Um dos nomes mais fortes da história desportiva da Ferrari, Mauro Forghieri, morreu aos 87 anos depois de uma vida dedicada aos automóveis desportivos e de competição.

Apaixonado pelo desporto motorizado, este engenheiro italiano formou-se na Universidade de Bolonha e entrou na Scuderia Ferrari em 1959, tendo permanecido na equipa italiana até 1987, atravessando assim uma série de décadas em simultâneo com o fundador daquela companhia, Enzo Ferrari, que viria a morrer um ano mais tarde, em 1988.

A sua ligação à Ferrari fica também indelevelmente associada a uma época de sucesso para a equipa, já que esteve ligado a sete títulos de Construtores e a cinco de Pilotos – Phil Hill em 1961, John Surtees em 1964, Niki Lauda em 1975 e 1977 e Jody Scheckter em 1979.

Engenheiro com paixão pelas inovações, Mauro Forghieri foi também um dos responsáveis pelo surgimento na modalidade dos primeiros ailerons, na década de 1960, lançando uma tendência que, de resto, se espalhou por todas as modalidades automobilísticas, demonstrando assim a sua importância.

Também pela sua imaginação, a Ferrari ainda chegou a pensar na tecnologia turbo para os seus monolugares ainda em 1976, ou seja, numa época paralela àquela em que a Renault entrou na Fórmula 1 com os motores sobrealimentados que, alguns anos mais tarde, se viriam a tornar determinantes. Da mesma forma, ainda com Gilles Villeneuve na equipa, chegou a desenvolver um sistema de caixa semiautomática para a Fórmula 1 que o piloto determinou pouco fiável e pouco vantajoso face às tradicionais caixas manuais que eram norma naquela época.

Foi preciso esperar até ao final da década de 1980, mais concretamente até 1989, dez anos depois da primeira experiência em Fiorano, para se assistir à estreia daquela tecnologia na modalidade, logo com um triunfo inesperado de Nigel Mansell na primeira corrida da temporada.

Forghieri tinha também uma forte participação nos outros automóveis de competição e no departamento de modelos de estrada, como o 275 GTB, último modelo de produção com a sua assinatura.

Após a sua passagem pela Ferrari, Mauro Forghieri encontrou uma ‘casa’ na rival Lamborghini, dedicando-se também à criação de um monolugar para aquele que seria o ingresso da marca italiana na Fórmula 1, em 1991, mas os resultados muito aquém do esperado levaram a marca a abandonar o projeto. No entanto, em sequência, a marca ainda chegou a desenvolver um motor que Ayrton Senna testou num McLaren no circuito do Estoril, com excelentes indicações por parte do piloto, mas também esse projeto ficou por aí.

A biografia de Forghieri foi publicada em 2020, intitulada ‘La Ferrari nel Cuore‘ (Ferrari no coração, em português), na qual são relatados os seus feitos e os seus desafios durante o seu tempo na Ferrari.