questão de paixão pela modalidade.
“Vou seguir todos os grandes prémios, o amor verdadeiro permanece. Nas corridas de resistência veem-me como um piloto de fora, é uma questão de pertença”, diz, dando a sua opinião sobre a sua temporada e sobre dois dos principais pontos a seguir: o regresso de Robert Kubica com a Williams e o ingresso de Charles Leclerc na Ferrari.
“Vou seguir o Kubica. A sua história é extraordinária, há poucos meses não parecia ter qualquer oportunidade. Não tem nada a perder e vou segui-lo com interesse. Também o Leclerc na Ferrari. É jovem e inteligente, tem talento. Tenho curiosidade para ver se o ciclo Mercedes irá acabar. Sinto que o momento está perto”.
Por fim, ainda umas palavras sobre outros dos pilotos de quem já muito se fala e nem sequer está ainda na Fórmula 1: o jovem alemão Mick Schumacher, filho do heptacampeão. “Deve suportar o peso de um apelido e a história desse nome. Deve aprender a caminhar antes de correr. É difícil, eu sei”, diz, deixando também a porta entreaberta para um possível regresso à Fórmula 1.
Sempre disse que era um ‘até logo’ e não um adeus. Agora tenho novos desafios para enfrentar, com os instrumentos adequados para ganhar, enquanto na F1 não os tinha, não tinha as condições certas. Não tenho nada programado para 2020. A verdade é que ganhar um terceiro título de F1 seria a maior das alegrias”.