Chegou a ser contestado por pilotos e por adeptos da Fórmula 1, mas ao longo dos últimos anos diversos pilotos de diferentes categorias já agradeceram ao ‘halo’ pelo facto de terem evitado lesões graves ou até fatais durante as suas provas. Os acidentes mais recentes em Silverstone, durante o fim de semana do Grande Prémio de Fórmula 1 da Grã-Bretanha voltaram a demonstrar, mais uma vez, a sua utilidade na segurança.

Quando a Federação Internacional do Automóvel (FIA) se decidiu a introduzir um dispositivo de proteção da cabeça para os pilotos dos monolugares das competições por si sancionadas, muitos duvidaram da utilidade do ‘halo’, um reforço estrutural do cockpit que é colocado por diante e ao mesmo nível do capacete do piloto e que protege a sua cabeça de eventuais embates inesperados. Temporariamente demonizado por pilotos e adeptos por desvirtuarem o aspeto dos monolugares, o sistema ‘halo’ tornou-se já um hábito e, mais do que isso, provou ser de enorme mais-valia na proteção de diversos pilotos que já reconheceram a sua utilidade na prevenção de lesões graves.

Pilotos como Charles Leclerc ou Lewis Hamilton já demonstraram a competência do ‘halo’, mas o caso mais flagrante foi o de Romain Grosjean em 2020, quando o seu Haas se despistou a alta velocidade em Abu Dhabi num acidente pavoroso que redundou num incêndio imediato devido ao impacto, mas que poderia ter sido ainda pior na medida em que o monolugar atravessou os rails, algo que nos tempos anteriores à introdução do ‘halo’ poderia ter resultado em lesões cerebrais potencialmente fatais (como sucedeu, por exemplo, com Jules Bianchi alguns anos antes).

No fim de semana do GP da Grã-Bretanha, o ‘halo’ voltou a demonstrar-se fundamental para que a lista de feridos na Fórmula 1 (e não só) não tivesse aumentado. Antes do acidente de Guanyu Zhou, piloto da Alfa Romeo, na partida para a corrida no domingo, a prova ‘sprint’ de Fórmula 2 (categoria imediatamente abaixo da F1 e que disputa duas corridas por fim de semana nalguns dos eventos da temporada) ficou marcada logo por um aparatoso incidente que, sem o ‘halo’ teria certamente resultado em consequências físicas muito graves para um dos pilotos envolvidos.

Na fase inicial da prova, o piloto de reserva da Williams, Roy Nissany viu-se envolvido num incidente com Dennis Hauger, com este a ser forçado a sair de pista e a perder o controlo do seu monolugar, seguindo pela relva rumo à chicane, enquanto os outros pilotos iam passando. Catapultado por uma das ‘salsichas’ de cimento que são colocadas no interior das chicanes para evitar que os pilotos cortem em demasia a trajetória, o carro de Hauger acertou precisamente na zona do cockpit do monolugar de Nissany, com este a sofrer um forte embate lateral que, graças ao ‘halo’ não resultou na sua morte.

Já na corrida de Fórmula 1, a primeira partida ficou marcada pelo acidente violento de Zhou, com o piloto chinês a ver o seu Alfa Romeo capotar e, com a estrutura de proteção superior do piloto a ceder, fazer várias dezenas de metros com o seu capacete rente ao asfalto, sobrevoando ainda a zona de gravilha da escapatória antes de se imobilizar por detrás de uma barreira de pneus e ‘entalado’ entre essa e a rede de proteção das bancadas.

O facto de ter contado com o ‘halo’ protegeu Zhou em dois momentos: primeiro, quando percorre uma grande distância com o seu capacete rente ao asfalto e na gravilha e, depois, quando embate na rede, protegendo-o de novo contacto com qualquer um dos elementos de proteção exteriores da pista.

Após uma extração demorada, sobretudo pelo posicionamento complicado do monolugar, o chinês foi levado ao hospital para verificações físicas adicionais, mas foi considerado apto já para o próximo evento da Fórmula 1, algo que há tão pouco como há seis anos poderia ser impossível dadas as consequências físicas expectáveis para o piloto.

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