BMW 530e iPerformance: Executivo com o ambiente no pensamento

27/08/2018

Inaugurada a era da eletrificação na BMW por via da subgama ‘i’, a marca bávara decidiu estender muita da tecnologia desenvolvida nos i3 e i8 aos modelos de gama ‘comum’, atribuindo-lhes a denominação iPerformance.

Esse é o caso também da nova geração do Série 5, que chega com uma versão Plug-in híbrida, a 530e iPerformance, que conta com uma versão modificada do motor a gasolina do 530i (184 CV e 290 Nm), que se vale da tecnologia de sobrealimentação e de injeção direta, em associação a um motor elétrico de 113 CV e 250 Nm de binário máximo disponível do arranque até às 3170 rpm.

Para tornar o sistema motriz mais compacto, a BMW situou o motor elétrico no meio do bloco a gasolina e da caixa automática Steptronic de oito velocidades, aumentando dessa forma a rigidez e agilidade dinâmica para uma potência combinada de 252 CV e uma autonomia em modo totalmente elétrico de 47 a 48 quilómetros. Conta com uma bateria de iões de lítio de 9.2 kWh, que pode ser carregada numa tomada doméstica de 16 A em pouco menos de três horas. Encontra-se localizada sob o piso da bagageira, encurtando-a dos 530 litros para 410 litros.

Habilidade na estrada

A sua maior virtude é a capacidade para rodar de forma elétrica sempre que necessário, dispondo de modos distintos de atuação. O condutor pode ‘forçar’ o modo Elétrico a partir de um comando na consola central (MAX eDRIVE), embora tal só seja possível quando as baterias têm alguma carga presente.

Nas restantes ocasiões, o motor a gasolina vai intercalando com o elétrico, num modo híbrido de funcionamento aprimorado que passa entre um motor e outro sem sobressaltos ou solavancos, como sucede no modo por defeito – o Auto eDRIVE, que escolhe sempre o melhor motor para a ocasião. Enorme suavidade e refinamento geral, com modos de condução à disposição: os que irá utilizar mais amiúde serão os Eco Pro (e EcoPro+) e o Sport.

No primeiro, há primazia máxima à condução eletrificada e à poupança, com benefícios nos consumos e nas emissões, com o motor elétrico a assumir as ‘rédeas’ por diversas vezes. A resposta da unidade elétrica é bastante eficaz e é veloz, mas é quando unimos as duas mecânicas no modo Sport que as prestações ganham um outro fulgor. As acelerações são otimizadas com a combinação dos dois motores e permitem uma condução mais dinâmica que calha bem numa berlina de grande porte que não pode renegar ao seu lado mais desportivo mesmo quando o foco está na eficiência. A caixa de oito velocidades tem igualmente suavidade determinante numa condução sem sobressaltos.

Enfim, a condução não se diferencia em muito da de um Série 5 comum e isso é também o mesmo que mencionar que o seu comportamento dinâmico é exemplar, sendo bem filtrado no mau piso e eficaz nos percursos sinuosos. A direção precisa e a competência da suspensão tornam as viagens por estradas de curvas mais interessantes de explorar. Em suma, mecânica extremamente eficiente e chassis com configuração bem conseguida ao nível do amortecimento e de rigidez geral da estrutura, que lhe permite curvar sem mácula.

Só apontamentos positivos, então? Quase…

Dois apontamentos atrapalham a apreciação totalmente positiva do 530e iPerformance: nos momentos em que se exige uma recuperação de velocidade mais agressiva – quando se pressiona o acelerador a fundo depois de se estar em sétima, por exemplo – a caixa evidencia alguma confusão, tardando ligeiramente na escolha da relação mais adequada. Depois… intensidade máxima ‘por ali fora’. E também ‘perde’ bagageira.

Outro aspeto que vale a pena mencionar neste campo é o dos consumos. Apesar do consumo médio homologado entre os 2,1 e os 2,2 litros por cada 100 quilómetros, uma condução mais realista obtém valores que variam entre os cincos e os seis litros (5,4 l/100 km no nosso ensaio).

