A propósito da apresentação internacional do novo Citroën ë-Berlingo Multispace, modelo de passageiros 100% elétrico com base no Berlingo comercial, a marca francesa permitiu-nos efetuar um contacto com toda a gama de veículos elétricos em França, não faltando o ë-Spacetourer, o ë-C4 e o irreverente Ami para demonstrar o seu empenho para com a eletrificação.

O caminho da eletrificação é irreversível e as marcas aceleram os seus planos de transformação. O caso da Citroën é paradigmático quanto a este processo, com a marca do Grupo Stellantis a ter atualmente uma gama ampla de modelos 100% elétricos, que compreende o quadriciclo Ami, a berlina ë-C4, o ë-Spacetourer e os ë-Berlingo (em configurações de mercadorias e de passageiros), a que se junta ainda o eletrificado C5 Aircross Plug-in.

Dedicámos maior atenção ao ë-Berlingo por razões naturais. Tirando partido da plataforma multi-energias EMP2 e de muitas das ferramentas do Grupo Stellantis, como a bateria de iões de lítio de 50 kWh e o motor de 100 kW/136 CV, o ‘ludospace’ francês aponta a um mercado muito específico de clientes que buscam versatilidade e conforto em associação a baixos custos de utilização e a uma menor pegada ambiental.

Num trajeto de cerca de 60 quilómetros, ficámos agradavelmente surpreendidos com a disponibilidade e com a descontração possibilitada pela versão elétrica ë-Berlingo, numa transformação face à versão de combustão que não lhe retirou versatilidade. Aliás, mantém, os três lugares independentes na segunda fila e duas versões de carroçaria, uma mais curta (M) e outra mais comprida (XL), a qual dispõe de sete lugares opcionalmente.

Graças ao binário elétrico (260 Nm), a ë-Berlingo nunca acusa dificuldades para aumentar o ritmo, fazendo-o com suavidade e bom isolamento acústico, garantindo que o interior permanece relativamente isolado do barulho exterior. Utilizando o modo ‘Eco’ de condução, que limita a potência e algumas das funcionalidades acessórias, a entrega da potência é mais linear, mas igualmente agradável, permitindo maior eficiência.

Um comando na consola central permite variar o modo de condução, com o ‘Eco’ a oferecer 60 kW de potência e 180 Nm de binário que chegam para a grande maioria das ocasiões. O modo ‘Normal’ amplia a potência e o binário disponíveis para 80 kW e 210 Nm, respetivamente, sendo uma boa aposta para a condução quotidiana. Pisando o acelerador a fundo (despoletando uma função ‘overboost’) ou ativado o modo ‘Power’ tem-se acesso aos 100 kW e aos 260 Nm, livrando o condutor de qualquer ‘aperto’ ocasional, como numa ultrapassagem, sendo também o modo mais aconselhável para viagens com mais peso a bordo.

A autonomia concedida pela bateria de iões de lítio de 50 kWh é de 280 quilómetros, com o nosso trajeto de cerca de 60 quilómetros a apontar para um valor realista, até porque a regeneração da energia influencia positivamente este considerando. O consumo médio foi de 15.3 kWh/100 km com passagens por autoestradas e estradas nacionais e urbanas, chegando ao final do percurso com 80% da carga restante.

Em termos de acerto geral, esta ‘ludospace’ está claramente orientada para a vida familiar com foco no conforto, promovendo uma boa absorção das irregularidades do piso, sem com isso privar de uma estabilidade interessante em curva, tirando claro partido da colocação da bateria sob o piso entre os eixos para baixar o centro de gravidade. Destaque ainda para a boa manobrabilidade em ambiente urbano, graças a uma direção leve. Em termos de apresentação das informações, a condução também beneficia com o surgimento de um painel de instrumentos digital e com o head-up display, um sistema que não encontra paralelo no segmento.

Em suma…

Após este primeiro contacto por estradas francesas, percebe-se que o ë-Berlingo corresponde exemplarmente às expectativas enquanto veículo familiar de boas prestações e com bons compromissos em termos de modularidade interior e de competência familiar. Mesmo que este estilo de automóveis não esteja envolto em enorme sucesso, é ponto assente que a Citroën quer manter o seu estatuto neste segmento, até porque é o Berlingo quem mais vende entre os seus pares. A versão elétrica acrescenta credenciais ecológicas e de desempenho muito interessantes.

Os preços da gama ë-Berlingo arrancam nos 34.981€ para a versão base Feel com a carroçaria M, passando pelos 36.411€ da versão Shine e terminando nos 37.311€ da versão Shine Pack. A carroçaria XL está disponível unicamente com o nível de equipamento Shine Pack, tendo um preço de 38.511€.

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