Nas duas primeiras corridas da temporada de 2021, a renovação do pelotão trouxe algumas mudanças de ordem face ao ano passado, não obstante o ‘congelamento’ de grande parte dos componentes dos monolugares para este ano. A Alpine chega à terceira prova da temporada apenas com três pontos, dois pelas mãos de Esteban Ocon e um para o piloto de Oviedo. Ainda assim, isso não desmotiva Alonso, que se mantém entusiasmado, mas também ciente do desafio que tem pela frente enquanto olha já para a temporada de 2021.
“Estou muito entusiasmado por voltar ao desporto. Decidi regressar após muita ponderação e depois de garantir que estava pronto para este desafio. Obviamente que um olho está sempre na mudança de regulamentos de 2022, na qual todas as equipas têm grandes esperanças de serem mais competitivas. Mas ao mesmo tempo, em 2021, está a ser muito bom estar de novo na grelha e com as sensações do que é a Fórmula 1. Adicionalmente, descobrimos novos circuitos: na semana passada foi Imola, este fim de semana é Portimão, brevemente será Istambul e no final do ano a Arábia Saudita. Com toda a aprendizagem que 2021 me está a oferecer em preparação para o próximo ano, estou muito feliz”, começa por apontar Alonso numa conferência digital com os jornalistas portugueses.
Apesar de tudo, as dificuldades do início da época não são totalmente inesperadas e traduzem uma maior aproximação entre praticamente todo o pelotão. “Estava mais ou menos à espera do que encontrámos nas duas primeiras corridas, com o pelotão muito renhido. Dois ou três décimos podem mudar bastante, podendo passar de um sétimo ou oitavo lugar para um 13o ou 14o lugar. É esse o leque dos dois ou três décimos de segundo. Não conseguimos ainda estar como queremos e não temos aquela margem que tínhamos no ano passado em que podíamos estar na parte cimeira desse pelotão intermédio. Estamos no limite: se tudo correr bem, podemos estar na Q3, como aconteceu comigo no Bahrein e com o Esteban em Imola. Se não formos perfeitos, não há margem e não estamos no top 10 como vimos em Imola”, adianta, reconhecendo que a situação “é desafiante, não temos margem para fazer coisas erradas e temos de fazer tudo perfeito e é isso que vamos tentar fazer este fim de semana”.
Neste registo, o circuito de Portimão, sendo bastante técnico e verdadeiramente único no campeonato, poderia representar uma desvantagem para Alonso, atendendo ao facto de não ter competido ali em outubro passado mas o espanhol garante que essa circunstância não será dramática para a sua performance até porque já ensaiaram no simulador e o espanhol esteve no AIA com a Toyota no Mundial de Resistência (WEC).
“É uma ligeira desvantagem, porque eles correram aqui há seis meses. Mas, não deve ser um problema se tudo correr bem nos treinos, há tempo suficiente para aprender a pista e conhecer os limites. Só temos de ter uns treinos livres ‘limpos’ de problemas e isso deve ser suficiente para um bom tempo por volta. Nunca é fácil, mas é tempo suficiente para nos prepararmos. Fizemos ainda muita preparação no simulador para nos habituarmos à velocidade destes carros e à abordagem às curvas”, afiança aquele que é um dos pilotos mais versáteis atualmente a competir na modalidade, tendo passado pela F1, Indycar, velocidade de resistência e todo-o-terreno com direito a participação no Dakar. Sobre Portimão, lembrando que é uma “das pistas considerada pelos pilotos como uma das melhores do campeonato”, deixa rasgados elogios.“Penso que a pista é bastante singular, não há muitas partes de Portimão que sejam similares a muitos outros circuitos no mundo. Encontramos disso em sítios diferentes, por exemplo, talvez as curvas 3 e 4 de Barcelona se assemelhem à curva 10 de São Paulo, ou assim. Mas em Portimão não há isso. Cada curva de Portimão é única no campeonato e isso é muito interessante”.
Reforçando que a equipa “fez muita preparação para esta pista”, Alonso dá ainda uma explicação para a reação do monolugar na corrida do ano passado, que se revelou difícil para a então Renault, e aponta para uma potencial melhoria.
“No ano passado, o carro não teve um desempenho particularmente bom, foi uma das corridas mais difíceis para a equipa, mas algumas dessas dificuldades deveram-se à baixa aderência provocada pelo novo asfalto. Este ano, penso que o asfalto será muito diferente e estamos confiantes de que não teremos essas dificuldades, pelo que teremos superado as diferenças face ao ano passado. Pensamos que pode ser um bom circuito para a Alpine, é o que queremos pensar agora e estou otimista”, admitiu.
Corridas sprint são boa ideia para Alonso
“Gosto da ideia de mudar qualquer coisa para fazer os fins de semana mais interessantes, penso que é bom. Estamos numa temporada perfeita para experimentá-lo. Esta temporada de 2021 acaba por ser de transição após a pandemia, com os carros mais ou menos iguais aos do ano passado e a espera pela mudança de regulamentos de 2022. Se queríamos experimentar algo novo, este era o ano para fazê-lo. Creio que tem os ingredientes certos para ser um sucesso. Na sexta-feira há uma qualificação em que pode começar a sentir as emoções e a adrenalina do fim de semana, também para o espectador em casa. Depois, no sábado e no domingo, há duas vezes os arranques, duas vezes os safety cars, duas vezes a ação em pista. Basicamente, temos mais ação. Não estamos apenas à espera das 14h de domingo para ver os carros partirem. Teremos isso a dobrar. Por isso, porque não?”.
Ainda sobre a atual condição da modalidade e à combinação que existe atualmente entre pilotos muito jovens e outros mais experientes e com diversos títulos, Alonso afirma que é um bom sinal para o desporto.
“Creio que é uma boa mistura. Encontramos sempre no desporto novas gerações que chegam mais fortes e mais preparados para lutar na frente. Depois temos gente com mais experiência, que graças ao tempo que estiveram no desporto atingiram algum sucesso. Essa competição e abordagem diferente é sempre uma coisa boa para o desporto e estamos a viver um bom momento para a Fórmula 1. Há muitos jovens talentosos, temos obviamente o Verstappen, que é o mais preparado e conhecido para competir pelo campeonato, mas temos também o [Charles] Leclerc, o [Lando] Norris e muitos outros que, mesmo que sejam jovens, têm já a experiência e o talento comprovado para serem campeões no futuro. É um momento muito interessante para a Fórmula 1”.
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