Carlos Sainz (Ferrari) venceu pela primeira vez no Mundial de Fórmula 1, batendo a concorrência numa prova que foi bastante emocionante até aos metros finais e que começou com um acidente aparatoso do chinês Guanyu Zhou (Alfa Romeo), que obrigou à interrupção da prova durante quase uma hora.

O GP da Grã-Bretanha deverá figurar, certamente, como uma das melhores corridas da temporada em termos de ação em pista, com Sainz a ser o autor dos maiores festejos no circuito de Silverstone, com Sergio Pérez (Red Bull) a ficar em segundo lugar e Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) no terceiro posto, ambos autores de uma emocionante batalha com Charles Leclerc (Ferrari), que terminou em quarto depois de ter estado com a vitória na mão. Max Verstappen (Red Bull), líder do campeonato de pilotos, não teve um dia para recordar, terminando na sétima posição devido a problemas com danos aerodinâmicos no seu monolugar.

Logo na partida (que viria a não ser a definitiva), Verstappen reagiu melhor do que Sainz e saltou para o comando, com o espanhol a ficar em segundo, Hamilton em terceiro e Leclerc em quarto, mas uma carambola mais atrás, envolvendo Alexander Albon (Williams), George Russell (Mercedes-AMG), Pierre Gasly (AlphaTauri), Lance Stroll (Aston Martin) e Guanyu Zhou levou a que o monolugar do chinês capotasse e percorresse largas dezenas de metros de rodas para o ar, atravessando toda a escapatória de gravilha da primeira curva e saltando a barreira de pneus até se imobilizar entre esta e a rede de proteção dos espectadores, ficando praticamente ‘entalado’.

A bandeira vermelha foi mostrada para interromper a corrida, socorrer Zhou e remover o monolugar acidentado, provando-se depois que o halo (dispositivo de segurança no cockpit dos carros) evitou problemas físicos de maior para Zhou. No plano desportivo, diversos pilotos ficaram imediatamente de fora, incluindo Russell, ao passo que os demais rumaram às boxes à espera de uma nova partida, que decorreu quase uma hora depois.

Nessa, Sainz manteve o comando da prova de forma agressiva, enquanto mais atrás, Pérez e Leclerc não evitaram um ligeiro toque com danos para os carros dos dois pilotos, ao nível das asas dianteiras. No entanto, a liderança de Sainz não viria a durar muito tempo, já que ainda antes das primeiras paragens nas boxes, um erro do espanhol levou-o a sair de pista no encadeado de curvas rápidas de Chapel, com Verstappen a assumir o comando, algo que seria de duração ainda mais curta, já que um furo lento primeiro e, depois, problemas com danos causados na aerodinâmica do seu Red Bull levaram o campeão do mundo a perder o ‘comboio’ da luta pelo triunfo. O neerlandês passou o resto da prova a lutar por posições secundárias com um carro que chegou a apelidar de “100% estragado”.

Sainz regressou ao comando e segurou Leclerc atrás de si perante a aproximação de Hamilton, com um ritmo de corrida muito forte. O espanhol foi o primeiro a parar para trocar de pneus (de médios para duros), deixando Leclerc no comando até que este também fez a sua paragem para montar pneus novos (de médios para duros) algumas voltas depois. Hamilton herdava o comando da prova, com uma vantagem a rondar os 19 segundos para Sainz, que não conseguia recuperar tempo, enquanto Leclerc demonstrava o ritmo necessário para consegui-lo, mesmo com a asa dianteira danificada no seu Ferrari. Eventualmente, a equipa pediu a Sainz que deixasse passar Leclerc e, após a paragem de Hamilton (trocando os pneus médios por duros), o monegasco ficou com o comando, à frente de Sainz, começando a abrir uma vantagem importante perante a proximidade de Hamilton, que se mantinha como um ameaça, sobretudo por contar com os pneus mais frescos, tendo sido o último a parar.

Max Verstappen (Red Bull) persegue Carlos Sainz (Ferrari) e tem Charles Leclerc (Ferrari) no seu encalço.
(Foto: Clive Mason/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Parecia, então, que a questão do triunfo estava arrumada, mas não a do segundo lugar, uma vez que Sainz e Hamilton preparavam-se para discutir o lugar intermédio do pódio.

O safety car que mudou tudo

Tudo viria a mudar de cenário quando o Alpine de Esteban Ocon parou com problemas mecânicos na antiga reta da meta já a menos de 15 voltas do final, obrigando o safety car a vir para a pista, com Sainz, Hamilton e uma série de outros carros a regressarem às boxes para montarem pneus macios para o ‘stint’ final, incluindo Pérez, Verstappen, Lando Norris (McLaren), Fernando Alonso (Alpine) e Mick Schumacher (Haas). Crucialmente, a Ferrari não chamou Leclerc, que se manteve no comando, mas com uma série de pilotos capazes de beneficiar dos pneus mais aderentes e ‘frescos’ na parte final.

Após o regresso do safety car às boxes, o monegasco foi ‘presa’ fácil para o seu colega de equipa (apesar de a equipa ter pedido a Sainz para tentar proteger Leclerc no reinício), tratando depois de tentar defender-se de todas as formas possíveis de Pérez e Hamilton, numa batalha a três que teve grandes momentos e na qual Pérez (que a certa altura na prova chegou a estar bem fora dos pontos) levou a melhor, terminando em segundo e culminando uma excelente recuperação, ao passo que Hamilton também logrou a ultrapassagem suada a Leclerc para ficar o terceiro lugar, muito festejado perante o seu público.

Leclerc terminou no quarto lugar, conseguindo defender-se nas duas últimas voltas de Fernando Alonso, que terminou em quinto, logo à frente de Norris e de Verstappen, que salvou alguns pontos importantes após uma defesa arrojada nas últimas voltas face aos ataques de Mick Schumacher. O jovem piloto alemão quebrou finalmente o ‘enguiço’ e obteve os seus primeiros pontos na modalidade, ficando agora Nicholas Latifi (Williams), como o único piloto titular sem pontos no campeonato.

O aniversariante Sebastian Vettel (Aston Martin) terminou em nono lugar, enquanto Kevin Magnussen (Haas) também regressou aos pontos com o décimo lugar.

No campeonato de pilotos, Verstappen mantém uma liderança confortável, embora tenha agora Pérez a 34 pontos, enquanto Leclerc apenas recuperou seis pontos, estando agora a 43 pontos.