Suzuka 90: Ayrton Senna serve vingança fria a Alain Prost

08/10/2017

Terceiro episódio da “Guerra dos Tronos” em Suzuka. O epílogo da trilogia com Ayrton Senna a servir uma fria e polémica vingança a Prost, garantido assim o seu segundo título mundial, de novo no Japão.

Antes do GP de Japão de 1990 a sólida vantagem no campeonato de Ayrton Senna havia-se subitamente reduzido para 9 pontos. Suzuka voltaria a ser palco da decisão do título e de mais um ato da tragicomédia entre Senna e Prost. Antes de seguir viagem para o Japão, Ayrton Senna passou alguns dias em Portugal, onde a McLaren e outras equipas tinham agendado uma sessão de testes. Hospedado, com habitualmente, no anexo da Quinta da Penalva em Sintra, do seu amigo Braguinha, foi nessa semana que Ayrton conheceu Vera Peres, uma portuguesa que convidou insistentemente para o acompanhar num jantar para o qual havia sido convidado em casa dos Mello Breyner. Renitente, Vera acabou por aceitar e, acompanhada por uma amiga, foi com Senna ao jantar dos Mello Breyner.

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Seguiu-se uma noitada com incursão pelas discotecas da moda em Lisboa, Vera recorda que Ayrton enfrentou nesse dia uma das personagens mais temidas da noite lisboeta do início da década de 90 o porteiro da exclusiva discoteca Kapital– que barrou a entrada a um campeão do mundo de F1, que não se fartava de repetir. «Você sabe quem eu sou, eu sou o Ayrton Senna». De nada lhe valeram as credenciais e os três jovens tiveram de se contentar com o mais democrático Plateau, onde ficaram a dançar até às tantas da manhã.

A noite terminou com um cachorro quente numa roulotte na Marginal e um nascer do sol ao som de Phil Collins no Honda de Senna. Vera ficaria uma amiga muito próxima de Ayrton Senna e uma companhia habitual do piloto em Portugal durante o ano seguinte.

Depois destes momentos de descontração em Lisboa, Ayrton embarcou para o Japão com os seus comparsas Maurício Gugelmin e Gerhard Berger. Antes de partir, avisou o seu amigo Pêquêpê que não ia deixar que Prost ficasse na sua frente no Japão e que faria o que fosse necessário para que isso não acontecesse. Preocupado, Pêquêpê tentou demovê-lo da ideia, mas os seus esforços provar-se-iam inúteis.

Antes da qualificação em Suzuka, Senna e Berger convenceram a direção de prova a mudar a polémica localização da pole position, que beneficiava mais o autor do segundo melhor tempo. Os comissários acederam ao pedido e Ayrton Senna alcançou mais a 51ª pole position, batendo Alain Prost por escassos dois centésimos de segundo.

Antes de partir, Senna avisou o seu amigo Pêquêpê que não ia deixar que Prost ficasse na sua frente no Japão e que faria o que fosse necessário para que isso não acontecesse. Preocupado, Pêquêpê tentou demovê-lo da ideia, mas os seus esforços provar-se-iam inúteis.

No dia do Grande Prémio, perante uma multidão de japoneses que enchiam as bancadas de Suzuka para assistir à consagração de Ayrton Senna, o piloto é surpreendido por uma decisão dos comissários que ele suspeitou ter o dedo de Jean Marie Balestre a posição da pole position seria colocada no local original, na zona suja do circuito, contrariando assim a promessa que os mesmos comissários lhe fizeram quatro dias antes. Era o detonador para o que se ia seguir. Já na grelha, Ayrton desabafou com o seu amigo Joseph Leberer Eles querem me foder de novo.

