Quando o telefone toca e é para ir ao Dakar

30/11/2017

Um inesperado telefonema vai levar Carlos Sousa à sua 18ª participação no Dakar. Ao volante de um Dacia Duster e com um navegador que já venceu a prova.

Os portugueses vão este ano ter um motivo adicional de interesse para seguir o Dakar. Além dos nossos habituais heróis nas motos e do estreante André Villas-Boas, este ano vamos estar atentos ao carro que tem o número 315 no dorsal.

Trata-se de um dos carros da equipa Renault Duster Dakar Team e ao volante vai estar o “senhor Dakar” português e o mais bem sucedido piloto de TT nacional. Carlos Sousa, uma inesperada wildcard da equipa argentina. O piloto de Almada regressa assim à competição depois de um interregno de dois anos: “Estava descansado em casa quando recebi um telefonema com o honroso e irrecusável convite da Renault Duster Dakar Team. Apesar de estar há dois anos sem correr, a adrenalina subiu de imediato e, a verdade é que não vejo hora de me sentar aos comandos do Duster.”

O primeiro contacto do piloto português com o seu carro, está agendado para o início de dezembro numa sessão de testes numa zona desértica da Argentina: “Estou muito curioso para pilotar o carro, até porque para mim, isto representa o regresso aos carros equipados com motor a gasolina.O protótipo para o Dakar do Dacia Duster (que na Argentina é comercializado sob o emblema da Renault) monta um poderoso bloco V8 a gasolina com 5.450 cc de cilindrada e 380 Cv de potência, oriundo da Aliança Renault-Nissan.

A caixa é uma SADEV de 6 relações sequencial, com diferencial central autoblocante com bloqueio e o nível de fiabilidade está comprovado nas cinco anteriores participações, em que pelo menos um dos Duster chegou sempre ao final da prova.

O melhor resultado da equipa foi obtido pelo argentino Emiliano Spataro, que em 2014 terminou na 14ª posição. Spataro será o companheiro de equipa de Sousa nesta edição da prova, em que as ambições são reforçadas, já que os carros receberam importantes upgrades nas suspensões traseiras e no sistema de refrigeração dos travões.

“Quero andar o mais rápido possível, nunca esquecendo que o Dakar ainda continua a ser uma prova maratona.”

Carlos Sousa sabe que a falta de ritmo competitivo será um problema no início da prova, mas está confiante em que rapidamente recuperará a toada necessária para enfrentar a longa maratona: “Primeiro vou de me adaptar a tudo o que é novidade. Mas quero andar o mais rápido possível, nunca esquecendo que o Dakar ainda continua a ser uma prova maratona. É verdade que cada vez mais parece um vulgar rali face às lutas que se travam nos lugares cimeiros, mas a gestão do ritmo continua a ser essencial para a conquista de um bom resultado. E como a edição deste ano começa logo com vários dias no deserto, acredito que isso pode ser uma vantagem para mim. Aliás, acredito mesmo que, ao contrário dos outros anos, podemos chegar a meio da prova com vantagens significativas entre os pilotos da frente. Mas o Dakar é sempre fértil em surpresas, por isso, vamos ver o que nos reserva este ano.”

Um navegador que já venceu o Dakar

Sentado ao lado de Carlos Sousa, no banco do navegador, estará outro homem muito experiente no Dakar. Trata-se do francês Pasca Maimon, que já venceu uma edição da prova, em 2002, mostrando o caminho para a vitória a Hiroshi Masuoka:É uma das referências da modalidade na arte da navegação. O seu palmarés diz tudo sobre a sua experiência e competência. Também é um especialista em mecânica, pelo que a escolha não podia ser mais certa.”

Uma dupla experiente e consistente que pode muito bem conduzir o Duster argentino a uma presença regular no Top 10, que é onde normalmente o piloto português se situa, desde que se estreou na prova em 1996. Num total de 17 participações, Carlos Sousa terminou onze vezes a prova nos dez primeiros, tendo alcançado o seu melhor resultado em 2003, ano em que terminou na 4ª posição.

A edição deste ano do Dakar disputa-se no Perú, Bolívia e Argentina, entre os dias 6 e 20 de janeiro.

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