Tendo ajudado a desenvolver o Ferrari 499P praticamente desde o início do projeto (que também conta com a participação da AF Corse, parceira de longa data nas competições de GT), Molina admite que a competitividade do 499P na primeira corrida da temporada, em Sebring, foi um sinal de bom trabalho de desenvolvimento, “ajudando a tirar alguma pressão de cima da equipa pois os últimos meses foram de trabalho muito duro”
“Creio que as expectativas que tínhamos desde o primeiro momento em Sebring foram superadas. Sabíamos que tínhamos um bom carro, sobretudo no ritmo de uma volta, na prestação em qualificação. Depois em corrida faltou-nos um pouco a experiência de gerir a corrida e essa foi um pouco a limitação. Por isso, sim, foi uma surpresa positiva e permitiu tirar um pouco de pressão à equipa porque foram uns meses complicados e duros. Assim, foi um grande resultado para nós”, refere em entrevista ao Motor24.
Sendo este o primeiro ano com um projeto novo na categoria Hypercar (LMH), o piloto espanhol revela que os objetivos para a temporada é, sobretudo, compreender o carro e as suas características para melhorá-lo de forma consistente.
“Temos de nos concentrar muito no nosso trabalho, na evolução do carro, pensando sempre na fiabilidade que é sempre o ponto mais importante para se chegar a Le Mans nas melhores condições. Depois veremos se fizemos o nosso melhor trabalho. Saímos para a pista, aprendemos muito sobre o carro, mudamos muitas coisas para tentar conhecer o carro e melhorá-lo. Então, acho que a nossa curva [de aprendizagem] vai ser pronunciada e muito boa e que depois possamos reduzir a distância para a frente, porque quando a Ferrari entra num campeonato é com o objetivo de o ganhar, mas sabendo que é preciso estar com os pés no chão e dar os passos certos”, adianta ainda.
Ponto alto na carreira
A carreira de Miguel Molina é vasta, com passagens por diferentes categorias, destacando-se os vários anos ao serviço da Audi no DTM e também nos GT. Chegado à Ferrari, o espanhol assume que, “para mim, é chegar ao máximo que posso aspirar como piloto na minha carreira desportiva. Levo muitos anos neste mundo e, na verdade, está a ser uma experiência incrível para mim, não só pelo facto de conduzir o carro, mas também por tudo o que há por detrás”.
Molina recorda que “viver o projeto desde o minuto zero até à atualidade foi um caminho incrível”, mas enaltece, acima de tudo, a capacidade de trabalho conjunto evidenciada pela Ferrari e pela AF Corse para evoluir o carro e “a diferença que havia sempre entre um teste e outro, pela evolução evidente”, acrescentando ainda que, “logicamente, conduzir o carro é incrível”.
“É diferente dos GT, sobretudo. Não é tão diferente em relação à minha época no DTM, quando estive com a Audi durante sete anos e que também era um protótipo. Aqui é logicamente diferente porque temos um motor elétrico na frente, o sistema de regeneração, pelo que a sensação de travagem é mais complicada, diferente, mas a verdade é que te habituas”, adiantou.
Já com as 24 Horas de Le Mans no horizonte, prova que este ano comemora o seu centenário, Molina explica que o Hypercar da Ferrari “está desenhado e muito pensado para Le Mans. Seguramente que adaptaremos o que temos para a pista de Le Mans, porque logicamente é muito diferente da que estamos acostumados. Mas, este carro está bem pensado e oferece muito boas sensações”.
Por fim, com um plantel cada vez mais bem composto de novas marcas, o Mundial de Endurance conhece agora uma vitalidade que há muito não se via, com muitos construtores empenhados na categoria principal. Molina encara essa mesma concorrência com satisfação, mas adianta que o foco está sempre no trabalho interno da Ferrari.