Ayrton já havia antecipado isso e com programada premeditação instigada pelo profundo rancor largou na posição interior da pista. Alain Prost, aproveitando a melhor tração que lhe oferecia a linha exterior da reta, adianta-se a Senna e na travagem para a primeira curva, quando ambos os carros seguem a um velocidade superior a 250 km/h, Prost com a posição consolidada, descreve a curva. Pelo interior, em vez de travar, Senna não tira o pé e mantém a aceleração chocando com o Ferrari do francês. Ambos os carros saem em frente pela caixa de brita, miraculosamente sem consequências físicas para nenhum dos pilotos, mas a corrida acabava ali para os dois, uma escassas centenas de metros depois de ter começado. Ayrton Senna saia do seu danificado McLaren como novo Campeão do Mundo de F1. O brasileiro acabara de consumar a sua programada vendetta e de escrever a página mais negra da sua história na F1 e um dos episódios mais lamentáveis dos anais daquele desporto. Mas, para Senna, aquilo era apenas um ato de justiça, à boa maneira do Far West.

Como numa boa história do Far West, Ayrton passou rapidamente de herói a vilão. O primeiro a pronunciar-se foi Alain Prost. «Ele fez isto de propósito, porque ele sabia que o meu carro estava melhor e se eu fizesse um bom arranque, dificilmente ele me apanharia. Por isso é que ele me empurrou para fora. Isto faz dele campeão, ainda bem para ele, mas isto é mais do que uma manobra anti-desportiva, é um nojo. O melhor é todos sairmos da F1 e entregar o carro a kamikazes. Não estou disposto a arriscar a minha vida e enfrentar doidos irresponsáveis como Ayrton. Acho que agora ele deixou cair a sua máscara e todo o mundo pode ver que ele não é honesto». Na conferência de imprensa claramente hostil, Ayrton Senna tentou montar uma frágil tese de defesa: «A primeira curva seria sempre crítica, especialmente depois dos comissários decidirem que a posição da pole position não podia ser mudada para o exterior da reta, como eu pretendia. Se a pole position fosse mudada tenho a certeza que o acidente não tinha acontecido. Eu fui pela linha de dentro e ele não abriu a porta e eu não consegui evitar o contato e ambos saímos de pista. Ele sabe que eu sempre vou pelo espaço, não posso ser responsabilizado pelos seus atos. Foi ele que fechou a porta, não eu. Como habitualmente ele tem os seus pontos de vista, mas ele tentou destruir-me e eu não permito que isso aconteça. Eu sei do que sou capaz e não me interessa nem um pouco o que ele diz.»

Desta vez as opiniões dividiram-se de forma menos equitativa do que no ano anterior e só os indefetíveis de Ayrton Senna podiam aceitar ou caucionar as teses do piloto brasileiro, perante a evidência do gesto anti-desportivo que manchou a conquista do título pelo qual ele tanto tinha trabalhado aquela época: «Este campeonato foi construído tijolinho a tijolinho, com trabalho árduo e esforço de toda a equipa, não é resultado de uma corrida só», explicou o bicampeão do mundo, que desvendara em Suzuka o seu dark sidea de um homem rancoroso e vingativo, capaz de todos os atropelos para fazer justiça pelas próprias mãos.

A polémica manobra de Ayrton Senna fez correr rios de tinta e causou grande escândalo em França, onde o próprio ministro dos Desportos sugeriu que a FISA e FIA, entidades independentes com sede em Paris, se recusassem entregar a Taça de Campeão a Ayrton Senna na tradicional festa de gala dos campeões da FIA.

Jean Marie Balestre reagiu com contundência à manobra de Ayrton, mas confessou estar de mãos atadas, talvez limitado pela perseguição que lhe tinha movido no início da época: «O ano passado, os comissários de corrida desqualificaram Ayrton Senna porque ele cortou a chicane, mas desta vez eles informaram-me por telefone que não havia elementos suficientes para punir o Senna. Em todo o caso, julgo que o Senna mereceu o título por tudo o que fez durante a época, só lamento que não o tenha feito em estilo».

Em privado e sabendo que Jo Ramírez era também amigo de Alain Prost, Ayrton disse-lhe que «o seu amigo francês podia ter sido esperto, ele tinha o melhor carro, bastava ele deixar eu passar naquela curva que certamente me ia passar depois.»

