Foto: Clive Rose/Getty Images/Red Bull Content Pool
O título de Max Verstappen (Red Bull) na temporada de 2021 do Mundial de Fórmula 1 (ainda envolto em alguma polémica pela forma como a prova terminou) foi também uma despedida em grande para a Honda, que se retira da modalidade pela ‘porta grande’ depois de ter passado por bastantes dificuldades aquando do seu regresso nesta era híbrida.

Passaram-se já alguns anos desde que Fernando Alonso, então na McLaren, criticou publicamente o sistema híbrido V6 da Honda, comparando-o a um motor da GP2, categoria secundária do automobilismo. Evoluindo substancialmente ao longo dos últimos anos, a Honda foi ganhando competitividade na sua unidade de potência, conseguindo com a Red Bull Racing e com a sua afiliada AlphaTauri (anteriormente Toro Rosso) regressar aos triunfos na Fórmula 1 depois de ter trocado a McLaren pelas equipas ligadas à marca de bebidas energéticas.

No entanto, após tantas melhorias, a Honda surpreendeu no ano passado com a decisão de abandonar a modalidade no final de 2021. Ainda assim, não poupou esforços para oferecer às suas duas equipas uma unidade de potência completamente revista e mais potente no sentido de desafiar a Mercedes-AMG de forma mais corrente em 2021, procurando dessa forma deixar uma marca na modalidade.

Uma tarefa difícil atendendo a que a equipa de Brackley (sede da equipa Mercedes apesar de a marca ser alemã) arrecadou todos os títulos de Pilotos e de Construtores desde que os novos regulamentos técnicos de motores híbridos entraram em vigor, em 2014. A unidade de potência criada pela Honda não será posta num museu, no entanto. Esse novo motor será aproveitado já em 2022 e até 2025 pela Red Bull, que irá ficar com a responsabilidade do seu desenvolvimento e manutenção a partir de agora, ainda que com o apoio técnico da Honda (a título não oficial) neste primeiro ano.

A felicidade chegou ao ‘cair do pano’

Para o último Grande Prémio da temporada, em Abu Dhabi, Max Verstappen e Lewis Hamilton (Mercedes-AMG) partiam em igualdade pontual, mas uma ultrapassagem na última volta valeu ao piloto neerlandês de 24 anos o seu primeiro título mundial de Fórmula 1.

Esta vitória e o título acabam por cimentar os números de uma marca que fez história na Fórmula 1, tendo ganhado título com Williams, McLaren e agora com a Red Bull ao longo dos tempos. Nesta última fase, entre 2015 e 2021, a Honda venceu 17 das 141 corridas em que participou, fechando mais este ciclo com 13 pole positions e 49 pódios. Se a contabilidade englobar também o período desde 1964, quando a Honda surgiu pela primeira vez na modalidade, foram alcançadas 89 vitórias, seis títulos de pilotos e igual número de títulos de construtores.

“A Honda deu início ao atual projeto de F1 em 2015 e desde o princípio que vencer os campeonatos era o nosso objetivo. Esforçámo-nos bastante para que isso acontecesse, desafiando-nos a nós mesmos a cada dia enquanto procurámos melhorar e agora alcançámos o nosso objetivo”, referiu Toyoharu Tanabe, Diretor Técnico da Honda F1, que lamentou também a desistência de Sergio Pérez já nas últimas voltas depois de uma anomalia detetada no sistema motriz.

“Infelizmente, falhámos o título de Construtores, mas ficamos felizes com o triunfo do Max no campeonato de Pilotos. Em nome da Honda, gostaria de agradecer a todos na Red Bull Racing e na Scuderia AlphaTauri, bem como a todos os pilotos com quem trabalhámos desde 2015 e aos adeptos que sempre nos apoiaram. O nosso desafio da Fórmula 1 chegou ao fim com esta corrida, mas a experiência que angariámos vai sobreviver através das futuras tecnologias da Honda e a Honda vai continuar a enfrentar novos desafios no futuro”, completou.

Ayrton Senna

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.