BMW 320 d: Regresso em forma e força

21/06/2019

A anterior geração do Série 3 alongou-se no tempo enquanto a BMW preparava o lançamento do novo modelo. O tempo de espera valeu bem a pena, uma vez que o novo Série 3 exibe postura de forma e força, respeitando uma tradição que também tem no dinamismo uma nota inconfundível. A ‘guerra’ no segmento das berlinas executivas parece estar ao rubro…

As mudanças são imensas nesta nova geração do Série 3 (denominado G20), sendo este modelo uma enorme evolução de competências face à anterior, sobretudo quando se olha para o habitáculo, onde a vertente tecnológica ganhou peso com mais possibilidades de conectividade e funcionalidades.

Exemplos disso são o painel de instrumentação digital (BMW Live Cockpit) com configuração variável (também em função dos modos de condução) e o ecrã central de grandes dimensões no topo do tablier, com visualização perfeita para o condutor. De notar que o sistema multimédia, na sua versão 7.0, é atualizável ‘over the air’, que é como quem diz sem necessidade de cabos, graças à Internet do próprio veículo (para a qual é preciso ter conta, note-se). O ecrã tátil de 10.25″ tem funcionamento intuitivo e visualização perfeita, sendo parte do opcional BMW Live Cockpit Professional (2840€)

No conjunto tecnológico, o opcional Assistente de Estacionamento Plus auxilia as manobras de estacionamento por via de uma câmara de 360º, mas conta ainda com um extra curioso – replica os derradeiros 50 metros feitos pelo condutor.

‘Ups, fizeram-no outra vez’

Perdoem-me a inspiração no cancioneiro não muito gracioso dos anos 1990, mas a BMW volta a ter neste modelo um porta-estandarte daquela que era uma das suas imagens de marca – o prazer de condução. Isto porque, dinamicamente, o Série 3 não renega o seu legado, que na anterior geração tinha recebido algumas críticas por ser demasiado ‘brando’ e não tão emotivo. Seriam as duas vertentes inconciliáveis?

Graças à nova plataforma CLAR com maior rigidez estrutural e baixo peso (concebida com alumínio em destaque), este 320 d sente-se ágil e progressivo em curva, sobretudo quando adotado o modo de condução Sport, que modifica os parâmetros como a resposta do acelerador ou a direção para maior desportividade. A posição de condução é fantástica, a direção é precisa e a entrada em curva faz-se com uma frente incisiva, acabando depois a traseira por seguir a trajetória desejada com notável eficácia. Emotivo na abordagem, o BMW Série 3 assegura para si o cetro de berlina média mais divertida de conduzir (ainda que o Alfa Romeo Giulia também entre aqui na batalha…).

Face ao modelo precedente, o novo Série é até 55 kg mais leve e 25% mais rígido no total do seu chassis, o que lhe permite então ser mais ágil e conciso nas passagens em curva. Além disso, baixa o centro de gravidade em 10 mm e a distribuição de pesos entre os dois eixos é de 50/50.

Nos outros dois modos, as respostas são mais progressivas e equilibradas e a impressão sempre constante é de enorme estabilidade direcional que, nos momentos certos, oferece ao condutor o seu desejado prazer de condução. Também importante é o facto de não o fazer às custas do conforto, já que o modelo bávaro sobressai também neste aspeto, conseguindo assim um equilíbrio bem medido entre dinâmica e conforto.

À sua eficácia também não será alheia a maior largura de vias (43 mm na dianteira e 21 m na traseira) e a distribuição de peso equitativa entre os dois eixos.

O motor 2.0 turbodiesel é particularmente expressivo na entrega da potência quando escolhido o modo Sport, ajustando-se para toada mais suave e progressiva no modo de maior eficiência (Eco), que modula a entrega da potência para ser mais gradual na transmissão dos seus 190 CV ao eixo motriz (traseiro). Aqui, pode-se tirar partido de condução ‘à vela’, poupando por isso nos consumos e nas emissões, o que é bem-vindo num modelo que nos devolveu um consumo médio de 6,6 l/100 km em condução quotidiana.

