Segundo modelo da Aiways a ser lançado em Portugal, o U6 é mais um passo em frente na consolidação de uma marca ainda jovem, mas com grandes ambições. De formato SUV coupé tão em voga, o novo modelo exibe bons detalhes e alguns outros ainda a carecer de algum trabalho até ao lançamento, que deverá ocorrer em meados deste ano. No geral, as primeiras impressões foram bastante boas.

A marca chinesa escolheu Portugal para fazer a apresentação internacional do seu novo U6, que segue as pisadas do U5 como uma proposta de estilo SUV, mas de cariz mais desportivo, com inspiração nos coupés, nomeadamente a partir do pilar B para trás. No entanto, é justo dizer-se que as semelhanças com o U5 são parcas, com o estilo deste novo U6 a ser um dos seus grandes argumentos.

Tal como o seu ‘primo’, tem por base a plataforma elétrica MAS, mas com maior rigidez e recurso a aço e alumínio para um peso total em redor dos 1700 kg, o que lhe permite ser eficiente e, ao mesmo tempo, suficiente ágil e rígido para abordar as curvas de forma confiante. Mas já lá iremos.

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O interior tem ótima conceção, com detalhes bastante interessantes, desde logo com bancos desportivos de maior suporte do corpo nos lugares da frente e com espaço a rodos, tanto à frente, como atrás, proporcionando uma grande sensação de desafogo para todos os passageiros.

Há dois painéis digitais em destaque no interior, nomeadamente, o de 14.6″ para o controlo do sistema de infoentretenimento ao meio, de fácil interação e com a possibilidade de integrar Android Auto e Apple CarPlay, embora as unidades de teste ainda fossem pré-série, portanto, ainda não executadas de forma final (ao ligar o Android Auto, surgia mensagem a indicar precisamente isso, que o sistema estava ainda em desenvolvimento e que não podia ser comercializado).

A funcionalidade do sistema de infoentretenimento é bastante boa, com a grande maioria das aplicações controláveis a partir daí, em tecnologia nativa da Aiways, mais fácil para atualizações posteriores de software e dos próprios sistemas de atuação do veículo. A alavanca ao estilo iate para selecionar a condução (‘D’, ‘N’, ‘R’ ou ‘P’) é pormenor curioso, enquanto os espaços de arrumação são em grande número na consola central.

O U6 está perto daquilo que se pode considerar um ambiente premium, surpreendendo como uma proposta bastante bem concebida, com construção rigorosa, mesmo sendo ainda pré-séries. Nota para a grande quantidade de revestimentos macios ao toque e elementos em alumínio, não faltando também iluminação ambiente integrada capaz de oferecer 360 opções de iluminação. O tejadilho panorâmico de grandes dimensões também ajuda a ‘inundar’ o interior com luz, com a marca a referir que este é o tejadilho em vidro mais resistente da indústria automóvel da atualidade.

Boas prestações

Em termos de motorização, a Aiways apresenta um sistema denominado AI-PT, que foi desenvolvido pela marca, com maior potência de pico do que no U5, ou seja, 160 kW/218 CV, com 315 Nm de binário máximo. Face a estes números, a aceleração dos zero aos 100 km/h decorre em menos de sete segundos (6,9 s), enquanto a velocidade máxima está limitada eletronicamente a 160 km/h.

Com modos de condução diferenciados (‘Eco’, ‘Normal’, ‘Sport’ e ‘Pedal’, este para maior regeneração), alteram-se os grafismos dos ecrãs e também o desempenho motriz, sendo notoriamente mais despachado no modo mais desportivo, ganhando velocidade de forma bastante rápida. Ainda assim, num detalhe menos positivo que a marca promete ainda melhorar até ao lançamento, as recuperações com pé direito ‘a fundo’ evidenciam um pequeno momento de indecisão, causando um breve ‘vácuo’ na entrega da potência.

Já o comportamento dinâmico pareceu-nos bastante interessante, com solidez de rolamento em mau piso e boa estabilidade em tiradas mais sinuosas, naquele que é um exemplo de bom trabalho de acerto para os gostos dos condutores europeus – atreitos a modelos dinâmicos, mas também desejosos de conforto em estradas não raras vezes em mau estado. Já o tato do pedal de travagem deve ser melhorado, tendo uma primeira parte de curso pouco evidente, enquanto a outra metade é demasiado sensível.

A bateria está concebida em ‘sanduíche’, com células CATL e capacidade de 63 kWh, o que lhe permite anunciar até 405 quilómetros de autonomia, de acordo com o ciclo WLTP, com consumo misto entre 15.9 e os 16.6 kWh/100 km. No nosso primeiro contacto por estradas lusas, ao cabo de um percurso de 91 quilómetros, obtivemos uma média de 14.2 kWh/100 km, o que é um valor bastante elogiável e muito abaixo do anunciado.

Já no que diz à potência de carregamento, a Aiways indica que pode recarregar de 30 a 80% em 30 minutos quando ligado a uma tomada rápida CC de 90 kW, sendo este o máximo, num valor que não é brilhante, atendendo já a alguma da concorrência. Já a potência de carregamento máxima em CA é de 11 kW (trifásica).

Quanto aos sistemas de assistência, a Aiways não fica a dever a muitas das marcas rivais, propondo onze sistemas de assistência ao condutor com AI-Drive de série, possibilitando uma condução autónoma de nível L2+. Os sensores e o software dos sistemas foram desenvolvidos e implementados em conjunto com a Continental e a Mobileye.

Neste primeiro contacto dinâmico, achámos o desempenho do sistema excessivamente intrusivo, sobretudo em autoestrada, enquanto o nível de alertas sonoros (por apitos) obriga a silenciá-los no ecrã central assim que possível, uma vez que a panóplia de sons se torna demasiado presente.

A Aiways é comercializada em Portugal em modelo de agência. A rede de agentes continua em desenvolvimento e terá cerca de dez pontos com cobertura nacional.

Em suma…

O novo U6 é um passo certo para a marca chinesa no seu objetivo de tornar-se numa presença mais comum nas estradas europeias. Além do design bem conseguido, com uma distância entre eixos que garante bastante espaço a bordo, o U6 revela ainda muitos bons detalhes na construção e na conceção do interior, além de vertente tecnológica reforçada e mais europeia.

A dinâmica surpreende positivamente, não sendo efetivamente um desportivo, mas com boas respostas e muita segurança em praticamente todas as situações. O potencial está lá, restando à divisão europeia da Aiways, sediada em Munique, na Alemanha, limar as arestas em termos de performance, reação da travagem e nos sistemas de segurança para ter uma proposta de alto nível para por em sentido as marcas já com muitos anos no mercado europeu.

FICHA TÉCNICA
Aiways U6 Prime 63 kWh
Motor elétrico: Síncrono de íman permanente, singular
Potência: 160 kW/218 CV
Binário: 315 Nm
Bateria: Iões de lítio, 63 kWh
Transmissão: Dianteira, caixa automática de relação única
Aceleração 0-100 km/h: 6,9 s
V. Máxima: 160 km/h (limitada)
Consumo médio (WLTP): 15.9-16.6 kWh/100 km
Autonomia elétrica (WLTP): 405 km
Carregamento (0-100%): 7h a 11 kW (AC trifásico); 35 min. de 20-80% a 90 kW
Dimensões: (C/L/A) 4805/1880/1641 mm
Distância entre eixos: 2800 mm
Pneus: 235/45 R20
Peso: 1790 kg
Bagageira: 472-1260 litros
Preço: 42.500€ (provisório)

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