A notícia caiu que nem uma ‘bomba’ no paddock de Fórmula 1. A Ford e a Red Bull Racing anunciaram uma parceria técnica para o fornecimento de motores híbridos a partir de 2026, altura em que entram em vigor os novos regulamentos da modalidade, com um incremento da vertente elétrica.

A Red Bull Powertrains, departamento criado pela Red Bull Racing para o desenvolvimento dos motores Honda após a saída daquela companhia no final de 2021, assegurou a parceria da Ford para o fornecimento de novos motores híbridos a partir de 2026, naquele que será o regresso à alta-roda do automobilismo por parte da Ford.

A Red Bull chegou a ter um acordo estratégico alinhavado com a Porsche para o mesmo papel, mas não se terá chegado a um entendimento definitivo, caindo assim por terra a hipótese de a Porsche entrar na modalidade em 2026.

O icónico construtor automóvel americano e a Red Bull Powertrains estão a iniciar uma parceria estratégica técnica de longo prazo para o desenvolvimento de uma unidade mecânica híbrida de próxima geração para utilização a partir da temporada de 2026 da Fórmula 1.

A Red Bull Ford Powertrains irá fornecer as unidades de potência a ambas as equipas Red Bull Racing e Scuderia AlphaTauri a partir de 2026 e pelo menos até 2030.

“Trata-se do início de um novo e excitante novo capítulo na história das competições da Ford, um processo iniciado quando o meu bisavô venceu uma corrida que ajudou a lançar a nossa companhia”, afirmou Bill Ford, Presidente da Ford Motor Company. “A Ford, em parceria com a Campeã do Mundo Oracle Red Bull Racing, está de regresso ao pináculo do desporto, trazendo a longa tradição da Ford nos domínios da inovação, sustentabilidade e eletrificação a um dos palcos com maior visibilidade do mundo.”

Com início já em 2023, a Ford e a Red Bull Powertrains irão trabalhar no desenvolvimento da unidade de potência que irá cumprir com os novos regulamentos técnicos, incluindo um motor elétrico de 350 kW e um novo motor de combustão, capaz de operar em pleno com os novos combustíveis sustentáveis, ficando apto para a temporada de 2026.

“O regresso da Ford à Fórmula 1 com a Red Bull Racing tem tudo a ver com onde queremos chegar como companhia: cada vez mais elétrica, definida pelo software, com veículos e experiências modernas”, referiu Jim Farley, Presidente e CEO da Ford Motor Company. “A F1 será uma plataforma incrivelmente eficiente em termos de custos de inovação, partilha de ideias e de tecnologias, bem como para a interação com dezenas de milhões de novos clientes”.

As razões de um regresso

Após anos em que a Fórmula 1 foi apenas ‘alimentada’ por três construtores – Ferrari, Renault e Mercedes-Benz -, a chegada da Honda em 2015 colocou quatro fabricantes na modalidade a título oficial, em paralelo com uma nova era de regulamentos técnicos que visaram a criação de motores V6 híbridos.

Mas, se a Honda decidiu a sua saída com o final da temporada de 2022, o facto de se assistir a um ‘boom’ de popularidade da modalidade e a aposta numa nova geração de monolugares e de motorizações ainda mais verdes, com um aumento da potência elétrica e introdução de combustíveis totalmente sustentáveis, fizeram com que outros fabricantes tenham demonstrado interesse em entrar na F1, como foi o caso da Audi, que concretizou os rumores de longa data, anunciando a parceria com a Sauber para 2026.

Agora, é a vez de a Ford fazer o mesmo, trabalhando em conjunto com a Red Bull Powertrains com vista ao seu ingresso em 2026.

A Ford irá fornecer especialização em todas as áreas em que possa acrescentar valor à formação Campeã do Mundo, líder na disciplina. Entre as áreas a explorar em conjunto encontram-se o desenvolvimento do motor de combustão e outros desenvolvimentos-chave, como células de baterias e tecnologia para motores elétricos, software de controlo de unidades de potência e analise de dados.

“É fantástico poder dar as boas-vindas à Ford neste regresso à Fórmula 1 através desta
parceria”, referiu Christian Horner, Diretor de Equipa e CEO do Oracle Red Bull Racing Team. “Como construtor independente de motores, poder ter a capacidade de beneficiar da experiência de um Fornecedor de Equipamentos Originais [OEM] como a Ford, coloca-nos num patamar de vantagem face aos nossos concorrentes. De Jim Clark a Ayrton Senna e a Michael Schumacher, a linhagem fala por si. Para nós Red Bull Powertrains, poder dar início a este próximo capítulo na nossa dinastia, sob a égide de Red Bull Ford, é tremendamente excitante. O ano de 2026 está ainda um pouco longe, mas para nós o trabalho já vai arrancar, numa altura em que olhamos para um novo futuro e uma evolução continuada da Oracle Red Bull Racing”, acrescentou.

Passado de sucesso

A Ford ingressou, pela primeira vez, na Fórmula 1 em 1967, com o seu lendário motor DFV que lhe valeu muitos triunfos na modalidade, granjeando mesmo o estatuto de melhor motor até ser ultrapassada em número de vitórias nas últimas décadas pela Ferrari (243) e Mercedes-Benz (212). Ainda assim, a Ford é a terceira marca em termos de triunfos por motor, com 176 vitórias, pouco à frente da Renault, que tem 169.

O último triunfo de um motor Ford registou-se no GP do Brasil de 2003, por intermédio de Giancarlo Fisichella, ao volante de um Jordan-Ford, numa prova marcada pelo final antecipado após o acidente de Mark Webber (Jaguar-Cosworth), naquela que é uma curiosidade interessante, já que a Jaguar fazia parte então da Ford Motor Company, tendo a sua estrutura e direitos de participação sido vendidos, em 2005… à Red Bull.

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