A grelha dianteira tem funcionamento ativo, o que quer dizer que, mediante as necessidades de refrigeração, pode abrir ou fechar para assim melhorar a aerodinâmica…

Porém, como dado curioso, fica o detalhe: dos 200 quilómetros percorridos no teste, cerca de metade cumpriu-se em modo elétrico! Ou seja, na circunstância ideal, carregando a bateria em casa ou no trabalho, os cerca de 30 ou 35 quilómetros de autonomia permitidos pela bateria servem para o quotidiano e para as viagens urbanas sem necessidade do motor a gasolina. Poupar-se-á muito nas idas à bomba de gasolina.

Interior requintado

Ponto no qual a BMW não ‘brinca em serviço’ é na qualidade geral e aqui o 530e não ‘degenera’: requinte exemplar com materiais de primeira linha e montagem sem falhas, algo que é apanágio da companhia bávara e que neste segmento também é usual. O painel de instrumentos digital carece de alguma habituação até se perceber todo o seu funcionamento, mas, depois, é mais uma utilidade a ter em conta, o mesmo se podendo dizer do sistema de infoentretenimento, bastante avançado e que tem por base um ecrã tátil associado a comando rotativo na consola central (que na base permite escrita tátil). Serviços de conectividade e ligação a Internet são outras mais-valias deste sistema que vem incluído no Pack Business Plus (1739€).

Na bagageira, os cabos têm arrumação dedicada – um em bolsa específica em que depois de se tirar é um ‘cabo’ de trabalhos para recolocá-lo no seu interior (sem trocadilhos…) e outro em fundo falso também em saco.

Com muita tecnologia de ponta, como o já referido conjunto multimédia e os assistentes de segurança, os preços do 530e iPerformance começam nos 64.390€ para a versão sem patilhas atrás do volante (ensaiada) e nos 64.550€ para a que apresenta as patilhas para a troca de mudanças. A versão ensaiada com o Pack Desportivo M, opcional por 4759€ (volante desportivo em pele, kit aerodinâmico, bancos dianteiros desportivos, assistentes de estacionamento e jantes de 19″ com pneus Runflat (245/40 à frente e 275/35 atrás), tinha um custo de 74.259€.

VEREDICTO

Com o 530e iPerformance, a BMW dá um passo certeiro na ‘guerra’ pela eficiência. Assume que o melhor de dois mundos é a aliança de um bloco a gasolina a uma unidade elétrica para uma prestação conjunta que mostra dinamismo e eficácia assinalável, sobretudo quando se ‘insiste’ – como deve de ser – na qualidade do sistema de carregamento em tomadas externas. Aí, este Série 5 torna-se bem mais funcional ao permitir andar por cidade sem ruído e sem emissões, mas com resposta dedicada do motor a eletrão.

Combinados os dois motores, ganha desportividade, algo que o chassis também não descura, dotando esta berlina de uma ótima polivalência que o refinamento geral também ajuda.

O custo está ajustado e, como ‘arma’ de eficiência ecológica, a BMW dificilmente poderia ter jogado cartada mais contundente.

FICHA TÉCNICA
BMW 530E IPERFORMANCE
Motor térmico: Gasolina, 4 cilindros em linha, injeção direta, turbo+intercooler
Cilindrada: 1998 cm3
Potência: 184 CV às 5000-6500 rpm
Binário máximo: 290 Nm às 1350-4250 rpm
Motor elétrico
Potência: 113 CV/83 kW
Binário: 250 Nm
Bateria: Iões de lítio, localização traseira, 9.2 kWh
Potência combinada: 252 CV
Binário combinado: 420 Nm
Suspensão Dianteira: MacPherson, independente, barra estabilizadora
Suspensão Traseira: Independente, barra estabilizadora
Tração: Traseira
Caixa: Automática de oito velocidades (Steptronic)
Aceleração (0-100 km/h): 6,2 segundos
Velocidade máxima: 235 km/h
Consumo médio anunciado (medido): 2,1 l/100 km (5,4 l/100 km)
Emissões de CO2: 44 g/km
Peso: 1845 kg
Bagageira: 410 litros
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4936/1868/1483
Distância entre eixos (mm): 2975
Pneus: 245/40 R19 (F)-275/35 R19 (T)
Preço base (ensaiado): 64.390€ (74.259€)

MAis: Eficiência de funcionamento, prestações, requinte geral, comportamento dinâmico, modo elétrico.

Menos: consumo algo elevado, preço dos opcionais.

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