Com uma atualização tão profunda, a Porsche não olhou a meios para fazer do Cayenne um SUV ainda mais completo, refinado, dinâmico e eficiente. Em grande destaque está a melhoria da versão híbrida plug-in (PHEV) do Cayenne, a E-Hybrid, que dá mais um passo rumo à eletrificação, com uma autonomia que pode chegar aos 90 quilómetros, em ciclo urbano WLTP. Fomos a Salzburgo, na Áustria, para ficarmos a conhecer melhor o renovado Cayenne.

Com uma presença no mercado já extensa, o Cayenne está hoje rodeado de concorrentes, a grande maioria lançados por marcas que se lançaram mais tarde neste proveitoso segmento, pelo que a Porsche tem aqui um capital de experiência que pode rentabilizar a seu favor, seguindo ao mesmo tempo as tendências do setor automóvel.

Por fora, as mudanças tornaram o Cayenne mais apelativo e musculado, sobretudo quando equipado com as jantes de 22”, como as das unidades de teste. Tanto na configuração SUV ou Coupé, o Cayenne ficou mais agressivo por intermédio da dianteira redesenhada, com guarda-lamas mais arqueados, novo capot com saliências que lhe dão maior robustez e novos faróis que ajudam a realçar a largura do veículo. Os faróis passam a contar com tecnologia LED Matrix de série, com assinatura luminosa mais impactante e inspirada no Taycan, podendo ser ainda melhorados por ação da tecnologia LED HD Matrix com ajuste automático do feixe de máximos em função do trânsito, não faltando até alerta para os peões que circulem na estrada.

Atrás, as luzes traseiras tridimensionais e um novo para-choques traseiro, com suporte de matrícula integrado, caracterizam o design da traseira do novo modelo.

Interior de excelência

A bordo, o Cayenne está novamente num patamar referencial, sendo aqui que se percebe bem o salto dado pela Porsche em matéria de tecnologia embarcada. A apresentação do Porsche Driver Experience é decalcada do Taycan, com um conceito de controlo e visualização completamente revisto.

Antes de entrarmos no campo tecnológico, vale a pena notar que o ambiente interior é luxuoso e muito cuidado, repleto de materiais nobres (como couro ou Alcantara) e de construção exemplar, sendo um regalo para os olhos e para os sentidos. Tanto à frente como atrás, diga-se, onde há espaço mais do que suficiente para as pernas de ocupantes adultos.

Com um painel de instrumentos digital (sem pala) de 12.6 polegadas e sistema head-up display (opcional), o condutor tem todas as informações à sua disposição, num estilo típico Porsche, ao mesmo tempo que posiciona as principais funções importantes para a condução em redor do condutor. Melhoria significativa é a colocação em grande destaque na consola central de uma consola de comando para a climatização, demonstrando facilidade de acesso sem ter de desviar os olhos da estrada (embora o painel preto brilhante possa ficar sujo com dedadas). Com esta mudança, o seletor da caixa de velocidades passa para o tablier, logo atrás do volante, à sua direita.

O outro componente do Porsche Driver Experience é o grande ecrã central tátil de 12.3 polegadas que completa o visual curvo do tablier, a partir do qual é possível aceder ao sistema Porsche Communication Management (PCM) e no qual se ajustam todas as funções relevantes do veículo. São também fornecidas aplicações como Spotify e Apple Music para otimizar a conectividade do novo Cayenne.

A marca indica que procurou obter, com o novo Porsche Driver Experience, o equilíbrio certo entre elementos digitais e analógicos e parece-nos que conseguiu melhorar substancialmente a experiência de utilização a bordo, sobretudo para o condutor.

O melhor lugar? Ao volante

Fiel à sua tradição de marca desportiva, a Porsche tem no Cayenne um SUV que não renega a sua herança, dando ao condutor uma experiência rica e intensa quando necessário. Pudemos experimentar a versão E-Hybrid melhorada para oferecer maior eficiência e prestações condizentes com o seu estatuto. Aproveitando o motor V6 turbo de 3.0 litros, a marca juntou um novo motor elétrico, que ganhou 30 kW para debitar um máximo de 130 kW (176 CV) com 460 Nm de binário máximo.

O novo motor elétrico está integrado na caixa automática de oito velocidades, dispondo de um novo íman e de corrente fásica do inversor incrementada para conseguir a melhoria de potência e de binário. No total, o Cayenne E-Hybrid debita então 470 CV com 650 Nm de binário conjunto, o que lhe vale uma aceleração dos zero aos 100 km/h em 4,9 segundos, para uma velocidade máxima de 254 km/h.