O Professor, o mestre do taticismo e da estratégia, fora apanhado na ratoeira de Ayrton Senna que com a sua manobra fizera mais uma vítima a relação entre os dois repórteres da Globo Reginaldo Leme e Galvão Bueno. O primeiro já fora afastado por Senna do seu círculo de confiança, por considerar que Reginaldo era do inimigo, ou seja um moço de recados de Nelson Piquet (o que estava longe de ser verdade). O segundo mantinha-se muito próximo de Ayrton e no comentário do acidente provocado por Senna, Reginaldo e Galvão discordaram na análise o que causou o rompimento de uma estreita relação de amizade de 13 anos, que Galvão descrevia como «casamento sem sexo» e que acabou reconciliada uns anos depois.

Ayrton ainda tentou pressionar a Globo a retirar Reginaldo Leme dos comentários da F1, mas a estação de TV brasileira não aceitou a pressão de Senna, fazendo apenas realinhamentos na formação de reportagem que tradicionalmente acompanhava os Grandes Prémios de F1.

Ayrton teve de enfrentar o tribunal dos media e um outro entrevistador com grande conhecimento da Fórmula 1 Jackie Stewart.

A entrevista decorreu nas vésperas do Grande Prémio da Austrália, derradeira prova do Mundial daquele ano e efeméride muito especial. Era o 500º Grande Prémio desde que fora criado o Campeonato do Mundo de F1, de que Jackie Stewart era um dos monstros sagrados com os seus três títulos mundiais entre 1969 e 1973. Além do seu virtuosismo, que lhe permitia guiar um Cortina num pista com uma bandeja de ovos no capot, sem os partir, Stewart fora um dos grandes paladinos da segurança no desporto automóvel.

O piloto escocês lutou para que as condições de segurança nos circuitos e dos carros fosse melhorado e retirou-se da competição após a morte do seu companheiro de equipa, o francês François Cevert, no GP dos EUA de 1973 em Watkins Glen, quando o seu filho Paul lhe perguntou «quando é que ele ia morrer», como acontecia a tantos companheiros de profissão daquela época.

Jackie Stewart era portanto uma terrível autoridade para confrontar Ayrton Senna com a sua manobra de Suzuka e com a sua quase inédita agressividade em pista.

Vale a pena recordar trechos dessa entrevista que muito aborreceu Ayrton, que desta vez não estava a ser confrontado por um jornalista com a mania que percebia de F1, mas sim por um tricampeão do mundo:

«Jackie Stewart Deixe-me fazer uma pergunta difícil: o número de acidentes que têm ocorrido nas últimas corridas, você deve ter mais acidentes com outros pilotos de F1 que todos os Campeões do Mundo tiveram em suas carreiras nos últimos 15 ou 20 anos?

Ayrton Senna Acho extraordinário que um homem com a sua experiência faça essa pergunta. Você deve saber que sendo um piloto de corridas você está em permanente risco. Ao ser um piloto de corridas significa que você está correndo contra outras pessoas e se você não atacar uma abertura que existe, então você já não é um piloto de corridas, porque estamos competindo para vencer e a maior motivação para todos nós é lutar pela vitória e não ficar em 3º, 4º , 5º ou 6º.

Houve apenas três ou quatro casos quando eu liderava na primeira curva e houve outros pilotos envolvidos. Não é correto dizer isso porque se olhar para trás descobre que houve um incidente no ano passado em Suzuka e outro este ano.

Jackie Stewart Eu tenho muito respeito por você. Todos nós reconhecemos que você é o mais rápido do mundo, mas também tenho que especular que você chegou a um nível em que ter tantos acidentes é no mínimo estranho

Ayrton Senna Isso que você está a dizer é irrelevante. Eu sou o piloto que ganhou mais corridas nos últimos três anos, fiz mais pole positions do que qualquer outro em toda a história, ganhei dois títulos nos últimos três anos, por isso não posso entender como vocês está distorcendo as coisas para dizer que eu estive envolvido em mais acidentes que qualquer outro, porque isso não é verdade.

Jackie Stewart Desculpe, não concordo com isso

Ayrton Senna Então você deve recuar uns 10 anos e olhar não só olhar para os líderes, mas também para os que andavam pelo meio e na cauda do pelotão, então descobrirá isso que você está dizendo, não é verdade.

Jackie Stewart Então você está seguro que a sua técnica de pilotagem não criou uma situação em que criou uma abertura que você ataca espontaneamente.

