Citroën C5 Aircross, Legionário francês em Marraquexe

04/12/2018

O SUV francês vestiu a farda de legionário e apresentou-se ao serviço em terras marroquinas. O Motor 24 conta-lhe tudo sobre uma viagem com pedras pelo caminho

“Uma pedra na mão de um amigo é uma maçã”. Lembrei-me deste antigo ditado popular marroquino quando ultrapassei dois jovens empoleirados numa velha moto, pelo lado de fora de uma estrada perdia nas cordilheiras do Atlas, e vi um deles, o que seguia à pendura, a gesticular e a vociferar algo entre o francês e o árabe. Não era a primeira vez que saíra da via para semelhante manobra. Chegara há poucas horas a Marrocos e já conduzira o novo Citroën C5 Aircross pelo meio de uma feira, nos arredores de Marraquexe, desviando-me a cada metro de crianças, idosos, motos, bicicletas, carros, carroças e todo o tipo de geringonças que se possa imaginar. Não foi o caso de ter parado para regatear o preço de algumas preciosidades à venda, registe-se. Mas, se o tivesse feito, teria tido a oportunidade de experimentar in loco a maior bagageira do segmento, com 580 litros de capacidade, estendíveis a 720 litros com o rebatimento dos três bancos traseiros individuais, deslizantes e reclináveis. Assim tivesse conseguido estacionar este SUV no meio do caos. Não acertar em nenhum local já foi, por si, missão suficiente.

Pedras no caminho
Durante os dois dias de apresentação, as aventuras automobilísticas foram sempre superadas com enorme agilidade e um conforto surpreendente, muito graças às suas suspensões com batentes hidráulicos progressivos e aos bancos Advanced Comfort que equipam o novo C5 Aircross. Com estes sistemas, mesmo as investidas mais intempestivas, a pisar a gravilha numa ultrapassagem, por exemplo, pareceram meras brincadeiras de criança. Tal como aconteceu na referida manobra com os dois jovens marroquinos. Por uns escassos segundos, ainda pensei que me cumprimentavam à minha passagem. Só depois reparei que eram gestos de raiva e que tinha acertado com uma pedra num deles. Não havia ali amizade, mas ódio. Nem uma maçã, mas sim uma pedra que acertou em cheio numa cabeça liberta de capacete ou de qualquer outra forma de proteção. Havia saltado, seguramente, de um pneu, no momento da ultrapassagem, realizada depois de duas buzinadelas, indiferentes para os seus ouvidos.

Decidi ser responsável, afinal estava ali a trabalho, e acelerei. Fugi, se quisermos rigor. Quem nunca o fez que atire a primeira pedra. Era também uma oportunidade única para testar não apenas o Grip Control com Hill Assist Descent, como também a excelente elasticidade do motor 2.0 TDI de 180 cv de potência, o primeiro que me coube em sorte na apresentação internacional do SUV francês, porventura, o menos interessante para o mercado nacional, quando chegar em janeiro, mas de extremíssima utilidade para o delicado momento em questão.

Sem regateios
Nas estradas em redor de Marraquexe, com um parque automóvel, no mínimo, ancião, um modelo como o C5 Aircross dificilmente passaria despercebido. Com 4,50 m de comprimento e com um visual musculado e aventureiro, onde não faltam elementos gráficos como os Airbump, barras no tejadilho, jantes de grandes dimensões (720 mm de diâmetro) e uma distância ao solo de 230 mm, este SUV impõe a presença de um legionário francês em solo marroquino. Até porque o contingente militar do modelo, presente na região, durante os dias de apresentação, não foi propriamente pequeno.

Em determinados pontos do Atlas, o sistema de navegação perdeu-se um pouco, admitamos, mas nada que comprometesse o programa ou os horários. A viagem, de resto, foi sempre confortável. Além da enorme suavidade de rolamento e da completa ausência de ruídos parasitas, o Citroën C5 Aircross dispõe de vários argumentos para tornar aprazível a vida a bordo, casos do cluster digital TFT de 12,3” e do tablet tátil de 8” com ecrã capacitivo. Tecnologias de apoio à condução de última geração, e que necessárias são por estas bandas, são duas dezenas, contando ainda com um dispositivo de condução autónoma designado Highway Driver Assist, de nível 2, a que se juntam seis outras tecnologias avançadas de conectividade.

Quando chegar a Portugal, o SUV trará todas as suas armas em matéria de motores. A gasolina são duas as propostas: o propulsor 1.2 PureTech de 130 cv e caixa manual de seis velocidades (€27.150 na versão Live) e o 1.6 PureTech de 181 cv e caixa automática de oito (€29.650 na versão Feel). Já a gasóleo são três os motores: 1.5 BlueHDi de 130 cv (€31.850 ou €33.700, na versão Live, consoante conte, respetivamente, com caixa manual de seis ou automática de oito); e, por fim, a variante 2.0 BlueHDi de 180 cv, apenas disponível na versão de Shine, por €41.750. E não adianta regatear o preço.

Ficha técnica
Citroën C5 Aircross PureTech*
Motor: 1.6 gasolina
Potência máxima: 180 cv às 5.500 rpm
Binário máximo: 250 Nm às 1.650 rpm
Velocidade Máxima 219 km/h
Consumo médio 5,7 l
Preço: €29.650
*Caixa automática de oito velocidades e versão Feel

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