Que diferença fez uma geração para o Dacia Sandero! A imagem de marca ‘low cost’ está cada vez mais desfasada da realidade, mesmo que os parâmetros de acessibilidade não se alterem. Contudo, a qualidade é maior, tal como os argumentos de tecnologia e segurança que começam a posicionar os novos Sandero e Sandero Stepway cada vez mais como uma opção de compra por escolha e não por mero recurso. Conduzimos os novos modelos da marca romena na apresentação nacional e comprovámos as melhorias gerais.

Não é propriamente uma marca de longa tradição em Portugal, mas a Dacia, do Grupo Renault, é hoje incontornável nas estradas lusas. A estreia fez-se em 2008 com o Logan, ganhando protagonismo ao longo dos anos, sobretudo na fase de crise financeira entre os anos de 2011 e 2014, período no qual o baixo custo de aquisição foi argumento fundamental. Desde então, já vendeu quase 50 mil automóveis em Portugal, sendo o Sandero responsável por 44% desse valor.

Mais relevante ainda se torna o papel do Sandero quando se olha para o registo de vendas a particulares: o Sandero é a escolha número 1 para os clientes particulares (descontando as frotas de empresas e profissionais) no acumulado de janeiro a outubro de 2020, estando também a marca no sexto lugar das marcas nessa mesma apreciação. Nem mesmo a pandemia abrandou o ritmo da Dacia em Portugal, crescendo mesmo em termos de quota de mercado.

Imagem mais moderna

Os Sandero são agora muito mais estilizados, agradando ao olhar de quem vê pelo exterior. Linhas fortes que aparentam crescimento nas dimensões, embora apenas se diferencie de forma ligeira. Sobressai a assinatura luminosa em ‘Y’ na dianteira, mas também na traseira, com maior robustez. Assente na nova plataforma CMF-B do Grupo Renault, o Sandero está significativamente mais evoluído na condução – desde logo, pela posição de condução otimizada e pelo volante com acerto em altura e profundidade. Os bancos também oferecem conforto e bom suporte do corpo.

O interior tem desenho mais moderno, destacando-se nas versões experimentadas o ecrã central do sistema Media Nav com 8.0” e facilidade de utilização, mas também o suporte para o smartphone (logo ao lado do painel de instrumentos), o computador de bordo digital ou os muitos espaços de arrumação. Outras estreias em termos de funcionalidade: os sensores de luminosidade e de chuva, o travão de parque elétrico e os faróis com tecnologia LED, que garantem maior segurança na condução noturna. A chave de estilo ‘cartão’ também passa a estar disponível nos novos Sandero, permitindo arranque por botão. Esta apreciação é válida para ambas as versões de carroçaria, mas importa lembrar que o Sandero Stepway tem alguns detalhes exteriores específicos para um maior espírito crossover, como a altura ao solo elevada em 41 mm face ao Sandero de que deriva, ou as barras modulares de tejadilho.

Invariavelmente, o habitáculo é dominado pelos plásticos duros, mas de boa aparência, havendo ainda uma pequena faixa em tecido no tablier, que traz um outro ‘calor’ qualitativo.

Outro dinamismo

Com motorizações unicamente a gasolina (incluindo uma versão bi-fuel gasolina/GPL), pudemos experimentar o Sandero com motor 1.0 TCe de três cilindros com 90 CV e caixa manual de seis velocidades (estreia na marca) e o Sandero Stepway em igual versão de motor, mas com caixa CVT, usualmente menos preferida por quem aprecia a condução. Este motor é o mesmo que surge no Captur ou Clio, mas com menos 10 CV – regulações das emissões assim obrigam.

