Acredite o leitor que o aspeto exterior não faz, de forma alguma, jus à enorme evolução experimentada pelo Renault Clio de nova geração, a quinta de uma história que começou em 1990. Com chegada prevista para o mês de setembro, o novo utilitário da marca francesa dá um enorme passo em frente e concretiza a pretensão da Renault de que este é o melhor Clio de sempre.

São sapatos muito grandes para o Renault Clio ‘calçar’: a quarta geração foi líder de mercado em Portugal desde que foi lançada e um dos modelos mais vendidos a nivel europeu, pelo que o novo modelo tinha grandes responsabilidades. Mas, conduzidas as duas versões iniciais do novo Clio, com as motorizações a gasolina TCe de 100 CV e de 130 CV, aquilo que se pode dizer é que o Clio evoluiu praticamente em todas as áreas, com destaque para o da qualidade interior. Aqui, salto direto para o topo do segmento.

Impressiona a quantidade de materiais macios ao toque (no tablier, consola central e numa grande extensão das portas) e o cuidado posto na construção do habitáculo, a que se junta ainda as grandes possibilidades de personalização. Na apresentação internacional que decorreu entre Lisboa e Évora, pudemos sentir como o novo modelo evoluiu na condução, estando agora mais próximo de um Mégane na forma sólida e adulta como se comporta em estrada aberta. Bem isolado em termos acústicos, esse é o primeiro atributo que se destaca no novo Clio, isolando muito bem o habitáculo dos ruídos exteriores.

Ao mesmo tempo, aplicação interessante das noções de ergonomia, com comandos bem posicionados (os da climatização independentes) e manuseamento simplificado do sistema Easy-Link através do grande ecrã central tátil de 9.3″ posicionado na vertical. Uma grande ajuda na vivência a bordo, que tira partido de bom grafismo e de novas funcionalidades de conectividade, como a navegação com informações de trânsito em tempo real, as indicações também em tempo real dos preços dos combustíveis e informações de pesquisa fornecidas pelo Google, entre outros itens. Pelo lado negativo, insiste a Renault no volume do áudio por via tátil e ainda por cima em posição estranha no ecrã central – do lado direito. Claro que o volume pode ser controlado pelo manípulo atrás do volante, mas também esse poderia ser um pouco mais intuitivo.

Depois, a forma como se conduz, tendo agora uma enorme solidez geral, sobretudo em mau piso ou empedrado, denotando um bom trabalho no capítulo do amortecimento e do chassis no seu geral, tirando partido da nova plataforma CMF-B, que confere novos trunfos em matéria de rigidez e de peso geral (o peso da estrutura nua ‘body in white‘ é 22 kg menor do que no anterior).

Curvando muito bem e com segurança, há aqui uma nova competência de rigores no Clio, fazendo aquilo a que se propõe de forma muito válida e capaz de agradar aos condutores exigentes do quotidiano. Só a acutilância da direção parece destoar um pouco, mas apenas quando se adota uma atitude mais desportiva, algo para o que o Clio não parece estar muito inclinado na maioria das vezes.

Quanto a dimensões, mede 4.05 metros de comprimento, 1,80 m de largura e 1,44 m de altura, sendo mais curto (1,4 cm), mais largo (6,7 cm) e mais baixo (0,8 cm) do que o atual Clio. Os bancos são confortáveis e, se o espaço a bordo não parece ter melhorado significativamente, a bagageira sim, passando a apresentar agora 391 litros de capacidade nos gasolina.

Motores ‘espevitados’

Na gama de motorizações, há espaço para muitas opções, com o lançamento a fazer-se com dois motores a gasolina: 1.0 TCe de 100 CV com caixa manual de cinco velocidades e o 1.3 TCe desenvolvido em conjunto pela Aliança Renault-Nissan e pela Daimler, com 130 CV associado a uma caixa automática EDC7 de dupla embraiagem.

Ambas primam pela ausência de vibrações e pelo funcionamento muito suave, sendo mais versátil e dinâmico o modelo mais potente com 130 CV, naturalmente, tirando partido de um bloco muito elástico e redondo na oferta da potência disponível, impulsionando-se para toadas velozes com facilidade e sem queixumes.

Por outro lado, num maior equilíbrio entre prestações e consumos, o novo 1.0 TCe tem mais 10 CV do que o anterior 0.9 TCe, denotando também boas prestações e suavidade geral, ainda que a caixa manual de cinco velocidades pudesse ter mais uma relação para melhor compromisso em autoestrada. Cumprindo, sem surpreender, esta mecânica é enérgica, ainda que exija mais frequentemente o recurso à alavanca da caixa para manter a o ritmo desejado. Já o manuseamento da caixa beneficiaria com maior precisão e com um punho da alavanca mais reduzido no seu volume…

Além destes dois motores a gasolina, a gama Clio terá ainda duas outras variantes também a gasolina, mas principalmente pensadas para as frotas, os SCe de 65 CV e de 75 CV, uma opção bi-fuel GPL com base no TCe de 100 CV e duas variantes Diesel com base no motor Blue dCi de 85 CV e de 110 CV. A complementar tudo isto, uma vertente híbrida ‘pura’ com motor 1.6 atmosférico associado a um motor híbrido e a uma bateria de iões de lítio de 1.2 kWh. Chega no início de 2020.

Além disso, o novo Clio traz consigo uma grande panóplia de elementos de segurança, com destaque para o cruise control adaptativo, assistente de ângulo morto e reconhecimento de sinais de trânsito.

Em suma…

O novo Clio está mais robusto e melhor em todos os seus aspetos, desde a maturidade de condução à qualidade do interior, que deu um grande passo em frente. O exterior não impressiona por aí além pela diferença face ao modelo anterior, mas em modelo que tem vendido tanto e tão bem, valeria a pena alterar o design de forma significativa? Os responsáveis da Renault acharam que não e, provavelmente, preferiram jogar pelo seguro. Mas, em tudo o resto, desde a competência de condução à conectividade, passando ainda pelos motores mais evoluídos, com destaque para a possibilidade de montar uma versão híbrida. Até lá, os dois blocos TCe serão escolhas óbvias… Por fim, quanto a preços, nada ainda está definido pela Renault Portugal para a nova geração, esperando-se notícias neste campo daqui a algumas semanas.

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