Nasser Al-Attiyah esteve implacável, uma vez mais, no Dakar 2023, disputado na Arábia Saudita, e conquistou a sua quinta vitória na prova de todo-o-terreno mais dura do mundo. Ao volante de uma Toyota Hilux praticamente indestrutível, deu também à marca japonesa o seu segundo triunfo consecutivo. Os Audi acabaram por não concretizar as promessas efetuadas, sofrendo de bastantes problemas técnicos e situacionais que condenaram as suas ambições. Já nas Motos, o triunfo coube a Kevin Benavides (KTM).

Com o navegador Mathieu Baumel ao seu lado na Hilux, o piloto do Catar chegou ao comando da prova na terceira etapa e não mais largou essa posição, vendo os seus principais rivais ‘caírem’ um a um devido a diferentes tipos de problemas. O seu maior adversário acabou por ser o francês Sébastien Loeb (Bahrain Raid Extreme), atrasado severamente logo na segunda etapa após uma quantidade enorme de furos nos pneus do seu carro terem levado à perda de mais de uma hora.

Enquanto os Audi RS Q e-tron também enfrentavam os seus próprios problemas nas etapas seguintes (culminando com um grande percalço numa duna na sexta etapa que os afastou de qualquer objetivo competitivo cimeiro), Al-Attiyah manteve uma consistência impressionante e foi sempre um dos mais rápidos nas etapas, controlando o seu andamento e o desgaste da Hilux para assim chegar ao fim com 1h20m de vantagem sobre Loeb, na maior diferença entre o duo da frente dos últimos 20 anos.

O francês deixou no ar a impressão de que poderia ter discutido o triunfo com Al-Attiyah se não fossem os azares dos primeiros dias, já que conseguiu uma proeza inédita: sete triunfos em etapas, seis das quais consecutivas, na fase final da competição, batendo o anterior registo, que era de cinco, protagonizado por Ari Vatanen, em 1989. O brasileiro Lucas Moraes, da Overdrive Racing, terminou na terceira posição, a 1h38m, obtendo assim o seu melhor resultado de sempre na prova de resistência.

Mais duas Hilux ficaram nos quarto e quinto lugares, com Giniel de Villiers a falhar o pódio, mas a mostrar grande consistência, sendo seguido pelo companheiro de equipa, Henk Lategan.

Quanto aos Audi, apenas Mattias Ekström chegou ao final da prova, na 14ª posição, bem longe dos lugares de destaque, ao passo que os veteraníssimos Stéphane Peterhansel e Carlos Sainz não terminaram, abandonando à sétima e décima etapas, respetivamente.

Motos: Benavides em luta até ao fim

Nas duas rodas, assistiu-se ao oposto do que sucedeu nos Automóveis, tendo sido preciso esperar até ao último dia para se descobrir o vencedor. Pela primeira vez na categoria, Kevin Benavides (Red Bull KTM) agarrou o comando na derradeira etapa, destronando Toby Price (também da Red Bull KTM) por apenas 43 segundos, a margem mais curta de sempre entre os dois primeiros num Dakar.

Os dois estiveram sempre em grande proximidade ao longo de toda a prova e no arranque para o último dia, Price liderava por 12 segundos, acabando os dois pilotos por terem de adotar um ritmo de sprint de forma a tentarem ficar com o triunfo. Arriscou mais Benavides no momento decisivo.

Destaque ainda para o terceiro lugar de Skyler Howes (Husqvarna), que também foi um dos animadores do Dakar nas duas rodas ao longo da primeira semana, chegando a liderar a competição, ficando a 5m04s do vencedor.

Quanto ao contingente luso, não houve particularmente grande sorte na prova de 2023. Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) saiu de cena logo na quarta etapa devido a uma queda, seguindo-se António Maio (Yamaha) na quinta etapa e Rui Gonçalves (Sherco) na sexta etapa, ambos por problemas mecânicos nas suas motos.

A grande exceção foi Mário Patrão (KTM), que venceu entre os veteranos e obteve um terceiro lugar na categoria Original by Motul, que se caracteriza pela ausência de assistência técnica. Na classificação geral, foi o 34º melhor. O luso-alemão Sebastian Buhler (Hero) terminou na 20ª posição.

Nos veículos ligeiros (SSV), o triunfo coube ao piloto mais jovem de sempre a participar num Dakar, neste caso ao polaco Eryk Goczal, de 18 anos de idade. Pertencendo a uma família de pilotos conhecidos – o seu pai, Marek, ficou no terceiro lugar da categoria –, o jovem Goczal fez logo história ao vencer a segunda etapa, mas a sua consistência pagou dividendos e muito mais quando, na última etapa, o líder Rokas Baciuska, sofreu um problema na suspensão e viu a sua vantagem de três minutos esfumar-se, embora segurando a segunda posição do pódio.

Desta feita no papel de navegador do brasileiro Bruno Conti de Oliveira (BRP Can-Am), Pedro Bianchi Prata chegou ao fim com o sexto lugar da categoria SSV, ao passo que Fausto Mota (com licença de Espanha) participou como navegador do brasileiro Cristiano Batista (BRP Can-Am), terminando em 32º lugar. Por fim, Paulo Oliveira (com licença de Moçambique), com Miguel Alberty a seu lado, terminou em 37º lugar.

Na classe T3, o triunfo coube ao americano Austin Jones, com mais de 50 minutos de avanço sobre Seth Quintero. Ricardo Porém (acompanhado pelo argentino Augusto Sanz num Yamaha) foi o melhor dos pilotos portugueses, terminando em 12º lugar, enquanto Hélder Rodrigues (acompanhado por Gonçalo Reis num BRP Can-AM) fez a sua estreia nos automóveis com um 27º lugar final. João Ferreira e Filipe Palmeiro (Yamaha) terminaram a prova no 37º lugar.

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