Ayrton Senna Quando há uma abertura, um espaço, numa competição de alto nível, com carros andando tão próximos, com a mesma potência, o mesmo nível de aderência, a mesma carga aerodinâmica, todos sabemos que fica difícil ultrapassar, porque os circuitos não estão desenhados de forma a não facilitar ultrapassagens. Então você se entrega à profissão de piloto profissional, que é desenhado para vencer corridas, ou então você termina em 2º ou 3º ou 5º. Eu não estou desenhado para chegar em 2º, 4º ou 5º, eu estou desenhado para vencer, eu corro para vencer, sempre que ache isso possível. Por vezes vezes errámos, claro, é impossível acertar sempre, mas eu corro com a motivação para vencer. No fim, sou eu que estou ao volante e só posso fazer o que a minha mente determina.»

No fim da entrevista para o Canal 9 australiano, Jackie Stewart fez um célebre comentário: «Penso que ele acredita honestamente no que diz, mas Hitler também acreditava honestamente no que dizia.

OK, o Prost devia ter deixado a porta pelo menos um pouco aberta, mas mesmo um cego deve ter visto que ia ser rapidamente fechada.»

 

Senna, também não ficou com o melhor dos humores após a entrevista e informou Jackie que nunca mais apareceria com ele na televisão. Os dois grandes campeões, de eras distintas e com visões diferentes do desporto que tanto amavam, juntaram-se a seguir para uma foto com alguns Campeões do Mundo de F1, uma reunião promovida pelos organizadores dos festejos do 500º Grande Prémio que reuniu pilotos como Juan Manuel Fangio, Dennis Hulme, Jack Brabham James Hunt e Nelson Piquet.

O francês Alain Prost, visivelmente agastado com os incidentes de Suzuka recusou-se a posar para a foto com Ayrton Senna. Na corrida, quem acabaria por manter o sorriso foi Nelson Piquet que, em virtude das desistências de Ayrton Senna e Berger, levou o seu Benneton-Ford à sua segunda vitória consecutiva. Em Suzuka, o encontro imediato de primeiro grau entre Prost e Senna tinha oferecido à equipa dirigida por Flavio Briatore uma inédita dobradinha brasileira, com Robero Moreno a festejar euforicamente o segundo lugar com o seu amigo Piquet no degrau mais alto do pódio.

Terminava assim mais uma conturbada e histórica temporada do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, com Ayrton Senna a alcançar o seu segundo título Mundial.

Um Mundial que teve direito a um amargo brinde na festa que se seguiu à conquista do título em Suzuka, quando Ayrton ergueu a sua taça de champanhe e fez um sarcástico brinde Prost!

O brasileiro havia consumado a sua programada vingança, naquele que foi o pináculo de uma rivalidade que marcou não só a história da modalidade, mas como a própria cultura popular daquela década que agora chegava ao fim.

Dois génios da pilotagem, com personalidades tão vincadas e egocentradas ocuparam o mesmo espaço e tempo num ambiente tão ferozmente competitivo como a Fórmula 1, dos raros desportos onde os seus executantes estão em permanente risco de vida e em que as decisões em frações de segundo podem ser a diferença entre a glória e a derrota, entre a vida e a morte.

Com as suas qualidades, defeitos e contradições, Alain Prost e Ayrton Senna acabaram por ser mais do que recíprocas Némesis, a sua rivalidade obrigou-os a uma permanente busca da perfeição a uma auto-superação sem limites, que os definiu como desportistas e como homens.

 

Foi isso que lhes valeu a entrada direta na imortalidade do Olimpo do Desporto, onde só entram os grandes como Pélé, Eusébio, Maradona, Bjorn Borg, Pete Sampras, Roger Federer, Jesse Owens, Carl Lewis, Usain Bolt, Emil Zapatek, Mike Spitz, Mike Phelps, Michael Jordan, Tiger Woods, Lance Armstrong, Eddie Merckx,Giacommo Agostini, Valentino Rossi e poucos mais. Um restrito Olimpo onde apenas entram os desportistas que transcendem a barreira do seu tempo e as fronteiras do seu desporto, um Olimpo onde apenas Fangio, antes deles e Michael Schumacher, depois deles, teriam lugar marcado.