De arranque rápido e boa elasticidade de utilização, o motor 1.0 sobrealimentado permite ao Sandero ganhar ritmo de maneira eficaz e voluntariosa, com a caixa manual de seis velocidades a permitir recuperações apreciáveis. Com manuseamento muito melhorado (ainda que não perfeito), esta solução de caixa torna o Sandero mais ‘vivo’ e disponível para outros ritmos de condução, surgindo ainda botão ‘económico’ que restringe a entrega da potência e a climatização. No nosso percurso de cerca de 160 quilómetros (entre o Lagoas Park, em Oeiras, e o novo concessionário Renault/Dacia da MCoutinho, em Leiria), conseguimos uma média de consumo de 5,6 l/100 km, o que é um ótimo resultado, mas obtido através de condução regrada até pelas condições muito complicadas do piso e da meteorologia (com chuva intensa e vento forte ao longo de toda a viagem).

Por outro lado, a sua ligeireza (1120 kg), mesmo com o acréscimo de vários equipamentos, continua a ser argumento, pelo que também isso contribui para prestações agradáveis e comportamento seguro e muito mais neutro em curva – sem balanceamento significativo da carroçaria apesar do foco no conforto da suspensão. Também aqui, o Sandero dá um salto qualitativo, resultando mais sólido, robusto e ágil.

Saltando para o Sandero Stepway equipado com igual motor, mas caixa CVT, replicam-se a quase totalidade de apreciações, embora aqui haja uma diferença no aproveitamento do binário disponível pela transmissão. Mantém-se a sobriedade de reações e boas prestações, mas ao contrário do se imaginaria, a caixa não é intrusiva no ruído nem o seu funcionamento parece desfasado do momento de condução. Pressionando o acelerador a fundo – por exemplo, numa retoma – aumenta o ruído, notoriamente, mas não é avultado. Acaba até por ser cómoda de usar, naquele que será o seu melhor argumento. Porém, neste caso, faltou-nos efetuar mais quilómetros com o modelo equipado com caixa CVT para tirar melhores conclusões, até sobre os consumos, que superaram os sete litros por cada 100 quilómetros. Uma condicionante de percurso quase integralmente feito em autoestrada.

Em suma…

A primeira abordagem à condução dos novos Sandero mostrou uma evolução nítida em todos os aspetos, com construção mais moderna, plataforma mais evoluída que permite acréscimos na segurança, rigidez estrutural e vivência a bordo (pela habitabilidade e tecnologia embarcada), sem se desviar do seu propósito de preço acessível. A condução está muito melhorada e o Sandero tem condições muito fortes para ‘engordar’ ainda mais o pecúlio de vendas da Dacia na Europa e, muito concretamente, em Portugal.

Preços

Os preços para o novo Sandero não se alteraram. Aliás, a marca aponta até uma ligeira redução de custo na versão de entrada: 9000€ para o Sandero com motor atmosférico SCe 65 FAP no nível Access. Equipamento mais restrito e motor menos voluntarioso, mas que poderá cumprir o seu propósito em termos de preenchimento de requisitos para quem quer modelo simples e sem mordomias.


FICHA TÉCNICA
Dacia Sandero TCe 90 FAP Confort
Motor Gasolina, 3 cilindros, 999 cc, injeção direta, turbo
Potência 90 CV às 4600 rpm
Binário 160 Nm às 2100 rpm
Transmissão Tração dianteira, caixa manual de 6 velocidades
Aceleração 0-100 km/h 11,7 segundos
Velocidade máxima 178 km/h
Consumo combinado (WLTP) 5,3 l/100 km
Emissões CO2 combinadas (WLTP) 119/120 g/km
Preço 13.250€

Dacia Sandero Stepway TCe 90 FAP CVT Confort
Motor Gasolina, 3 cilindros, 999 cc, injeção direta, turbo
Potência 90 CV às 4500 rpm
Binário 142 Nm às 1750 rpm
Transmissão Tração dianteira, caixa automática CVT
Aceleração 0-100 km/h 14,2 segundos
Velocidade máxima 163 km/h
Consumo combinado (WLTP) 6,2 l/100 km
Emissões CO2 combinadas (WLTP) 140 g/km
Preço 16.050€

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