Morreu o tricampeão de Fórmula 1 Niki Lauda

21/05/2019

Fintou a morte em 1976, após um dos mais graves acidentes da história da Fórmula 1, mas desta vez não evitou a sua ‘chamada’: Niki Lauda morreu na noite de segunda-feira, vítima de complicações de saúde não especificadas. Tricampeão da modalidade, deixa um legado inabalável.

Vítima de um grave acidente em 1976, na sequência de um despiste violento no GP da Alemanha de 1976, disputado em Nürburgring Nordschleife, Lauda chegou a ser pronunciado morto com um padre a ler-lhe a extrema-unção que apenas a sua tenacidade contrariou. No entanto, as queimaduras resultantes do incêndio no seu Ferrari, que embateu violentamente nos rails do circuito alemão e prontamente se incendiou, e o fumo inalado acabaram por marcá-lo para o resto da sua vida.

Ao longo dos últimos anos, o seu estado de saúde havia-se deteriorado severamente, tendo necessitado mesmo de um transplante pulmonar em agosto do ano passado, o que obrigou a hospitalização prolongada.

Depois, padeceu ainda de uma infeção respiratória no início deste ano e, nos últimos dias ter-se-á agravado a sua condição, com meios de comunicação austríacos a indicarem que teria tido a necessidade de diálise.

A notícia da sua morte, aos 70 anos de idade, foi avançada esta noite pela sua família, que dá conta de uma “morte serena” junto da mesma na segunda-feira.

Em nota enviada aos media austríacos, a sua família destaca ainda os seus “feitos únicos enquanto atleta e empresário [que] foram e irão continuar a ser inesquecíveis, a sua procura incansável por ação, a sua frontalidade e a sua coragem permanecem. Um modelo e uma referência para todos nós, ele era um marido carinhoso e atencioso, pai e avô longe do público e a sua falta será sentida”.

Polémico mas genial

Na pista, Niki Lauda ganhou a alcunha de computador pela sua capacidade de análise das situações, gerindo com eficácia o material à sua disposição. Foi também dessa forma que angariou o dinheiro para se iniciar na Fórmula 1, no início da década de 1970, quando a sua abastada família não via com bons olhos a sua participação no automobilismo. Tudo mudou em outubro de 1974, quando o lendário Enzo Ferrari o contrata para a equipa italiana, onde traçou uma época de ouro coroada com dois títulos mundiais, em 1975 e 1977.

Em 1976, o tal acidente que quase lhe roubou a vida (salvo do seu carro em chamas pelos colegas Harald Ertl, Guy Edwards, Brett Lunger e Arturo Merzario) não lhe roubou a determinação e apenas quatro semanas depois de darem-no como caso perdido estava de novo aos comandos do Ferrari, ainda com imensas mazelas no seu corpo. Viria a terminar em quarto a sua corrida de retorno e manteve-se assim na luta pelo título com o ‘bon vivant’ James Hunt (McLaren), com quem firmou uma saudável rivalidade. Viria a desistir na corrida decisiva, em Fuji, sob chuva torrencial, admitindo que não era seguro para competir. Essa atitude e outras de constante confrontação com Enzo Ferrari solidificaram um respeito mútuo, mesmo que terminado de forma abrupta após a conquista do segundo título, transferindo-se para a Brabham em 1978.

No entanto, desencantado, abandona a modalidade e cria a Lauda Air, com a qual viria a sofrer aquele dizia ser o seu maior desgosto na vida quando um dos seus aviões caiu.

Viria a regressar à Fórmula 1 com a McLaren em 1982, conquistando um terceiro título em 1984, quando levou a melhor sobre o seu colega de equipa, Alain Prost, com a ronda final do campeonato no Estoril a ditar uma diferença de apenas meio ponto na tabela. ‘Arrumou’ então o capacete mas não a modalidade, já que foi assumindo cargos na Ferrari, Jaguar e, no tempo presente, na Mercedes-AMG.

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