O Rali de Portugal é conhecido pela sua dureza e o segundo dia de prova fez jus à sua fama. Por entre os problemas que afetaram alguns dos favoritos, foram os Toyota de Elfyn Evans e de Kalle Rovanpera a terminar a segunda etapa nas duas primeiras posições. Já as ambições de ambos os Sébastien, Loeb e Ogier, regressados à competição em Portugal, caíram por terra devido a problemas mecânicos. Nota ainda para o triunfo de Ricardo Teodósio no Campeonato de Portugal de Ralis (CPR).

Vencedor da prova em 2021, o britânico Elfyn Evans apresentou, esta sexta-feira, a candidatura a um segundo triunfo consecutivo no Vodafone Rally de Portugal, terminando o dia com 13,6 segundos de vantagem sobre o seu companheiro na Toyota, Kalle Rovanperä.

Animando as hostes espanholas que também acorrem em grande número ao rali lusitano, o veterano Dani Sordo, terceiro classificado, é o resistente da Hyundai, numa etapa que condenou as aspirações de três campeões do Mundo: Sébastien Loeb (que ainda chegou a passar pela liderança), Sébastien Ogier e Ott Tänak.

Começando por Loeb, o piloto da M-Sport Ford deu uma lição de classe na última classificativa da manhã, a primeira passagem por Arganil, na qual o francês bateu toda a concorrência e passou a liderar a prova, por 0,5s. Só que, num erro raro, logo na primeira curva da especial da Lousã, segundos após ter arrancado, Loeb deu um toque numa barreira de betão, que partiu a suspensão traseira do Ford Puma Rally1. “Foi o erro mais estúpido da minha carreira”, afirmou, desolado, o veterano piloto francês, obrigado a desistir. Primeiro Sébastien ‘out’.

Seguiu-se Sébastien Ogier. O recordista de vitórias em Portugal regressou ao WRC para tentar desempatar com Markku Alén, mas ainda não será desta que o conseguirá. Numa secção da tarde demolidora – com o quarteto Lousã, Góis, Arganil e Mortágua -, Ogier foi um dos pilotos que arriscou partir para essa secção só com um pneu suplente na mala do Toyota, tentando poupar 20 kg de peso no carro. O desenrolar dos eventos viria a comprovar que aquela estratégia foi desacertada. Embora vencendo a primeira especial da tarde, o francês furou nas duas classificativas seguintes (Góis 2 e Arganill 2). Sem mais pneus a bordo, não teve outra alternativa que não o abandono.

Sébastien Loeb (Jaanus Ree/Red Bull Content Pool)

O terceiro campeão do mundo a ficar fora da luta pela vitória foi Ott Tänak. O estónio da Hyundai estava a 10,8s da liderança quando furou na sexta classificativa do dia (Góis 2) e passou a estar a 1m53s de Elfyn Evans. Tal como Ogier, Tänak voltou a furar em Arganil 2, mas tinha um segundo pneu suplente no i20 N Rally1 e conseguiu completar o dia no 10.º lugar da geral, mas já a 3m38s do líder.

Thierry Neuville passou, então, a concentrar as atenções da Hyundai, mas o belga entrou no troço de Mortágua a sete segundos do primeiro lugar… e saiu de lá a 1m32s! Na ligação para esse troço, o Hyundai de Neuville teve problemas de transmissão, que depois se viriam a agravar durante a classificativa, fazendo a Super Especial de Lousada só com três rodas motrizes.

Luta pela vitória em aberto

No meio desta hecatombe, os Toyota de Elfyn Evans e Kalle Rovanperä ocupam as duas primeiras posições, com o galês a aproveitar a posição de partida (nono na estrada) para chegar ao final do dia com 13,6s de vantagem sobre o menino-prodígio dos ralis mundiais.

A ‘limpar’ a estrada durante 121,67 quilómetros demolidores, Rovanperä mostrou o talento que o levou ao topo do Mundial de Ralis com apenas 21 anos, representando uma séria ameaça a Evans na etapa deste sábado.

Mais atrás, o experiente Dani Sordo ‘segurou’ as esperanças da Hyundai em subir ao pódio no próximo domingo, mas está já a 44,4 segundos de Evans, deixando de beneficiar, a partir de amanhã (sábado) de uma posição de partida tão vantajosa face aos Toyota, tendo, por outro lado, 5,2s de vantagem sobre outro Yaris GR Rally1, o do japonês Takamoto Katsuta.

Se o dia da Hyundai foi complicado, o da M-Sport Ford foi ainda pior. Depois do desaire de Loeb na Lousã, Craig Breen também se atrasou com um pião na PE8 (Mortágua), estando nesta altura no oitavo lugar. Assim, Gus Greensmith é o melhor representante da equipa britânica, no quinto posto, mas já a mais de um minuto de Elfyn Evans.

No WRC2, o líder do campeonato, Andreas Mikkelsen (11º na geral), colocou o seu Skoda na frente após um furo no Hyundai de Teemu Sunninen. Os dois entram para o penúltimo dia separados por 37 segundos, com Yohan Rossel (Citroën) no terceiro posto como espectador atento deste duelo.

Ricardo Teodósio vence no CPR

A segunda etapa coincidiu também com o desfecho da prova a contar para o Campeonato de Portugal de Ralis, com Ricardo Teodósio (Hyundai) a vencer a quarta ronda da temporada, após nove duras classificativas da prova do ACP.

Num rali que teve três líderes diferentes, o piloto da Hyundai Portugal foi um dos poucos candidatos ao título que teve uma prova isenta de furos, terminando com 1m24,1s de vantagem sobre Armindo Araújo (Skoda).

O piloto de Santo Tirso foi o primeiro líder nas contas do CPR, mas furou duas vezes e terminou no segundo posto, vencendo ainda a Power Stage em Mortágua (PE8). Com estes resultados, Armindo Araújo reforçou a sua vantagem no campeonato sobre Miguel Correia (Skoda), que foi terceiro classificado, após também ter furado, tal como José Pedro Fontes (Citroën), quarto no final.

Bruno Magalhães chegou a colocar o outro Hyundai oficial no comando, mas furou na PE2 e depois teve de abandonar na PE5 (Lousã 2), devido à quebra de uma jante e amortecedor.

Findo o CPR, a luta prossegue na estrada, mas agora para se decidir o lugar de melhor português no final da prova do ACP.

O dia mais longo

No sábado, as equipas têm pela frente o dia mais longo do Rali de Portugal, com um total de 159,14 quilómetros cronometrados, entre o Minho e a Foz do Douro. O programa desta etapa contempla três duplas passagens pelas classificativas de Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto e Amarante, esta última com partida de Mondim de Basto.

O dia termina com a super-especial do Porto, na Foz do Douro, com início previsto para as 19h03.

Classificação após a segunda etapa:
1 Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR YARIS Rally1) 1h25m43.3s
2 Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota GR YARIS Rally1) +13.6s
3 Dani Sordo/Cándido Carrera (Hyundai i20 N Rally1) +44.4s
4 Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR YARIS Rally1) +49.6s
5 Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) +1m00.7s
6 Pierre-Louis Loubet/Vincent Landais (Ford Puma Rally1) +1m15.6s
7 Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai i20 N Rally1) +1m46.4s
8 Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) +1m49.3s
9 Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) +2m03.6s
10 Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) +3m38.4s

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.