Pensado para reduzir consumos e emissões, o sistema ‘mild hybrid’ da Suzuki atribui um maior cunho de eficiência ao Vitara, que continua a ser um dos modelos mais importantes na marca japonesa, sobretudo pelo que representa na combinação entre competências dentro e fora de estrada.

Num primeiro contacto com o renovado Vitara nas estradas em redor de Madrid, Espanha, procurámos saber de que forma estas mudanças técnicas serviram para tornar o todo-o-terreno (utilização para a qual permanece muito talhado) mais eficiente, cumprindo as normas de emissões de CO2 da União Europeia já para 2020, mas, ao mesmo tempo, mantendo a sua personalidade versátil.

Em estreia no Vitara está, então, um novo motor 1.4 a gasolina e um igualmente novo sistema micro-híbrido de 48 volts (ou SHVS, acrónimo para Smart Hybrid Vehicle by Suzuki), que ao longo de 2020 chegará também ao S-Cross e ao Swift Sport, ao passo que o Ignis e a gama Swift irão receber uma evolução do sistema de 12V com base no novo motor 1.4 a gasolina estreado no Vitara. Esse bloco de quatro cilindros BoosterJet (com o código interno K14D) exibe uma série de melhoramentos que visaram dois campos: o aumento da eficiência térmica e a melhoria das prestações e da suavidade de condução.

A eficiência de combustível é, de resto, reforçada pelo sistema de injeção direta com um sistema de injeção de sete orifícios que permite otimizar o controlo da quantidade, o tempo e a pressão do combustível injetado. Além disso, adota uma taxa de compressão aumentada para 10,9, sincronização variável das válvulas de admissão elétrica (VVT) e recirculação de gases de escape refrigerados (EGR), debitando 129 CV de potência e 235 Nm de binário desde as 2000 rpm, uma ligeira melhoria face aos 220 Nm do seu antecessor.

Já o novo sistema SHVS integra gerador ISG (Integrated Starter Generator) 48V que abrange uma função de motor elétrico, uma bateria de iões de lítio de 48 volts e um conversor de 48V a 12V DC/DC. Além de atuar durante os momentos de rearranque no sistema Stop-Start, este gerador consegue também auxiliar o motor de combustão durante as acelerações ou retomas. O motor elétrico fornece uma potência extra de 10 KW (14 CV) e, além disso, faz funcionar o motor Boosterjet ao ralenti, eliminando a utilização de combustível durante a desaceleração para reduzir ainda mais o consumo.

À disposição dos jornalistas estavam unidades com sistema de tração 4WD AllGrip, que permite selecionar entre diferentes modos de atuação, como o ‘Snow’, ‘Normal’, ‘Sport’ e um diferencial bloqueável para condições de aderência mais complicadas.

Ao volante, a primeira impressão é a de boa insonorização da unidade motriz, não só ao ralenti, mas também em andamento, sobressaindo depois pela desenvoltura proporcionada pela combinação das unidades a gasolina e elétrica. Com escalonamento curto da caixa manual de seis velocidades, o motor BoosterJet é bastante eficaz a subir de regimes, servindo por isso para toadas mais ritmadas. É nas recuperações, porém, que melhor se sentem os préstimos da eletrificação, com o binário elétrico a contribuir para animar o desempenho do motor 1.4, logo desde as 1200 rpm.

Confortável com as jantes de 17 polegadas, o Vitara mantém igualmente uma boa estabilidade geral nos percursos mais sinuosos, com boa resposta direcional e segurança para o condutor. Mas, a sua ideia fundamental é o conforto e o automóvel da Suzuki está em muito bom plano nesse aspeto.

Outro ponto positivo: os consumos. A Suzuki revela valores médios homologados (WLTP) de 5,7 l/100 km para o Vitara 4×2 e de 6,2 l/100 km para o Vitara 4×4 (sistema AllGrip). Já as emissões de CO2 são de 129 g/km e de 141 g/km, respetivamente, em ciclo WLTP, mas em ciclo NEDC, importantes para as contas da média da gama, são mais baixas: 104 e 111 g/km, respetivamente. No nosso percurso, duas opções efetuadas, uma mais variada na tipologia e com passagens urbanas e de serra e, a outra, dominada por autoestrada. Na primeira, obtivemos uma média de 6,3 l/100 km, enquanto na segunda chegámos a um valor muito comedido de 5,1 l/100 km, embora justificado pelo perfil do percurso.

Além disso, a marca nipónica também demonstrou a eficácia do Vitara em percursos fora de estrada, com um desempenho mais do que competente para lidar com terrenos mais difíceis, mesmo com pneus de estrada e não para terra ou lama, como era o caso do dia do contacto dinâmico.

Sem grandes mudanças, o interior pauta-se pela correção na construção e funcionalidade, ainda que na sobriedade geral o único ponto facilmente identificável como melhorável é a excessiva utilização de plásticos rijos, algo que fica patente sobretudo no interior das portas, que mereciam um pouco melhor. De resto, espaço mais do que adequado para adultos de estatura média atrás, embora os ocupantes desses bancos se sentem em posição ligeiramente mais elevada do que os da frente. De igual forma, o sistema de infoentretenimento poderia ser mais atual, sobretudo ao nível do grafismo. Porém, cumpre a sua missão.

A gama é relativamente simples, como já atrás foi referido, com duas versões de tração (4×2 e 4×4) e dois níveis de equipamento (GLE e GLX), havendo ainda campanha de desconto (1300€) proposta pela Suzuki. Os preços arrancam nos 23.956€ para o Vitara 4×2 GLE, passando para os 25.835€ na variante AWD. Já a versão GLX parte dos 26.243€ para o 4×2, culminando nos 28.122€ do AWD.

Em suma

A aplicação de tecnologia micro-híbrida no Vitara deu-lhe maior eficiência e uma arma mais eficaz para lidar com a imposição das emissões atuais, ao mesmo tempo dando-lhe uma performance melhorada na generalidade das situações. Em modelo de grande competência geral, este SUV/TT (dependerá de quem procura o quê) satisfaz quem deseje funcionalidade com custos de utilização um pouco mais reduzidos.

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