Contacto DS7 Crossback: Uma boa surpresa para início de ‘conversa’

10/12/2017

Prestes a chegar ao mercado, o DS7 Crossback representa para a marca de requinte do Grupo PSA o princípio de uma nova era, na medida em que este é o primeiro automóvel criado de raiz sob a filosofia DS de diferenciação, tecnologia e luxo ‘à francesa’. Uma abordagem multifacetada que tem neste crossover um resultado capaz de surpreender em diversos aspetos.

Visualmente, o DS7 Crossback é uma visão bastante arrojada, com equilíbrio entre linhas curvilíneas e outras de traço reto, além de dispor de uma grelha de grandes dimensões e de detalhes verdadeiramente apelativos ao olhar. Entre eles, os dois conjuntos de óticas: na frente, o sistema DS LED Vision com iluminação dinâmica é desde logo um dos predicados chamativos, sendo que atrás o destaque vai por inteiro para as ‘escamas’ talhadas no próprio farolim para uma imagem arrojada que tem poucos rivais no mercado. Frente ao classicismo germânico, a DS quis contrapor uma linguagem estética muito própria, um pouco como a Lexus faz com os seus modelos para posicionar-se de forma distinta.

Mas é no interior que este DS se mostra um produto completamente renovado para melhor, com uma combinação de materiais e revestimentos de elevadíssima qualidade que variam entre o couro Nappa, a Alcantara e a madeira, dependendo do ambiente escolhido para este DS7 Crossback. Cada um tem elementos específicos, cabendo ao Opera o de topo. A junção entre painéis tem grande solidez, havendo também que contar com o desenho mais moderno que resulta vanguardista em diversos pontos.

Por exemplo, o ecrã tátil central de 12 polegadas surge na consola com um ‘filete’ horizontal logo abaixo onde se encontram os comandos de acesso rápido a diversas funcionalidades, como a ambiência (que o condutor pode selecionar e que pode ter massagem nos bancos dianteiros, cor diferente e outros elementos configuráveis e memorizáveis), sistema áudio, navegação, climatização e ajustes de outros sistemas. No meio dessa fila está o botão rotativo de volume.

Para o condutor, instrumentação digital com parâmetros adaptáveis ao seu gosto, que podem incluir informações de condução, áudio ou de navegação. As portas dianteiras, desprovidas de comandos, apresentam, contudo, uma interessante abordagem luminosa no puxador, imitando também aqui as ‘escamas’ dos farolins traseiros. A bordo, outros detalhes de requinte: a parceria com a B.R.M Chronographes possibilita que o DS7 Crossback conte com um relógio animado exclusivo – B.R.M R180 – que surge instalado no topo do tablier, rodando sobre si quando o veículo liga o motor.

Atrás, onde o espaço nos pareceu bastante generoso em todos os aspetos, valorizando-se as cotas para as pernas dos ocupantes traseiros e a altura interior, nota ainda para um segundo botão junto ao do elevador dos vidros elétricos nas portas, que permite reclinar o encosto traseiro. Um toque de conforto suplementar para quem vai atrás. O mesmo se pode aplicar ao nível de insonorização, que é bastante bom.

Ao volante: conta e medida

Na apresentação em Paris, tivemos a oportunidade de contactar com os novos motores 1.6 Puretech de 225 CV e com o 2.0 BlueHDi de 180 CV, ambos associados a uma nova caixa automática EAT8 (com conversor de binário), cuja estreia na marca é feita com o Peugeot 308 já este mês de dezembro.

O motor 1.6 a gasolina proporciona um nível de respostas muito consistente, com elasticidade e vigor desde muito baixas rotações, demarcando-se também pela facilidade de ganhar ritmo quando necessário, naturalmente beneficiando da caixa automática para ajudar a tirar o melhor partido possível deste bloco a gasolina bastante evoluído e com 300 Nm de binário.

O 2.0 Diesel, por seu turno, é mais ‘intenso’ numa faixa que se inicia a partir das 1700 rpm, possibilitando desde logo mais força por virtude um binário mais elevado (400 Nm). Também este motor tira partido da conveniência da caixa automática, sobretudo na obtenção de recuperações muito velozes. Ambos exibem respostas muito semelhantes, embora pertença ao Puretech um maior fôlego nas rotações superiores, o que é natural uma vez que é um motor com nível de rotações mais elevado e mais 45 CV e isso também ajuda a fazer a diferença.

