DS 3 Crossback 1.2 PureTech 130: Corte e costura à francesa

15/07/2019

O DS 3 Crossback é um bom exemplo do que é a alta-costura gaulesa: uns toques de excentricidade, uma boa dose de requinte e a habilidade de não passar despercebido. Aliás, graças ao seu estilo peculiar, este SUV de segmento B Premium vai chamando a atenção por onde passa, mesmo que a ‘roupagem’ preta da versão ensaiada lhe retire algum do magnetismo tão valorizado por este tipo de modelos.

O plano de expansão da DS Automobiles prossegue a bom ritmo e, no plano de lançamento de seis modelos até 2025, a companhia de requinte do Grupo PSA lança o seu segundo automóvel de nova geração, assente em nova plataforma multienergia CMP que também permite eletrificação e que traduz aqui uma nova competência na produção em termos de ligeireza e conectividade.

Assim, só primeiro modelo da ‘nova’ DS, o DS 7 Crossback, um SUV de segmento superior que apresentou uma imagem vanguardista, junta-se agora o mais pequeno DS 3 Crossback, que replica muitos dos seus conceitos de estilo e equipamentos, sobretudo com a adoção das mesmas temáticas do diamante e requinte nos pequenos detalhes, como são os puxadores das portas embutidos – apenas quando se destranca o veículo, o puxador sobressai da carroçaria de forma a permitir o acesso.

Mas esse é apenas um detalhe, mais um. O estilo é tudo no caso da DS e este pequeno SUV é disso um bom exemplo: secção dianteira com a grelha de grandes dimensões, os faróis estilizados, a carroçaria elevada face ao solo e os pilares B com uma solução estética que, certamente, não é comum. Mas, já se percebeu que a DS Automobiles não quer ser igual aos outros. Na versão ensaiada, com o motor 1.2 PureTech de 130 CV, a linha escolhida era a Performance Line, que traz consigo insígnias exclusivas, jantes de 17 polegadas (com as de 18″ opcionais por 850€) e de desenho igualmente especial, a par de detalhes ligeiramente mais desportivos. Tudo envolto numa discreta cor negra que esconde muitos dos seus detalhes.

No interior, prosseguem os ideais de requinte à francesa, tal como já havia ficado patente no DS 7 Crossback. Detalhes geométricos em formato de diamante estão igualmente presentes, como os que enclausuram os botões de comando dos sistemas multimédia e de climatização, que são táteis, mas que nem sempre reagem à primeira à pressão dos dedos, sobretudo durante a condução. Servem de atalho para o ecrã tátil centrado mais acima no tablier, que domina a paisagem no tablier, com 10 polegadas de dimensão. Para o condutor, painel de instrumentos também digital com variação de informação consoante o gosto do condutor – ou destaque para a navegação ou um formato minimalista.

Depois, os bons padrões de revestimentos do habitáculo, tanto no tablier como nas portas, com Alcantara bem visível, mas que, como não poderia deixar de ser, não renega a algumas concessões: a zona inferior do habitáculo está concebida, aí sim, com mais plásticos duros, onde naturalmente a mão não vai muitas vezes e onde é possível conter custos. Afinal, convém não esquecer que estamos na presença de um modelo de segmento B. Premium, sim, mas B. Nas portas, o pormenor curioso de ter o puxador em posição mais inferior. A posição de condução é elevada, mas bastante boa, dispondo ainda de sistema head-up display (500€) para apresentação de informações ao condutor.

Ponto menos positivo é a congregação de botões com o mesmo formato na consola central junto à alavanca da caixa – nem sempre se acerta no comando certo à primeira e, por vezes, até se ‘vai’ ao botão do travão de estacionamento, situado na mesma fila dos comandos dos vidros elétricos.

Sendo um modelo bastante compacto, o espaço atrás não é fantástico, situando-se na média do seu segmento – permite viagens sem complicações para dois passageiros de estatura média. Já a entrada e a saída desses lugares, também por via do ângulo de abertura das portas traseiras, exige alguma destreza. A bagageira, com 350 litros é interessante para esta gama de veículos.

