De regresso ao Mundial de Endurance (WEC) ao mais alto nível após uma ausência de 50 anos, a Ferrari pretende desafiar a hegemonia da Toyota Gazoo Racing na modalidade com o seu novo 499P, um protótipo da categoria Hypercar que fez nas 6 Horas de Portimão a sua segunda corrida. O Motor24 teve acesso aos meandros da equipa italiana no circuito algarvio, podendo ver como se prepara uma corrida ao mais alto nível.

A Ferrari preparou com afinco o seu retorno ao mais alto nível nas competições de resistência, aproveitando os regulamentos Hypercar para construir um protótipo híbrido de alta tecnologia que disputa as vitórias à geral, tendo como objetivo maior triunfar nas 24 Horas de Le Mans e voltar a vencer também no campeonato em geral.

No Algarve, a equipa prosseguiu a sua trajetória de aprendizagem, com o 499P a fazer apenas a sua segunda prova a título oficial após a estreia em Sebring, na qual conseguiu fazer a pole position na estreia.

Em Portimão, a formação italiana, em parceria com a AF Corse, não teve vida fácil para contrapor o poderio da Toyota, que tem um amplo conhecimento do circuito algarvio, embora tenha repetido o pódio da corrida americana, desta feita, com um segundo posto através do carro número 50 conduzido por Antonio Fuoco, Miguel Molina e Nicklas Nielsen.

Centro de acolhimento e de conversa

No paddock de Portimão, a Ferrari destacou-se desde logo pelo grande centro de acolhimento de convidados, imprensa e pilotos, sendo comum encontrar nesta grande estrutura os pilotos e engenheiros da equipa a partilharem ideias. Foi também aqui que estivemos à conversa com Miguel Molina, piloto espanhol com larga experiência no automobilismo, que nos confessou como este é um projeto sem igual.

“Viver o projeto desde o minuto zero até à atualidade foi um caminho incrível”, contou-nos Molina, acrescentando que ficou impressionado pela capacidade de trabalho conjunto evidenciada pela Ferrari e pela AF Corse para evoluir o carro traduzida “na diferença que havia sempre entre um teste e outro, pela evolução evidente do carro”.

Sobre o campeonato e os desafios que a Ferrari tem pela frente, sobretudo no caminho para as 24 Horas de Le Mans, o piloto explicou que o mais importante é a equipa pensar no seu próprio desempenho.

“Temos de nos concentrar muito no nosso trabalho, na evolução do carro, pensando sempre na fiabilidade que é sempre o ponto mais importante para se chegar a Le Mans nas melhores condições. Depois veremos se fizemos o nosso melhor trabalho. Saímos para a pista, aprendemos muito sobre o carro, mudamos muitas coisas para tentar conhecer o carro e melhorá-lo. Então, acho que a nossa curva [de aprendizagem] vai ser pronunciada e muito boa e que depois possamos reduzir a distância para a frente, porque quando a Ferrari entra num campeonato é com o objetivo de o ganhar, mas sabendo que é preciso estar com os pés no chão e dar os passos certos”, disse ainda.

Visita às boxes

Além do espaço de ‘hospitality’, a Ferrari garantiu-nos também acesso às boxes durante a corrida, permitindo-nos observar o método de trabalho de antecipação de uma paragem nas boxes, com auscultadores a partir dos quais podíamos ouvir em tempo real as comunicações entre pilotos e as boxes.

A preparação meticulosa de cada paragem nas boxes é acompanhada pelo posicionamento concreto dos mecânicos, que em casos específicos têm de preparar também componentes de substituição para uma reparação rápida de eventuais danos decorrentes da competição. Exemplos disso são os componentes de carroçaria presentes na imagem abaixo, tanto para a secção dianteira, como para a traseira, incluindo-se aqui a grande cobertura do motor com a asa traseira incluída.

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