Capítulo no qual este DS7 Crossback surpreende positivamente é no da dinâmica, com a escolha de um eixo traseiro multibraços a ajudar grandemente à obtenção de um comportamento muito certinho, que promove condução despachada e que nos percursos mais sinuosos contém bem o rolamento da carroçaria. Fá-lo, contudo, mantendo uma proverbial dose de conforto para os ocupantes, fruto de um amortecimento muito eficiente que deixa os ressaltos e desníveis no asfalto e não os transmite de forma muito vincada ao interior. Os modos de condução disponíveis – Sport, Neutro e Comfort – mudam alguns parâmetros dos modelos, como a direção, atução da caixa ou respostas do acelerador, bem como o amortecimento, mas nunca o DS7 parece passar a ser um desportivo puro, como também não abdica do lado confortável. Mas sai-se bem e mesmo quando provocado evidencia boa aderência, fruto também da boa conceção da plataforma EMP2.

Para a condução mais envolvente, mesmo tratando-se de um SUV, a DS recorre a uma suspensão avançada denominada DS Active Scan Suspension que, através de uma câmara dianteira, consegue ‘ler’ o asfalto até cinco metros adiante e preparar a suspensão para um eventual buraco ou lomba.

Em suma, o primeiro esforço da DS no campo dos crossovers Premium sobressai como uma proposta evoluída, bem conseguida e com uma condução fácil que pode dar-se ao luxo de andar em ritmos mais elevados, mesmo que o seu objetivo seja sempre o de oferecer uma experiência de condução suave e confortável.

Quanto a equipamentos, o DS7 Crossback terá versões Be Chic, So Chic e Grand Chic, sendo esta última a mais dispendiosa e aquela que serve de base ao La Première. Além destas, juntam-se depois os ambientes para o interior: Bastille, Rivoli, Faubourg, Opéra e Performance Line. Marca orgulhosamente francesa, evoca diversos locais emblemáticos do país, com exceção da Performance Line, que encaixa aqui apenas como uma variante de visual mais desportivo. Cada um tem materiais e elementos distintivos.

Para já ainda só estão disponíveis os preços associados à edição especial La Première, sendo que esta tem por base o nível de equipamento de topo, a Opera, pelo que o grosso dos modelos deverá começar bem abaixo dos preços que vão ser reproduzidos de seguida. Com muito equipamento incluído – quase tudo, sendo exceções o DS Night Vision e o DS Park Pilot de estacionamento automático – o DS7 Crossback com motor Puretech de 225 Cv terá um custo de 53.500€, enquanto a versão com o BlueHDi de 180 CV terá um preço de 61.000€. Ainda assim, muito por alto, segundo estimativas da marca, os preços para os outros modelos (chamemos-lhe mais acessíveis) deverão situar-se na casa dos “30 mil a 40 mil euros”.

Se a ‘nova’ DS começa aqui, eis um início promissor que mostra que esta nova marca da PSA, criada pela intenção de Carlos Tavares, está a ser levada muito a sério e que cumpre os critérios essenciais para incomodar os modelos da Audi, BMW e Mercedes-Benz, mas também os ‘outsiders’ do segmento, como os Alfa Romeo Stelvio, Volvo XC40 e Jaguar E-Pace.

FICHAS TÉCNICAS
DS7 Crossback THP 225 EAT8
Motor: Gasolina, quatro cilindros, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 1598 cm3
Potência: 225 CV/6000 rpm
Binário máximo: 300 Nm/1900 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Automática de oito velocidades (EAT8), conversor de binário
Aceleração (0-100 km/h): 7,9 segundos
Velocidade máxima: 225 km/h
Consumo médio: 5,9 l/100 km
Emissões de CO2: 133 g/km
Peso: 1380 kg

DS7 Crossback BlueHDi 180 EAT8
Motor: Diesel, quatro cilindros, injeção direta, TGV, intercooler
Cilindrada: 1998 cm3
Potência: 180 CV/3750 rpm
Binário máximo: 400 Nm/2000 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Automática de oito velocidades (EAT8), conversor de binário
Aceleração (0-100 km/h): 8,9 segundos
Velocidade máxima: 207 km/h
Consumo médio: 4,8 l/100 km
Emissões de CO2: 125 g/km
Peso: 1495 kg

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