Fácil de guiar

Já disponível numa ampla gama de modelos da PSA, o motor 1.2 PureTech de três cilindros, injeção direta e turbo, consegue ser um bom aliado para aproveitar as capacidades do DS 3 Crossback. Associado a uma eficiente caixa automática de oito velocidades, bastante competente no aproveitamento da potência e da elasticidade deste motor, este pequeno SUV oferece boas prestações com um ligeiro toque de desportividade proporcionado também pelas patilhas atrás do volante para as passagens de caixa. Por isso e graças também à ligeireza do conjunto, este motor responde com muita vontade, subindo de regimes de forma rápida e, com isso, ganhando velocidade sem dificuldades.

Com modos de condução disponíveis, vale a pena usar e abusar do modo ECO para maior economia, suavizando as respostas do acelerador e permitindo solução de condução em modo ‘roda livre’ quando não há carga no acelerador. Um detalhe que ajuda a poupar combustível, para um consumo médio que ronda a casa dos seis litros. No nosso ensaio, 6,5 l/100 km são bom cartão-de-visita, atendendo a que se tratou de uma condução normal e sem cuidados suplementares quando a média anunciada pela marca é de 6,2 l/100 km no ciclo WLTP.

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O comportamento deste SUV revela um bom equilíbrio entre conforto e dinamismo, mesmo que no caso da versão Performance Line, com as jantes maiores, tenha um pouco mais de aptidões desportivas. Naturalmente, a carroçaria inclina-se de forma notória em curva, mas admite margem de progressão nas suas respostas que lhe dão segurança, mesmo que não seja propriamente emocionante de conduzir. Sê-lo-á muito mais pelo facto de estar a conduzir algo de maior requinte e exclusividade do que pelo arrojo de o ‘atirar’ para uma curva e sair dela emocionado. Mas, também não seria justo pedir-lhe isso.

Na relação preço/equipamento, o fator Premium volta a ser evidente: a gama começa nos 27.877€ para a motorização 1.2 com 100 CV, mas a versão de 130 CV com o equipamento Performance Line tem já um custo de 33.749€, que é justificado pelo bom pacote de equipamento (jantes de 17″, sistema de conectividade com ecrã de 7″, sensores de luminosidade e de chuva, dupla ponteira de escape, etc) e pelo ideal Premium. No entanto, não será acessível a todas as bolsas nesta configuração, sobretudo quando se juntam os opcionais que elevam o custo final para os 38.540€.

VEREDICTO

O DS 3 Crossback é um bom combinado de estilo irreverente com uma presença quase inimitável no mercado, graças a linhas arrojadas ao melhor estilo gaulês. Detalhes bem conseguidos em matéria de visual que também se alargam à vertente da condução, com boa afinação do chassis e mecânica 1.2 turbo bastante reativa, assumindo-se como um modo diferente de ter um Premium de acesso, acabando até por não ter muitos rivais dignos desse nome no seu segmento.

A qualidade Premium é um ponto valioso a seu favor, merecendo ainda honras de destaque pelo equipamento oferecido e que ajuda a justificar o preço que, já se sabe, não joga a seu favor no mercado nacional.

Mas, ser chique e diferente não é para todos e há sempre um custo a pagar. Por tudo o que simboliza, este é um modelo chamativo e bem conseguido, que chama a atenção por onde passa. Ou não fosse este mais um ‘filho’ de Paris e da sua moda tão única.

Características DS 3 Crossback 1.2 PureTech 130 Performance Line
Motor Gasolina, 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler, 1199 cc
Potência 130 CV às 5550 rpm
Binário 230 Nm às 1750 rpm
Transmissão Dianteira, caixa automática de oito velocidades com modo sequencial
0-100 km/h 9,2 s
Velocidade máxima 200 km/h
Consumo anunciado (medido) 6,2 l/100 km (6,5 l/100 km)
Emissões CO2 142 g/km
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4118 mm/1791 mm/1534 mm/2557 mm
Peso 1280 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/eixo de torção
Mala 350 litros
Pneus 225/55 R17 (ensaiado: 215/55 R18)
Preço (ensaiado) Preço: 33.749€ (38.540€)

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