A premissa original que juntou ao essencial, a simplicidade e um preço justo tornou o Duster num sucesso de vendas. Desde o seu lançamento em 2010, em 11 anos de vida já foram vendidos quase dois milhões de unidades. Agora na 3ª geração chegou a altura do necessário facelift para não correr o risco de ficar desatualizado, mas será que continua a ser uma proposta sem concorrência?

 

Tratando-se do modelo mais importante no portefólio da marca romena, a Dacia encarou esta revisão com o devido cuidado para não alienar a sólida base de clientes espalhados pelo mundo. As diferenças no design exterior são subtis, sendo novidade a frente que adota a nova linguagem visual transversal aos restantes modelos da marca: uma nova grelha e assinatura luminosa diurna em LED com a forma de “Y” sendo também replicado nas óticas traseiras. Há ainda um novo spoiler traseiro e jantes de 16 e 17 polegadas desenvolvidas em túnel de vento para um baixo coeficiente aerodinâmico e consequentemente reduz os consumos e emissões de CO2, que no caso da versão 4×4 chegam às 5,8g/km.

O design pode ser subtil, mas é assertivo e já tem a mão do novo diretor, Miles Nurnberger que deixa assim de desenhar desportivos de luxo para os abastados fãs do famoso espião dos filmes 007 aceitando o desafio de um fabricante de automóveis para as pessoas comuns.

No interior as mudanças recaíram em tecidos novos e mais confortáveis para os estofos, juntamente com encostos de cabeça nos lugares dianteiros com um perfil mais estreito que facilita a visibilidade aos passageiros que viajam no banco traseiro. Há ainda uma nova consola central deslizante com apoio para o braço e 1,1 litros de capacidade para arrumação de objetos e tomadas USB para quem vai atrás poder carregar os dispositivos eletrónicos. Onde quer que se toque os plásticos continuam a ser duros, mas a qualidade e a montagem são indicadoras de que sobreviverão bem à passagem do tempo.

O valor acrescentado aparece em conveniências como a ativação automática das luzes de máximos, limitador de velocidade com comandos no volante e um novo sistema de infotainment com um ecrã tátil de 8” com um funcionamento expedito e funções acrescidas à medida que se sobe de versão. Na mais equipada “Prestige” temos Apple Carplay e Android Auto sem fios, ar condicionado automático, cruise control, câmara de marcha atrás e alerta de ângulo morto, ou ainda a possibilidade de monitorizar o desempenho fora de estrada nos mostradores específicos: altímetro, inclinómetro e bússola na versão 4×4.

 

No primeiro contato que tivemos na apresentação feita nos arredores de Paris, em França, conduzimos a versão com o motor 1.3 turbo de quatro cilindros TCe 150 2WD EDC 150 cv e 250 Nm. Como é de esperar, a boa visibilidade que a posição de condução alta proporciona, transmite uma agradável sensação de controlo sobre o que se passa à nossa volta. O volante não permite grande ajuste e o banco podia ser mais confortável, no entanto utilizando as regulações lombares e em altura (opcionais) do banco, é mais fácil encontrar uma posição de condução adequada. A afinação da suspensão foi feita para privilegiar o conforto em detrimento que um desempenho mais dinâmico, por isso, o Duster passa por piso em mau estado sem darmos por isso e até mesmo buracos e lombas são ultrapassados com o atrevimento de um SUV com potencial para algo mais hardcore. A caixa automática EDC é a opção acertada para esta motorização demonstrando grande suavidade e rapidez nas passagens, mesmo utilizando a alavanca em modo sequencial. O motor tem muita disponibilidade desde os regimes mais baixos e os 0-100 km/h são cumpridos em menos de 10 segundos. O comportamento em curva é previsível e não oscila muito lateralmente graças ao seu baixo peso (1388 kg), desde que se adote uma condução relaxada.

Para os jornalistas confirmarem as aptidões do Duster em ambiente off-road, a Dacia criou um percurso especialmente preparado para a versão 4WD Blue dCi de 115 cv e caixa manual. Com a ajuda de um instrutor a bordo e a primeira mudança engrenada, lá fomos ultrapassando os obstáculos um a um praticamente sem ser necessário tocar no acelerador: primeiro o cruzamento de eixos em que uma das rodas fica completamente no ar foi facilmente resolvido com a ajuda do controlo de tração. De seguida o desafio seria a inclinação lateral, com um grau de dificuldade acrescido, mas ultrapassado com a ajuda do inclinómetro e das câmaras laterais com direito a um elogio do instrutor: “estamos nos 30 graus, excelente! O máximo são 40°”. Antes do desafio final foi possível verificar a excecional brecagem, com um apertado ângulo de viragem numa curva apertada a ser efetuado de uma só vez, incomum em SUV e até mesmo nos jipes. Por fim foi necessário transpor um fosso com água no fundo em que tanto a entrada, como a saída tinham inclinações bastante acentuadas. Os 210 mm de altura ao solo e os ângulos: 30° de ataque, ventral de 21° e 33° de saída permitiram superar mais este desafio sem pestanejar.

Por fim a versão do Duster que acreditamos que irá ter bastante sucesso no nosso país: a opção bi-fuel gasolina/GPL ECO-G 100 2WD de 100 cv com caixa manual de seis velocidades. Instalado onde costuma estar o pneu sobresselente, o depósito específico para GPL foi aumentado em 50% ficando agora muito próximo dos 50 litros e a autonomia combinada supera os 1200 km. A bagageira não é afetada e conta com 478 litros de capacidade. Com o Gás Petrolífero Liquefeito a um preço aproximadamente metade do diesel, o Duster bi-fuel é uma opção muito atrativa ainda que os consumos quando circula em modo GPL sejam um pouco mais elevados. A comutação para GPL é feita através de um botão e a transição é linear e impercetível, voltando a passar para gasolina sempre que o depósito chegue ao fim. Existe um indicador específico para o nível de Gás Petrolífero Liquefeito, por isso sabemos sempre qual o nível do depósito sem ter de adivinhar. O pequeno três cilindros sobrealimentado nunca nos pareceu subdimensionado com qualquer dos combustíveis que circulámos. O turbo garante que temos sempre motor disponível sem necessidade de um recurso exagerado à caixa de velocidades para uma utilização agradável tanto em cidade como em autoestrada.

Com prestações modestas, mas honestas, o Duster é um automóvel que continua fiel às suas origens e encaixa bem no seio de uma família pela segurança e espaço que oferece, com polivalência para contemplar as vertentes profissional e lúdica quer através das motorizações, como de acessórios disponíveis para uma personalização à medida.

Preço das unidades testadas:

TCe 150 2WD EDC: a partir de 21 900€

4WD Blue dCi de 115 cv; caixa manual: a partir de 22 800€

ECO-G 100 2WD de 100 cv: a partir de 16 850€

Restante oferta:

TCe de 90 cv: a partir de 14 400€

TCe 130: a partir de 18 500

Blue dCi 114 4×2: a partir de 20 600€

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