A mobilidade elétrica vai crescer exponencialmente em Portugal no próximo ano. Esta é a crença de Henrique Sánchez, presidente da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), para quem os avanços que se vão conseguir ao nível das infraestruturas serão determinantes para uma maior disseminação dos veículos elétricos entre os condutores portugueses.

“Em 2016 foi o ano em que se desenterrou todo o processo da mobilidade elétrica, que estava meio enterrado. Mas é em 2017 que arrancará o que é mais importante”, dando como exemplo a expansão da rede de carregamento elétrica e o aumento da perceção da sociedade para a questão dos elétricos.

Numa fase em que se ultimam “novidades para serem anunciadas antes do Natal”, Henrique Sánchez fez um balanço do que tem sido feito em Portugal ao nível da mobilidade elétrica e, embora reconheça alguns ‘grãos de areia na engrenagem’, destaca que o país está na bom caminho para uma maior presença de elétricos nas ruas.

Um dos pontos de destaque é o da instalação dos Postos de Carga Rápida (PCR), que se apresta a seguir em bom ritmo depois de um ligeiro atraso face ao que havia sido inicialmente planeado pelo Governo. Essa circunstância teve como causa o facto de o primeiro concurso público ter sido anulado por falta de uma proposta que cumprisse a 100% os termos do concurso, algo que depois se veio a cumprir num segundo concurso público.

“O concurso público fechou com a escolha de um único operador para instalar 14 PCR em 12 cidades do país, sendo que Lisboa terá dois destes postos de carregamento”, referiu, em declarações exclusivas ao Motor24, escusando-se a referir qual o operador escolhido. Para o responsável desta entidade, que tem por objetivo fomentar a mobilidade elétrica em Portugal, o facto de ter sido feita a escolha para um único operador “é vantajoso, uma vez que isso lhe permite fazer uma maior gestão interna dos postos a desenvolver”. Estão previstos 50 PCR até ao final de janeiro de 2017.

Alguns desses postos deverão estar em funcionamento ainda antes do final do presente ano, o mesmo sucedendo com os postos presentes atualmente nas autoestradas, sobretudo nos que são concessionados pela Galp.

Rede atualizada

Outro dos elementos em destaque para a UVE é a renovação dos pontos de carga já existentes, não só em termos de funcionamento (já que alguns estavam fora de utilização), mas também em termos de software, havendo uma atualização do mesmo para uma versão superior, sendo que a promessa de ampliação da rede de carga em mais 124 postos de carga normal também está a correr em bom ritmo. Dos pontos de carga atuais, 100 serão também atualizados para os 22 kW de potência de forma a tornarem-se semirrápidos em complemento aos postos rápidos que vão ser, então, inaugurados nas próximas semanas.

Em Lisboa, com as diversas obras que se têm verificado, Henrique Sánchez recorda que muitos dos pontos de carga foram relocalizados, tendo havido por parte da autarquia um contacto com a UVE para perceber se a nova localização seria a mais indicada.

Aquele responsável indica ainda a importância de se cumprir em breve o corredor pan-europeu de Paris-Madrid-Lisboa, assinado pelos Governos daquele três países e que será instalado ao abrigo de fundos europeus e não pelos fundos de cada país. Desse corredor irão resultar 12 PCR para a existência de uma opção de viagem mais realista, sem que se tenha que recorrer ao Fundo de Carbono, cuja denominação passará a ser, em janeiro, de Fundo do Ambiente.

Por fim, inevitavelmente, a questão da Tesla também foi abordada, em especial no que diz respeito à atualização dos pontos de instalação prevista dos supercarregadores da companhia de Elon Musk, destacando que a alteração da localização de um dos postos para longe de Lisboa terá que ser abordada para garantir a sua melhor rentabilidade.