À sétima geração, a BMW deu ao Série 5 um design mais moderno e próximo do Série 7, investiu no melhor da tecnologia – já com detalhes semiautónomos – e no espaço interior. O conforto e o equilíbrio nas curvas mantêm-se. O ‘rei’ tenta agora lutar com os recentes SUV premium.

Ao longo de mais de 40 anos, o executivo da BMW tornou-se numa referência para quem quer espaço e gosta de ter prazer na condução, ou não fosse esse o lema da marca bávara.

O G30, nome de código da nova geração, tenta dar continuidade aos méritos da geração anterior, F10, que vendeu uns recordistas 2,1 milhões de unidades e rivaliza diretamente com modelos como Mercedes Classe E, Audi A6 e o recente Volvo S60. Agora também sofre com a moda dos SUV, que começam a ter uma oferta premium mais alargada e levar alguns clientes dos executivos.

O novo Série 5 bebe muito do irmão maior, Série 7 – há quem diga que é uma espécie de mini Série 7 –, não só na estética e tecnologia, mas também na plataforma. Chama-se CLAR e utiliza elementos em aço de alta resistência, fibra de carbono e alumínio, o que permite reduzir em média 100 kg e beneficia a dinâmica e os consumos.

A BMW conseguiu, assim, apesar de aumentar o tamanho do Série 5 – tem 4,94 metros de comprimento, mais 36mm do que antecessor –, reduzir o peso e também reviu a suspensão. A distância entre eixos também cresceu 7mm e a mala atinge agora os 530 litros de capacidade – mais 10 litros do que anteriormente.

O interior foi atualizado, mantendo bons níveis de luxo e de requinte e apresenta agora um painel de instrumentos de alta resolução e um ecrã separado para o sistema multimédia no topo da consola central. Mas é a (muita!) tecnologia que se destaca mais no Série 5, já com função de condução semiautónoma disponível, bem como controlo de funções por gestos (ainda não dá para tudo e requer alguma habituação).

A versão que conduzimos (520d) é, na verdade, a de entrada na gama. Por baixo do capot temos o motor de 2.0 litros TwinPower Turbo de 190 cv, tal como o antecessor, e que combina com uma caixa automática de oito velocidades Steptronic, com tração traseira. Dos 0-100 km/h o 520d EfficientDynamics não mudou ao segmento anterior: continua a fazê-lo em 7,5 segundos, o que já é bem interessante.

A performance é, assim, vigorosa com respostas prontas q.b. e tem boas recuperações nas ultrapassagens, só não é repentino quando queremos arranques mais explosivos, mas para isso há outros motores bem mais potentes.

De exceção é a insonorização, onde os engenheiros da BMW dedicaram bastante tempo para reduzir o ruído do motor no interior, utilizando tecnologia a que deram o nome de Syntak (uma cápsula termoacústica que envolve o motor).

Ou seja, conduzir o 520d pode ser uma experiência suave, confortável, silenciosa e digna do luxo executivo que o modelo requer, aliado também à suavidade da passagem de velocidades da caixa automática com patilhas no volante. É, por isso, rei nas autoestradas.

Apesar de não ser tão ágil quando o 320d nas curvas e ser bem corpulento, o facto de ter perdido peso, manter uma direção minimamente direta e da carroçaria oscilar pouco, tornam-no num executivo que dá gosto conduzir, especialmente se colocarmos no modo Sport. Enquanto o modo standard, o Confort, privilegia o conforto, o modo mais desportivo o 520d mais brusco, com suspensão mais rígida e mais apelativo para aproveitar as curvas. Curiosamente sente-se pouco o lado divertido (e mais imprevisível) da tração traseira.

Os consumos prometidos são de 3,8 l/100 km mas no nosso teste, sem pensar em poupar, rodámos entre cidade e autoestrada, com médias de 7 l/100 km, ainda assim uma boa média para um executivo corpulento como este.

Tecnologia ao quadrado

A versão que conduzimos não vinha com vários extras, incluindo o da condução semiautónoma, o estacionamento remoto (oriundo do Série 7) ou a visão remota 3D – permite ter visão panorâmica do carro através de uma aplicação para smartphone, mas tinha pequenas mordomias, como a chave com ecrã digital, que permite ver a autonomia do 520d, ligar o ar condicionado, entre outras opções – o carregamento é feito dentro do próprio carro, por indução (basta colocar na zona certa e a bateria carrega).

Na lista de tecnologia há ainda o On-Street Parking Information (OSPI) e o ParkNow, que ajuda a encontrar espaços de estacionamento. Tem sincronização de calendário, correio de dados de contacto mediante o Microsoft Exchange.

Veredito

Mais espaçoso e evoluído tecnologicamente, a BMW não mudou tudo no novo Série 5 mas mudou o suficiente para fazer da sétima geração um executivo capaz de competir com o novo Mercedes Classe E e companhia.

 

João Tomé

 

FICHA TÉCNICA

Motor

Tipo – 4 cilindros em linha, injeção direta, geometria variável, turbo, diesel

Cilindrada (cm3) – 1995

Diâmetro x curso (mm) – 84 x 90

Taxa de compressão – nd

Potência máxima (cv/rpm) – 190/4000

Binário máximo (Nm/rpm) – 400/1750-2500

Transmissão, suspensão e travões

Transmissão – Tracção traseira; caixa automática 8 vel.

Suspensão (fr/tr) – Triângulos duplos/multi-link

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/discos ventilados

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s) – 7,5

Velocidade máxima (km/h) – 235

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,6/4,4/3,9

Emissões de CO2 (g/km) – 102

Dimensões e pesos

Comp./largura/altura (mm) – 4936/1868/1479

Peso (kg) – 1635

Capacidade da bagageira (l) – 530

Depósito de combustível (l) – 66

Preço base (€) – 56.000

Preço versão ensaiada (€) – 69.334

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