Citroën C3 Aircross: Tem a certeza que precisa de um jipe?

26/06/2021

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Há automóveis que ocupam um lugar especial na memória coletiva. O Citroën 2CV é um desses carros: despretensioso, barato e acima de tudo prático. Era ainda um automóvel que não se deixava intimidar pela escolha de caminhos por onde circular, sendo frequente vê-lo no campo, onde se sentia tão à vontade como na cidade. O 2CV terá sido provavelmente um dos primeiros SUV, muito antes do conceito ter sido inventado.

O C3 Aircross reflete a aposta da Citroën para o mercado nacional numa variante que representa 47,1% do segmento B que totaliza 46,4% das vendas de veículos ligeiros. Não é de estranhar, por isso, que tenha chegado a altura de ser renovado Depois de estar há 4 anos no mercado, as mudanças são algumas, a começar pela frente que ganhou uma personalidade mais vincada com a nova assinatura luminosa a surgir como um prolongamento do duplo Chevron, tal como acontece nos mais recentes modelos da marca. É possível escolher entre jantes de 16” ou 17”, que em conjunto com as opções de cores do tejadilho, carroçaria e moldura do pequeno vidro de cortesia traseiro chegam às 70 combinações possíveis.

A bordo há muita luminosidade, fruto das generosas áreas vidradas, que ainda é possível melhorar se se optar pelo tejadilho de abrir panorâmico. A habitabilidade é muito boa, e sendo uma opção que irá agradar às famílias, é bom saber que no banco de trás há mais espaço para as pernas e como está montado numa posição mais alta, permite uma maior visibilidade também para os ocupantes dos lugares traseiros. O volume da bagageira pode ser configurado entre os 410, e os 520 litros graças à função deslizante do banco de trás. Depois há o conforto, que é um orgulho da marca francesa, e no C3 Aircross foi reforçado com a montagem dos novos bancos Advance Comfort, que possuem espuma de alta densidade, e pudemos comprovar que são mesmo muito confortáveis. Têm acabamentos de boa qualidade, com pormenores como o pesponto da costura com a forma do Chevron, sendo pena não proporcionarem grande apoio lateral.

Ao centro do tabliê encontramos o ecrã tátil, que aumentou de 7 para 9 polegadas, mas a interface mantém-se igual, continuando a ser algo confusa de operar. A segurança não foi esquecida, e existem agora 12 ajudas à condução, bem como serviços conectados para navegação, rádio DAB, entre outros. A informação importante pode ser monitorizada no head-up display a cores, sendo projetada numa lâmina de plástico retrátil.

Vão estar disponíveis duas motorizações Diesel, e duas a gasolina. Experimentámos um de cada: o 1.5 BlueHDI de quatro cilindros com 110 cv, e caixa manual de seis velocidades, mostrou-se muito competente e disponível em todos os regimes no trajeto misto que efetuámos com consumos a rondar os cinco litros aos 100 quilómetros. Não nos pareceu especialmente ruidoso até chegar a vez do 1.2 Puretech de três cilindros, também com caixa manual de seis velocidades e 110 cv. Na versão a gasolina praticamente não se ouve o motor. A potência é igual e o desempenho é expedito, mas como o binário é menor, (205Nm) para 250Nm no 1.5 BlueHDI, obriga a um maior recurso à caixa de velocidades.

A prova de fogo seria o pequeno trajeto fora de estrada, onde a Citroën fez questão que testássemos as capacidades do C3 Aircross. Ao início pensámos que não fosse mais do que uns estradões de terra batida, até percebermos que em partes do percurso teríamos de passar pequenos ribeiros, e noutras situações subidas e descidas íngremes com pouca tração. A apreensão inicial rapidamente se transformou em espanto ao perceber que o C3 Aircross ultrapassou todos os obstáculos com destreza graças à sua altura em relação ao solo e a ajuda preciosa do Grip Control com Hill Assist Descent.

Prático, ágil, contortável e despretencioso, o Citroën C3 Aircross bem que pode ser o herdeiro atual do legado do 2CV. Ainda acha que precisa mesmo de um jipe?

Vão estar disponíveis as seguintes versões: 1.2 PureTech 110 cv e caixa manual de seis velocidades (19 307 €), 1.2 PureTech 130 cv e caixa automática de seis velocidades (24 107 €), 1.5 BlueHDi 110 cv e caixa manual de seis velocidades (21 817 €), 1.5 BlueHDi 120 cv e caixa automática de seis velocidades (27 007 €).