Vítima de um grave acidente em 1976, na sequência de um despiste violento no GP da Alemanha de 1976, disputado em Nürburgring Nordschleife, Lauda chegou a ser pronunciado morto com um padre a ler-lhe a extrema-unção que apenas a sua tenacidade contrariou. No entanto, as queimaduras resultantes do incêndio no seu Ferrari, que embateu violentamente nos rails do circuito alemão e prontamente se incendiou, e o fumo inalado acabaram por marcá-lo para o resto da sua vida.
Ao longo dos últimos anos, o seu estado de saúde havia-se deteriorado severamente, tendo necessitado mesmo de um transplante pulmonar em agosto do ano passado, o que obrigou a hospitalização prolongada.
Depois, padeceu ainda de uma infeção respiratória no início deste ano e, nos últimos dias ter-se-á agravado a sua condição, com meios de comunicação austríacos a indicarem que teria tido a necessidade de diálise.
A notícia da sua morte, aos 70 anos de idade, foi avançada esta noite pela sua família, que dá conta de uma “morte serena” junto da mesma na segunda-feira.
Em nota enviada aos media austríacos, a sua família destaca ainda os seus “feitos únicos enquanto atleta e empresário [que] foram e irão continuar a ser inesquecíveis, a sua procura incansável por ação, a sua frontalidade e a sua coragem permanecem. Um modelo e uma referência para todos nós, ele era um marido carinhoso e atencioso, pai e avô longe do público e a sua falta será sentida”.Polémico mas genial
Na pista, Niki Lauda ganhou a alcunha de computador pela sua capacidade de análise das situações, gerindo com eficácia o material à sua disposição. Foi também dessa forma que angariou o dinheiro para se iniciar na Fórmula 1, no início da década de 1970, quando a sua abastada família não via com bons olhos a sua participação no automobilismo. Tudo mudou em outubro de 1974, quando o lendário Enzo Ferrari o contrata para a equipa italiana, onde traçou uma época de ouro coroada com dois títulos mundiais, em 1975 e 1977.
Em 1976, o tal acidente que quase lhe roubou a vida (salvo do seu carro em chamas pelos colegas Harald Ertl, Guy Edwards, Brett Lunger e Arturo Merzario) não lhe roubou a determinação e apenas quatro semanas depois de darem-no como caso perdido estava de novo aos comandos do Ferrari, ainda com imensas mazelas no seu corpo. Viria a terminar em quarto a sua corrida de retorno e manteve-se assim na luta pelo título com o ‘bon vivant’ James Hunt (McLaren), com quem firmou uma saudável rivalidade. Viria a desistir na corrida decisiva, em Fuji, sob chuva torrencial, admitindo que não era seguro para competir. Essa atitude e outras de constante confrontação com Enzo Ferrari solidificaram um respeito mútuo, mesmo que terminado de forma abrupta após a conquista do segundo título, transferindo-se para a Brabham em 1978.
No entanto, desencantado, abandona a modalidade e cria a Lauda Air, com a qual viria a sofrer aquele dizia ser o seu maior desgosto na vida quando um dos seus aviões caiu.
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