Ron Dennnis, principal responsável da McLaren, foi espectador privilegiado da época mais tensa na relação entre os dois pilotos e explicou as dificuldades que enfrentou ao ter de liderar os dois talentos na mesma equipa: «O desafio principal foi tentar entender as as diferenças negativas entre os dois, tentar isolá-las e torná-las numa motivação positiva. Não sou um conselheiro matrimonial, mas penso que orientação e apoio são essenciais quando se trata de lidar com pilotos. Eu tinha que os orientar e apoiar nos seus problemas desportivos e também pessoais.

Parece indiscutível, passados todos estes anos, que a adrenalina não era o único combustível de Ayrton Senna. A sua superlativa competitividade teria de ser aguçada com a identificação clara de um inimigo, mais do que um adversário. Alain Prost foi uma vítima que se prestou a esse ódio competitivo do brasileiro, tão necessário como a adrenalina, para o levar a superar todos os limites até aí estabelecidos no desporto automóvel. Sem Alain Prost, o piloto brasileiro dificilmente seria o mais rápido piloto de Fórmula 1 de todos os tempos, como muitos, como Jackie Stewart ou Niki Lauda defendem, mesmo após o fenómeno Schumacher.

Sem Prost, Senna não seria Senna e o francês prestou-se a ser essa vítima, conforme explicou Gerhard Berger a Tom Rubython no seu livro The Life of Senna: «Quando se tem alguém como o Ayrton ou o Schumacher como companheiro de equipa, há diferentes formas de lidar com isso. Na época o Ayrton era claramente melhor e toda a gente sabia isso. Alain tinha o mesmo carro e sabia que não tinha hipóteses de bater o Ayrton em velocidade pura e rapidez, então ele entendeu que apenas a consistência lhe podia valer. Naquele momento ele podia ter aceitado a superioridade de Senna e decidido – ok, vou trabalhar ao meu nível com consistência e fazer a equipa trabalhar para mim também, mas ele recusou-se a aceitar a situação e tudo se tornou político. Alain encontrava falhas em todo o lado e começou a queixar-se de tudo, distribuindo culpas pela equipa e por Senna. Isso irritou muito o Ayrton que sabia que era o melhor e que Prost estava a arranjar desculpas. Para mim é claro que foi isso que detonou a grande explosão entre os dois.»

A estratégia de permanente vitimização e as manobras políticas com o amigo Balestre era o que mais incomodava Ayrton Senna, que via ainda grande parte da imprensa ser sensível aos argumentos e queixumes do piloto francês. Isso criou nele um sentimento de injustiça que acentuou o seu ressentimento com Prost, Balestre e a própria imprensa, sobretudo a especializada.

Naquele final de época de 1990, e com a vingança premeditada com uma manobra altamente perigosa e desleal em Suzuka, Ayrton Senna tinha-se posto a jeito para ser o novo vilão da Fórmula 1 para a maioria dos mais de 300 jornalistas do mundo inteiro que acompanhavam em permanência o Campeonato do Mundo. Os seus mais jugulares críticos ganharam novos argumentos, os moderados recriminavam a sua postura e mesmo entre as fileiras dos seus apoiantes, muito desertaram. Ayrton Senna tinha dado a Alain Prost um vasto auditório e perdera a corrida nos media que só viria a recuperar anos mais tarde, quando a relação entre os dois se apaziguou com a retirada de Alain Prost em 1993. Até lá, a guerra entre os dois continuaria, mas agora com mais baixa intensidade do que naqueles dois últimos frenéticos anos.

Naquele final de época de 1990, e com a vingança premeditada com uma manobra altamente perigosa e desleal em Suzuka, Ayrton Senna tinha-se posto a jeito para ser o novo vilão da Fórmula 1 para a maioria dos mais de 300 jornalistas do mundo inteiro

Nas boxes da McLaren em Adelaide, enquanto a equipa fazia as malas no final de uma extenuante época de 1990, Gerhard Berger disse a Jo Ramírez: «Deixa o Ayrton ir bronzear-se para o Brasil que eu faço os testes de inverno».

  • Excerto do livro “A Paixão de Senna” de Rui Pelejão, Oficina do Livro 2014

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