Concebido em número muito limitado, o Citroën My Ami Buggy é uma derivação mais radical do My Ami lançado em 2021, adotando uma postura mais irreverente que dispensa portas e o tejadilho rígido para quem procura uma abordagem mais próxima dos elementos. Conduzimo-lo num breve percurso para verificar os seus pontos fortes.

Desde que foi apresentado em formato concept que o My Ami Buggy suscitou uma atenção e desejo inesperados, o que levou a marca francesa a efetuar uma série limitada de 50 unidades para venda em França. A reação foi impressionante: todos os exemplares foram vendidos em 17 minutos e 28 segundos, com o cliente mais rápido a cumprir todo o processo online em meros dois minutos e 53 segundos.

No entanto, a Citroën deixa em aberto a possibilidade de ampliar o número de unidades do My Ami Buggy no futuro, atendendo aos muitos pedidos que ainda tem por este veículo que, recorde-se, pode ser conduzido a partir dos 16 anos de idade e sem carta de condução.

Então, se existem num número tão limitado, a oportunidade de conduzir um tornou-se irrecusável. Não pela potência, nem pelo dinamismo, mas apenas e só pela possibilidade de estar tão perto dos elementos com sentido de irreverência. O percurso delineado pela Citroën levou-nos num pequeno passeio na zona do Guincho, com partida e chegada no Núcleo de Interpretação da Duna da Cresmina.

O principal ponto deste My Ami é o seu estilo aventureiro, ainda que menos impactante do que o do concept original. Ainda assim, o My Ami Buggy ausculta bem os desejos dos ‘free spirits‘, termo inglês que melhor define quem procura liberdade de movimentos em concordância com a natureza.

Assim, o já de si irreverente torna-se ainda mais chamativo graças à sua carroçaria em tonalidade ‘Khaki’ com detalhes e acessórios amarelos, como por exemplo as jantes de 14 polegadas com acabamento dourado e com tampas decorativas pretas específicas para esta versão. Há reforços ainda nos para-choques, placa dianteira personalizável e um pequeno spoiler traseiro que dá outra aparência a este quadriciclo 100% elétrico.

Os acessórios de proteção de cor preta transmitem salientam a sensação de robustez, contrastando com o esquema de cor verde. Mas, salta ainda mais à vista a ausência de portas laterais, dando assim uma total abertura aos elementos exteriores. Em vez das tradicionais portas surgem barras metálicas tubulares, dando uma impressão real de buggy…

Olhando para cima, vemos o céu azul de um dia em que São Pedro quis dar o ar de sua graça, apesar do vento que, naquela zona de Cascais costuma ser intenso. Como não há tejadilho fixo, temos uma capota macia amovível em tom cinzento, numa referência ao Mehari e ao 2CV. Este tecido protetor pode ser enrolado e é um material de boa densidade, impermeável e com tratamento UV, a fim de proteger o condutor e o passageiro da luz solar ou do mau tempo. A capota é fixada a toda a volta da abertura do tejadilho através de fechos de mola. Depois de enrolada, pode ser guardada atrás dos bancos.

A bordo, além de alguns detalhes coloridos a amarelo, mantém-se o ambiente austero e parco em comodidades, sobressaindo assim a simplicidade. Os bancos (firmes) estão cobertos por um tecido técnico revestido a preto e realçados por costura amarela, a mesma cor que se pode encontrar nos tapetes.

A ver as ondas e quem passa

O My Amy Buggy não se altera em termos técnicos, mantendo a solução simples e eficiente de um pequeno motor elétrico de 6 kW/8.2 CV de potência alimentado por uma bateria de iões de lítio de 5.4 kWh, com autonomia para 75 quilómetros com uma única carga. Ou seja, um citadino por excelência, até porque a sua velocidade máxima está limitada aos 45 km/h. Não é preciso mais, de qualquer forma, porque a intenção deste quadriciclo é adequar-se a quem ‘vive’ nas cidades, apelando sobretudo aos jovens que ainda não têm carta de condução.

Ao volante desta versão não é a potência que arrebata, nem o dinamismo, já que em ambos os casos não é propriamente emotivo, a não ser pelo facto de ter uma capacidade de filtragem do mau piso algo limitada, fazendo-se sentir a quem vai sentado no interior. Sim, ‘forever young‘, mas aquele pedaço de asfalto levantado por uma raiz de árvore lá à frente não vai nessa ‘cantiga’…

O que arrebata é a particularidade de se estar em harmonia com o ambiente. Ouvem-se as ondas do Oceano Atlântico e, de soslaio, é possível observá-lo, sentindo ao mesmo tempo a brisa marítima tradicional dos dias solarengos de outono. A mesma brisa que, ao cabo dos dois primeiros quilómetros, me fez lamentar a má escolha de indumentária para viagem tão peculiar. O My Ami Buggy é isso mesmo: uma ligação à natureza e tem esse condão muito preciso de nos deixar emotivos a sentir o vento a percorrer-nos.

Com o pé a fundo no pedal do acelerador, rapidamente chegamos à sua velocidade máxima, cumprindo-se assim a viagem de cerca de meia hora que nos leva a percorrer algumas das estradas mais graciosas do Guincho, sendo comum ouvir um ou outro comentário por parte dos transeuntes que, por aquela altura, costumam parar pela zona para ver as vistas do Atlântico. Afinal, não há janelas e também não há autorrádio.

A única queixa (além de uma escolha manifestamente insuficiente de roupa) passa pela dificuldade de visualização do painel de instrumentos, sobretudo quando a luz solar incide diretamente.

Com o My Ami Buggy, a Citroën fez algo simples e tornou este quadriciclo num instrumento de aventura urbana extremamente agradável que, por enquanto, apenas está ao alcance de 50 compradores. Um eventual alargamento da produção trará, certamente, outros clientes para um segmento que começa a ganhar popularidade na temática da mobilidade.

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