Numa avaliação mais sumária, este bloco com injeção direta resulta muito bem como complemento para as capacidades de dinamismo do Série 3, combinando prestações enérgicas com eficiência elogiosa. Aliás, regra geral, o 320 d parece ter mais fôlego do que os seus 190 CV oferecem, alicerçado ainda pelos 400 Nm de binário disponíveis logo às 1750 rpm, o que assegura, desde logo, elasticidade muito convincente em praticamente todas as situações. A aceleração dos zero aos 100 km/h em 6,8 segundos é sinal de uma competência muito interessante para este senhor alemão.

A caixa de oito velocidades tem atuação bastante suave e permite a extração de todo o potencial do motor, com passagens rápidas entre relações e possibilidade de utilização em modo sequencial por meio de patilhas atrás do volante. De igual forma, também não será alheia a opção por caixa de aptidão desportiva (210€), o que melhora os seus tempos de resposta.

Interior de qualidade

Por dentro, além de construção praticamente sem qualquer falha, nota para a utilização de materiais de elevada qualidade nos revestimentos, com ergonomia acertada (já mencionámos a posição de condução brilhante?), sendo que apenas a colocação do comando rotativo para o sistema de infoentretenimento poderia ser melhorada, já que está situada em posição escondida pela alavanca da caixa de velocidades.

De resto, habitabilidade ideal para quatro adultos, com conforto e bom suporte do corpo do ocupante em todos os lugares. Mesmo atrás, podem viajar dois passageiros com grande à vontade, passando a ter cotas de vivência entre as melhores do segmento. A largura continua a não ser a mais famosa, sendo também de referir que um passageiro no lugar centra terá de adaptar-se perante a presença do túnel central que é incontornável

A bagageira não muda o seu volume face ao modelo anterior – 480 litros – enquanto o acesso também não é brilhante, ainda que cumpra perfeitamente.

Usual nos modelos da marca bávara – e nas compatriotas dos anéis e da estrela, já agora – é a colocação na lista de opcionais de muitos equipamentos desejáveis, mas que ‘insuflam’ a fatura final que, na base, é de 50.352€. Afinal, tudo tem um custo… E o do 320d ensaiado chegava já aos 65.114€ com opcionais como o Pack Line Sport (2400€), instrumentação Sensatec (520€), assistente de estacionamento Plus (1035€) ou o Live Cockpit Professional (2840€), entre outros. De série, porém, também conjunto muito forte, com faróis LED, ar condicionado tri-zona ou sensores de estacionamento, de luminosidade e de chuva.

VEREDICTO

Com o seu novo Série 3, a BMW recoloca-se numa posição de destaque em segmento no qual os alemães têm ainda posição cimeira. Emotivo e competente na dinâmica, o 320 d ensaiado também não desaponta minimamente no conforto que oferece. Outros, como o Mercedes-Benz Classe C podem ter um pouco mais de conforto em mau piso, mas como nota de equilíbrio, o Série 3 é exemplar.

As prestações são também ponto forte, graças a um motor 2.0 turbodiesel de última geração que é reativo e, ao mesmo tempo, progressivo na forma como explana a sua potência por uma ampla faixa de rotações. Rápido e igualmente comedido nos consumos, o 320 d dá um passo em frente naquilo que se propõe no segmento das berlinas Premium médias, com um preço ajustado face ao que é proposto.

Um regresso em força e em forma para o Série 3, que volta a afirmar-se como uma das propostas mais apetecíveis neste segmento.

Características BMW 320 d
Motor Diesel, quatro cilindros em linha, 1995 cc, injeção direta, TGV, intercooler
Potência 190 CV às 4000 rpm
Binário 400 Nm às 1750-2500 rpm
Transmissão Traseira, caixa automática de oito velocidades com modo sequencial
0-100 km/h 6,8 s
Velocidade máxima 240 km/h
Consumo anunciado (medido) 5,0 l/100 km (6,6 l/100 km)
Emissões CO2 132 g/km
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4709 mm/1827 mm/1442 mm/2851 mm
Peso 1530 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/independente
Mala 480 litros
Pneus 205/60 R16 (ensaiado: 225/45 R18)
Preço (ensaiado) Preço: 50.352€ (65.114€)

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