Nasser Al-Attiyah (Toyota) e Daniel Sanders (GasGas) voltaram a triunfar nesta edição do Dakar 2022 na Arábia Saudita nos Autos e nas Motos, respetivamente, repetindo aquilo que já haviam feito no Prólogo. O segundo dia de prova mostrou-se difícil para muitos participantes, tendo já retirado da equação – praticamente – dois dos carros da Audi, incluindo o do favorito Stéphane Peterhansel. Dia complicado também para alguns dos motards portugueses, que perderam bastante tempo ao longo da classificativa.

Nos Autos, Nasser Al-Attiyah (navegado por Matthieu Baumel) dominou a oposição por completo, apesar de partir do décimo lugar, tendo ultrapassado os outros nove carros que partiram à sua frente para assim alcançar já uma vantagem de 12m44s na classificação geral sobre Sébastien Loeb (BRX Hunter), que decidiu seguir com relativa proximidade o piloto do Catar depois de ser ultrapassado, beneficiando assim também o seu ritmo.

Porém, logo no segundo dia, os problemas foram já bastante grandes para a estreante equipa Audi, que já tem dois dos seus carros praticamente arredados da luta pelo triunfo. Peterhansel partiu do 14o lugar e beneficiou na fase inicial dos trilhos já marcados pelos outros carros para subir alguns lugares ao longo da especial. Porém, o seu esforço chegou ao fim no quilómetro 153 quando um deslize levou a danos consideráveis no seu RS Q e-tron, atrasando-se irremediavelmente na classificação – tem agora um atraso de cerca de 23h30m para Al-Attiyah.

O outro veterano da Audi, Carlos Sainz, também não tem grandes motivos para sorrir, uma vez que se atrasou substancialmente e caiu para o 48o lugar da classificação geral, a mais de duas horas do líder.

Martin Prokop (Ford Ranger) ocupa a terceira posição da geral, a 22m39s do Toyota da liderança, enquanto outro carro da marca nipónica, pilotado por Lucio Alvárez, está na quarta posição da geral.

Quanto à dupla Miguel Barbosa/Pedro Velosa, a etapa voltou a ser dura, mas serviu para a dupla lusa subir mais algumas posições na classificação geral. Partindo atrás de centenas de outros veículos, o piloto encontrou as ‘pistas’ totalmente destruídas e zonas em que era impossível ultrapassar. Está agora na 49a posição, precisamente atrás de Sainz, com mais 2h22m do que Al-Attiyah.

“O melhor desta etapa foi que a concluímos, não tivemos problemas e não nos enterramos nenhuma vez. Tirando isso encontrámos uma pista totalmente destruída. Nas zonas mais complicadas os concorrentes que se aglomeravam impediam-nos de tentar qualquer tipo de ultrapassagem e não nos restava outra solução senão esperar que eles conseguissem sair dali. Infelizmente no passado dia 31 perdemos o nosso estatuto de prioritário FIA que nos teria permitido partir de uma posição mais condizente com o nosso andamento. Agora vamos ter de ir tentando melhorar etapa após etapa a nossa posição até conseguirmos entrar efetivamente na corrida”, explica o piloto que está nesta prova aos comandos de uma Toyota Hilux T1 (com apoio da estrutura Overdrive).

Nas Motos, Daniel Sanders voltou a demonstrar que está bastante forte neste arranque de prova, com mais um triunfo, batendo Pablo Quintanilla (Honda) por 3m07s, enquanto Matthias Walkner (KTM) ficou com a terceira posição da tirada, mas já a 11m06s. Outros dos favoritos encontraram problemas e perderam tempo que pode ser decisivo: Kevin Benavides perdeu 36 minutos, Joan Barreda perdeu 41 minutos e Toby Price um total de 47 minutos.

António Maio (Yamaha) foi o 15o classificado da especial, gastando mais 36m50s, numa prestação que lhe valeu a passagem do 30o para o 15o lugar da geral.

“A etapa de hoje foi só areia. Só fora de pista. Não era um percurso ao meu jeito. Muita bossa de camelo, nada de dunas grandes. Aquela areia mole, chata, com aquelas ervinhas”, relatou Maio, que teve ainda de se preocupar com a ativação involuntária do seu airbag após um salto mais violento. “Ele acabou por esvaziar, mas tive de ir com mais cautela e fiquei um pouco desorientado. Ainda antes da neutralização onde pude trocar o airbag perdi muito tempo numa trialeira com pedras e areia. Foi complicado a moto enterrava-se e eu já não sabia o que fazer. Ter perna curta é o que dá. Na parte final já consegui meter um ritmo em que me sentia confortável, já estava também mais habituado ao tipo de terreno. A navegação correu bem, foi tranquila, não tive grandes stresses, mas a corrida está mais exigente este ano relativamente aos anteriores o que pode ser bom para mim. A mota esta impecável e o Bruno continua a tratar bem dela e agora vou preparar as coisas para a etapa maratona de amanhã”, finalizou o motard.

Em sentido inverso, Joaquim Rodrigues (Hero) gastou quase mais uma hora do que Sanders e foi o 30o na etapa (posição que ocupa também na geral). Alexandre Azinhais foi 66o na etapa, ficando pouco à frente de Rui Gonçalves, que teve um dia marcado por um problema técnico na sua Sherco.

Depois de ter perdido mais de uma hora a tentar resolver este problema, Gonçalves retomou a prova terminando a etapa na 70ª posição a mais de duas horas dos líderes. Pedro Bianchi Prata foi 81o, ao passo que Arcélio Couto foi o 91o. O moçambicano Paulo Oliveira, que compete na formação de Mário Patrão, foi o 90o, com este a ser o 97o num dia também complicado para o experiente motard. Essas são também as posições que ocupam na classificação geral.

Luís Portela Morais

Nos SSV, a dupla Luís Portela Morais e David Megre, num Can-Am, obteve o nono tempo absoluto, com Portela Morais a explicar que “o nosso objetivo continua a ser o de lutar por chegar ao fim e é nesse sentido que é orientada a condução da nossa corrida”. O piloto relata apenas “um pequeno contratempo mecânico, mas que só descobrimos à chegada. Uma falha no turbo que pelos vistos já estava assim há vários dias, mas que eu pensava ser própria do carro. Agora vai ser corrigido, mas não nos afetou de forma significativa”. Aron Domzala (Can-Am) lidera, à frente do companheiro de equipa Austin Jones.

A dupla Rui Oliveira e Fausto Mota (CRN Competition Team) estão na 20a posição da geral, depois de terem registado igual posição na tirada.

Amanhã deveria ser realizada a primeira parte de uma etapa maratona. Devido ao mau tempo e às chuvas que deixaram o local previsto para receber a caravana desta 44ª edição do Rali Dakar sem condições, o bivouac foi alterado de Al Artawiyah para Al Qaisumah e a etapa passou a incluir a normal assistência. Os concorrentes vão ter pela frente o percurso cronometrado de 339 quilómetros que estava previsto para esta segunda etapa.