Max Verstappen (Red Bull Honda) venceu o Grande Prémio do Brasil de Fórmula 1 com uma prestação impecável, numa corrida que teve muitas histórias pelo meio. Pierre Gasly foi o segundo e obteve o seu primeiro pódio na modalidade, oferecendo o melhor resultado à Toro Rosso desde o triunfo de Sebastian Vettel no GP de Itália em 2008, ao passo que os Ferrari destruíram a sua corrida ao colidirem já na parte final.

O circuito de Interlagos voltou a ser palco de uma prova espetacular, com Verstappen a triunfar depois de partir da pole position, mas com muitas incidências pelo meio. Na primeira fase da corrida, Verstappen manteve Lewis Hamilton (Mercedes) a uma distância segura, tendo o britânico saltado para a frente de Sebastian Vettel (Ferrari), percebendo-se rapidamente que a luta pelo triunfo seria entre Verstappen e Hamilton.

Na primeira paragem nas boxes para a troca de pneus, Hamilton conseguiu levar a melhor sobre o piloto da Red Bull (que ainda perdeu tempo devido ao ‘encontro’ com o Williams de Robert Kubica na via das boxes, algo que valeu uma penalização de cinco segundos ao polaco), mas a prova estava bem longe de estar decidida, já que pouco depois dessa paragem, Verstappen ultrapassou Hamilton pelo comando, abrindo depois uma vantagem na ordem dos três segundos.

O enredo complica-se: pilotos da Ferrari colidem

Com as segundas paragens nas boxes, Hamilton voltou a tentar ‘dar a volta’ à ordem geral, mas não conseguiu fazer mais do que ganhar poucos décimos após a paragem de ambos, já que a Red Bull foi rápida a reagir perante a tentativa da Mercedes. Mas, a batalha pela liderança estava agora lançada para as derradeiras 30 voltas. Até que, em momento decisivo, numa fase de safety car para remover o Mercedes de Valtteri Bottas da berma da pista depois de abandonar com motor partido (tendo passado cerca de cinco voltas a tentar passar o Ferrari de Charles Leclerc sem sucesso), a Mercedes ordenou a Hamilton que fizesse “exatamente o oposto de Verstappen”.

Ora, o holandês optou por parar, caindo para segundo, enquanto Hamilton permaneceu em pista. Com o pelotão junto, o reinício trouxe Verstappen de novo para o comando na travagem para a curva 1, enquanto logo atrás Sebastian Vettel, que era terceiro, viu-se ultrapassado pelo Red Bull de Alexander Albon, numa batalha que tinha ainda Charles Leclerc como protagonista.

Nas voltas seguintes, Verstappen foi-se ‘embora’ e poder-se-ia dizer que perdeu uma corrida emocionante atrás de si. Hamilton ficou sob ameaça (numa primeira fase) de Albon, enquanto este tinha os Ferrari no seu encalço, com Vettel a tentar superá-lo sem sucesso na travagem para a curva 1. Mas seriam os dois pilotos da Ferrari a causar a última situação de safety car, tocando os seus carros a alta velocidade na reta oposta, com danos terminais para ambos – Leclerc com a suspensão dianteira direita partida e Vettel com um furo no pneu traseiro esquerdo, lançando detritos de borracha na pista.

Em nova fase de safety car e com cinco voltas por completar, a Mercedes jogou uma cartada desesperada para vencer, trocando os pneus ao carro de Hamilton – que caiu para quarto, atrás também de Pierre Gasly (Toro Rosso), irrepreensível ao chegar a quarto. A duas voltas do final, com pista de novo ‘limpa’, Verstappen manteve o comando e Hamilton superou Gasly de forma fácil, lançando-se em perseguição a Albon. A meio da penúltima volta, uma trajetória mais larga do tailandês deu a possibilidade a Hamilton de colocar o nariz do seu Mercedes, resultando numa colisão e pião para o piloto da Red Bull. Hamilton também perdeu a posição para Gasly, que assim iniciou a derradeira volta na segunda posição.

Hamilton tentou ainda superar o Toro Rosso, com a corrida a terminar com ambos os carros numa luta de velocidade de ponta até à linha da meta, com a vantagem a recair para a unidade Honda do francês. Um resultado muito festejado atendendo a que não teve uma primeira temporada fácil ao lado de Verstappen na Red Bull, acabando por ser despromovido para a Toro Rosso. Aproveitando o azar de Albon no incidente com Hamilton, acabou por ser um ótimo resultado para a equipa de Faenza, no melhor resultado desde o triunfo de Vettel em 2008.

Hamilton terminou em terceiro, mas viria a ser penalizado após a prova por ter sido considerado culpado na colisão com Albon, caindo para o sétimo posto. Carlos Sainz acabou por ser o terceiro com a McLaren, naquele que é o regresso da formação aos lugares do pódio desde 2014, logo à frente da dupla da Alfa Romeo, com Kimi Raikkonen a ficar com o quarto posto, à frente de Antonio Giovinazzi, em quinto, na sua melhor classificação de sempre na F1.

Apesar de uma penalização de cinco segundos, Daniel Ricciardo levou o seu Renault ao sexto lugar, ao passo que os restantes lugares pontuáveis ficaram para Hamilton, Lando Norris (McLaren), Sergio Perez (Racing Point) e Daniil Kvyat (Toro Rosso).