Sergio Pérez (Red Bull) venceu o Grande Prémio do Mónaco, marcado pelo atraso na partida devido à chuva e por uma interrupção devido ao acidente de Mick Schumacher. Com uma estratégia desastrosa, a Ferrari desperdiçou a ‘primeira linha’ que tinha no arranque, com Carlos Sainz a terminar em segundo lugar e Charles Leclerc a ficar apenas em quarto, imediatamente atrás de Max Verstappen (Red Bull).

A corrida começou com sucessivos atrasos devido à chuva, que caiu com intensidade pouco antes e durante a hora programada da partida, pelas 15h00 locais (14h00 em Portugal), com a primeira tentativa para dar início à corrida, atrás do safety car, a ser igualmente abortada após duas voltas de formação à pista monegasca devido à deterioração das condições meteorológicas.

Com a chuva a parar, o arranque deu-se atrás do safety car, cerca de 40 minutos depois da hora prevista, com Leclerc à frente de Sainz, Pérez e Verstappen, mantendo-se a ordem inalterada até às paragens nas boxes, com o líder a dispor de pouco mais de cinco segundos de vantagem sobre o seu colega de equipa. Com a pista a secar rapidamente, impunham-se as paragens nas boxes.

Para a Ferrari, foi aqui que a corrida começou a correr mal: Pérez foi o primeiro a parar para trocar os pneus de chuva extrema para os intermédios, sendo seguido, duas voltas depois por Leclerc, para repetir a operação, mas o tempo a mais em pista fê-lo cair para trás do mexicano da Red Bull. Porém, Leclerc viria a ser chamado às boxes poucas voltas depois para montar pneus para piso seco, parando ao mesmo tempo que Sainz e, no processo, caindo para quarto, atrás de Verstappen.

A corrida seria interrompida pouco depois devido a forte despiste de Schumacher (Haas), que destruiu o seu monolugar na zona das Piscinas, sendo necessário reparar as barreiras de segurança, algo que foi feito rapidamente. Porém, consequência direta foi a redução do tempo de corrida, sendo esta última fase um ‘sprint’ de 30 minutos com reinício atrás do safety car, uma vez mais. Na paragem da corrida, os Red Bull montaram pneus de composto médio, enquanto os Ferrari mantiveram os duros, mais duradouros, mas já com dez voltas de ‘vida’.

Leclerc sem ‘papas na língua’

Tendo crescido nas ruas do Mónaco, Charles Leclerc acalentava o sonho de vencer em ‘casa’ em 2022, sobretudo partindo da pole position. Porém, a estratégia da Ferrari, com duas paragens nas boxes em apenas seis voltas, levou o monegasco a perder o comando e a cair para o quarto posto. A confusão da equipa italiana tornou-se evidente aquando da segunda paragem, na qual lhe foi dito para entrar nas boxes apenas para, já com o piloto a entrar nas mesmas, lhe ser pedido para não entrar uma vez que Carlos Sainz estava já parado a mudar de pneus. Pelo rádio, logo após a segunda paragem, Leclerc expressou a sua frustração: “F…, f…! Porquê? O que é que estão a fazer?”, perguntou o piloto, que no final da prova confessou não ter palavras. “Não tenho palavras, não tenho palavras. A temporada é longa mas não podemos fazer isto”.

Os últimos 30 minutos foram, depois, uma luta a quatro, com Pérez a segurar a sua liderança perante a proximidade de Sainz, Verstappen e Leclerc – este a ser muito crítico para com a sua equipa depois de ver as suas hipóteses de triunfar caírem por terra. Apesar de uma travagem queimada e de ter os seus pneus em pior estado, Pérez conseguiu segurar Sainz nas fases em que este esteve mais perto, aproveitando também as naturais dificuldades para ultrapassar no Mónaco, obtendo assim um valioso triunfo uma semana apenas depois de ter sido obrigado a ‘abrir a porta’ para ajudar Max Verstappen no GP de Espanha.

Sainz foi o segundo classificado, mas este resultado não salvou a tarde da Ferrari, sobretudo no caso de Leclerc, uma vez que a equipa italiana tinha o carro mais veloz e a possibilidade de registar um triunfo, mas as decisões estratégicas da Ferrari acabaram por beneficiar a Red Bull, Pérez e Verstappen, que ganhou três pontos a Leclerc e lidera o Mundial de Pilotos agora com nove pontos de vantagem (cumpriram-se apenas 67 das 78 voltas previstas, dando assim a pontuação completa no final da corrida). Porém, nota para aproximação de Pérez, que está agora a 15 pontos de Verstappen.

George Russell (Mercedes-AMG) deu continuidade à sua senda de resultados no top 5 nesta temporada de 2022, tendo terminado a cerca de dez segundos do quarteto da frente, no quinto lugar, imediatamente à frente de Lando Norris (McLaren), que após uma paragem tardia para montar pneus mais frescos no seu monolugar, ganhou vários segundos ao seu compatriota para terminar a apenas 0,2s.

Depois, a uma grande distância, ficou um autêntico ‘comboio’ liderado por Fernando Alonso (Alpine), que manteve atrás de si Lewis Hamilton (Mercedes-AMG), Esteban Ocon (Alpine), Valtteri Bottas (Alfa Romeo) e Sebastian Vettel (Aston Martin). Porém, Ocon foi penalizado em cinco segundos por uma colisão com Hamilton, acabando assim por perder os pontos correspondentes ao nono lugar, beneficiando diretamente Bottas e Vettel.

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