As prestações são bastante boas, com este Cayenne a oferecer uma postura desportiva bastante aparente, muito por ‘culpa’ do motor elétrico, sempre que este é chamado a intervir para ajudar a ganhar velocidade. Para o seu peso e dimensões, o Cayenne E-Hybrid tem prestações que suplantam largamente as exigências, acompanhando-se também da sonoridade do motor V6 que continua a ser de deleite para quem aprecia este tipo de motorizações. No modo ‘Sport’ (rodando o comando no volante), a potência é entregue de forma mais agressiva e abrupta, sendo então que este SUV ‘liberta’ todo o seu potencial – a eficácia em curva é impressionante, valendo-se de um chassis que é dos melhores.

A suspensão pneumática adaptativa com duas câmaras e duas válvulas melhora a experiência geral, não só suavizando o mau piso (mesmo com jantes de 22”), como também afinando a precisão em curva e o controlo da carroçaria. A direção é contributo efetivo para isso, bem como o eixo traseiro direcional, que torna as trajetórias muito mais lineares e confiantes. O sistema de travagem carece de alguma habituação, devido à regeneração para a bateria de iões de lítio, mas corresponde com exatidão às necessidades.

Uma vez abordado o tema híbrido, refira-se que o sistema elétrico é de grande mais-valia, desde logo por permitir bons desempenhos em modo elétrico, sublinhando o bom trabalho feito na insonorização. A bateria regista um aumento na sua capacidade de 17.9 kWh para os 25.9 kWh, apontando uma autonomia elétrica de até 90 quilómetros em ciclo citadino WLTP (dependendo do equipamento). Em ciclo misto, o valor homologado está entre os 66 e os 74 quilómetros.

A autonomia elétrica superior aos 50 quilómetros pareceu-nos facilmente alcançável, mesmo com tiradas mais intempestivas por percursos de montanha, que são tudo menos comedidos para com os consumos. Ainda assim, o Cayenne E-Hybrid registou bons consumos gerais, com um valor final de 8,1 l/100 km, obtido maioritariamente com o modo de condução ‘Hybrid’ selecionado e poucas considerações para com a poupança.

O equipamento de série do Cayenne foi significativamente alargado ao incluir os já indicados faróis em LED Matrix, Porsche Active Suspension Management, mas também as jantes de 20 polegadas, ParkAssist à frente e atrás incluindo câmara de marcha-atrás, e carregamento por indução do smartphone.

O preço da versão Cayenne E-Hybrid começa nos 112.197€ (115.272€ na variante Coupé).

Em suma

O primeiro contacto com o renovado Cayenne deixa transparecer precisamente a mensagem que a Porsche procura transmitir: a de que este SUV sofre aqui uma renovação profunda que vai além das simples mudanças circunstanciais. As alterações têm consistência e são tão abrangentes que fazem do Cayenne um automóvel efetivamente superior face ao SUV que se encontrava à venda.

O interior é um progresso evidente em todos os sentidos, sobretudo na matéria tecnológica, proporcionando requinte e sofisticação que agradará aos clientes da marca alemã, ao passo que a condução mantém os créditos de ampla competência, saindo até muito reforçada pela consistência no rolamento e pela precisão em curva sem penalizar o conforto.

Por fim, falta abordar a vertente híbrida que é essencial para uma abordagem mais equilibrada para os condutores que apostam também numa redução dos consumos, sem retirar a emoção e o empenho (ou a sonoridade) de um motor V6 sempre pronto a subir de nível. E de velocidade, claro.

FICHA TÉCNICA
Porsche Cayenne Coupe E-Hybrid 3.0 V6
Motor de combustão: V6, injeção direta, turbo, intercooler
Cilindrada: 2995 cc
Potência: 304 CV entre as 5400 e as 6400 rpm
Binário: 420 Nm entre as 1400 e as 4800 rpm
Motor elétrico: Síncrono de íman permanente, 130 kW/176 CV, 460 Nm
Bateria: Iões de lítio, 25.9 kWh
Potência combinada: 470 CV
Binário combinado: 650 Nm
Transmissão: Integral, caixa automática de oito velocidades
Aceleração 0-100 km/h: 4,9 s
V. Máxima: 254 km/h
Consumo médio (WLTP): 1,5 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP): 33 g/km
Autonomia elétrica (WLTP): 66-74 km
Carregamento (0-100%): 2h30 a 11 kW (AC trifásico)
Dimensões: (C/L/A) 4930/1983/1674 mm
Distância entre eixos: 2895 mm
Pneus: 255/55 R20 (D) – 295/45 R20 (T)
Peso: 2530 kg
Bagageira: 434-1344 litros
Preço: 115.272€

*Em Salzburgo, Áustria.

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