A edição de 2022 das 24 Horas de Nürburgring disputou-se este fim de semana, colocando em pista, uma vez mais, alguns dos melhores pilotos do mundo naquele que é um dos circuitos mais desafiantes e imprevisíveis do mundo. Esta 50ª edição das 24 Horas de Nürburgring, ganha pelo Audi R8 GT3 #15 da equipa Audi Sport Team Phoenix, não deixa de ter uma história curiosa para contar na luta pelo triunfo protagonizada pelos irmãos Vanthoor (um dos quais, Dries, a terminar no carro vitorioso).

A rivalidade entre familiares nas corridas automóveis costuma ser branda, mas na corrida de Nürburgring, Dries e Laurens Vanthoor protagonizaram um impressionante duelo a alta velocidade na reta longa do circuito que, após vários contactos ligeiros entre os seus carros, terminou com o Porsche 911 GT3 da equipa Manthey Porsche, pilotado por Laurens Vanthoor, a embater violentamente contra dois dos muros do circuito germânico.

Os dois lutavam pelo terceiro lugar, com o posicionamento de ambos a variar ao longo da reta, mas com a distância entre os carros ser praticamente nula nalgumas ocasiões. Porém, foi só no final da reta (que tem duas ligeiras curvas, uma sensivelmente a meio e outra já naquela que se pode considerar de zona final em travagem) que a tenacidade de ambos os irmãos teve o seu culmino: com nenhum dos pilotos sem vontade de levantar o pé, o Audi acabou por dar um pequeno toque no Porsche, acabando este por perder o controlo.

O Porsche com o #1, por ter vencido o ano passado, ficou imediatamente de fora da corrida, enquanto o piloto passou pelo centro médico local para verificação. Já Dries Vanthoor e o seu Audi prosseguiram a corrida e receberam a bandeira de xadrez em primeiro lugar, no domingo, numa equipa composta ainda por Kelvin Van der Linde, Robin Frijns e Frederic Vervisch.

Num post publicado nas suas redes sociais, Laurens Vanthoor escreveu que “provavelmente, nunca estarei pronto para colocar isto em palavras. O que aconteceu ontem [NDR: sábado, dia 28] foi um pesadelo. Eu sei que sou mais inteligente do que aquilo, sei que não se arrisca tanto numa corrida de 24 horas”.

O belga fez ainda uma autocrítica pelo acidente. “É doloroso abrir-me tanto em público, mas a razão por detrás é que eu estava a competir com o meu irmão. As minhas emoções levaram a melhor e o meu cérebro parou de funcionar. Temos competido um contra o outro desde que éramos miúdos, nunca moderando e antes preferindo partir uma perna do que perder para o outro. Infelizmente, essa competitividade levou a melhor ontem. Lamento imenso, não foi profissional. Não tenho quaisquer ressentimentos para com o Dries, pelo contrário. Sou um irmão bastante orgulhoso. No futuro, iremos proteger-nos um ao outro em vez de lutarmos”, escreveu ainda.

Em segundo terminou o Mercedes-AMG GT3 da equipa Team GetSpeed, inicialmente a 55,276s do Audi, mas uma penalização posterior de 32 segundos imposta aos vencedores por infração numa paragem das boxes reduziu a diferença para 23,276s.