Desde 1970 que um mexicano não ganhava na Fórmula 1, então por Pedro Rodriguez, mas Sérgio Perez teve hoje a sorte e o talento do seu lado. No final da primeira volta, Perez era o último, depois de se ter envolvido num incidente logo na quarta curva da corrida com Charles Leclerc (Ferrari), obrigando ao abandono deste e colhendo no processo o Red Bull de Max Verstappen, quando estes discutiam a terceira posição. Bafejado pela sorte por não ter sofrido danos de maior no seu monolugar, Perez efetuou uma ótima recuperação, aproveitando da melhor forma os erros na boxe da Mercedes-AMG durante um período de safety car já no último terço da prova devido a um despiste do Williams de Jack Aitken (que substituiu Russell).
Aproveitando a entrada em pista do safety car, a Mercedes-AMG decidiu parar os seus dois pilotos em simultâneo, Russell e Valtteri Bottas, que eram os dois primeiros por larga margem. Aliás, atendendo ao domínio da dupla na primeira metade das 87 voltas de prova, só por manifesto ‘golpe de teatro’ a corrida fugiria das mãos da equipa alemã. Contudo, esse azar aconteceu mesmo, quando os mecânicos nas boxes trocaram os jogos de pneus dos dois pilotos, fazendo com que Russell entrasse em pista com um conjunto misto – logo errado. Enquanto isso, Bottas perdeu imenso tempo, caindo para o quinto lugar. Mas, Russell ainda teria de parar novamente para que o erro nos pneus fosse corrigido ainda na fase de safety car, o que o fez cair para o quinto lugar, logo atrás de Bottas.
Com a saída de cena do safety car, Russell depressa começou a ganhar posições, superando Bottas de forma arrojada na parte mista do circuito e, nas voltas seguintes o Racing Point de Lance Stroll e o Renault de Esteban Ocon. Na liderança estava Sergio Perez, que foi o principal beneficiado com toda a situação, mas com pouco mais de dez voltas, Russell estava a pouco mais de dois segundos e com ritmo para roubar a liderança ao mexicano.
Contudo, a oito voltas de se completarem as 87 voltas previstas, a equipa ordenou que George Russell voltasse a parar, devido a um furo lento no pneu traseiro direito. Com isso caiu para o último lugar, recuperando depois até ao nono lugar, graças a uma pilotagem de ‘raiva’ e aos seus pneus macios.
Perez na ‘hora certa’Na frente, Perez garantia assim a vantagem para garantir o seu primeiro triunfo da carreira, o que chega a apenas uma corrida de, potencialmente, sair da Fórmula 1, uma vez que está já fora da Racing Point para 2021 (que passará a ser Aston Martin) e não tem um contrato válido. Uma situação, no mínimo curiosa, para um piloto que acaba por oferecer à Racing Point o seu único triunfo.
Esteban Ocon ficou com o segundo posto, num ótimo resultado para a Renault, que teve Daniel Ricciardo em quinto, ao passo que Lance Stroll completou a noite de ‘sonho’ da Racing Point ao ficar com o terceiro lugar – foi a primeira vez também que a equipa conseguiu colocar os seus dois pilotos no pódio.
Carlos Sainz (McLaren) ficou com o quarto lugar na corrida, depois de ter feito uma ótima prova, mas também ele tem de se queixar da estratégia, assim como Ricciardo, pois eram terceiro e quarto quando pararam nas boxes para trocar de pneus num momento em que um safety car virtual (período em que os pilotos têm de baixar a velocidade e o seu ritmo devido à presença de um obstáculo ou remoção de detritos no asfalto) acabara de terminar.
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Russell, nono, conseguiu ainda a melhor volta da corrida, superando em poucas voltas uma série de pilotos para alcançar o seu primeiro lugar pontuável na F1, com Lando Norris (McLaren) a ser o último a pontuar, com o décimo lugar.
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