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Teste Mercedes-Benz C 300 d Station: Carrinha de ponta

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Carrinha que conjuga elegância, eficiência e desempenho, a nova Classe C Station congrega muitos dos ensinamentos obtidos pela marca com o mais exclusivo Classe S, sobretudo em matéria de tecnologia, apresentação e conectividade. Na versão 300 d, com recurso a motor turbodiesel auxiliado por motor de arranque/gerador elétrico, ganham as prestações e a economia.

A Mercedes-Benz não quis deixar os seus créditos por mãos alheias e tornou a gama do Classe C numa espécie de condensado do mais luxuoso Classe S. Com quase 11 milhões de unidades vendidas entre as suas diferentes gerações, o Classe C ocupa um lugar muito especial no seio da marca alemã, pelo que há aqui uma tradição que procura manter com elevados níveis de qualidade, tecnologia, elegância e dinamismo. Talvez a conjugação daqueles quatro pilares nunca tenha sido tão rigorosa como na geração atual.

O desenho do novo Classe C, uma vez mais idealizado por Gorden Wagener, diretor de design da Daimler, revela a sua inspiração no Classe S, o que até pode ser algo contraproducente na medida em que há na marca alemã uma certa colagem entre diferentes gamas, como uma identidade única que poderá tornar difícil a diferenciação entre modelos, a não ser pelo tamanho. E mesmo assim…

Seja como for, o novo Classe C é um exemplo de elegância em consonância com alguns detalhes estéticos mais desportivos, que no caso da versão turbodiesel de topo, a C 300 d, surge associada às linhas de design interior e exterior AMG, adotando pois uma aparência mais desportiva nalguns pontos. Por fora, diferenciam-se os para-choques, a grelha dianteira (com padrão de estrela), as jantes AMG de 18 polegadas de efeito aerodinâmico (não sendo o cúmulo da beleza), os discos de travão de maiores dimensões à frente e a suspensão desportiva rebaixada. Atrás, padecendo do ‘mal’ de muitas outras marcas, também há saídas de escape fictícias em cromado.

Por dentro, sobressaem os bancos com estofos em pele Artico/Dinamica preto, acabamento interior em padrão metalizado, iluminação LED de 64 tonalidades, volante desportivo em pele AMG, tapetes AMG e Pack bancos conforto, entre outros itens.

Viciado em tecnologia

Numa outra adaptação do estatuto do Classe S, há aqui uma nova aplicação de tecnologias de topo em termos de apresentação e de conectividade. A Mercedes-Benz procurou apostar num certo fator ‘uau’ ao aceder ao habitáculo. Sem que seja isento de falhas, o habitáculo está muito bem concebido e construído, com detalhes de muito boa execução e de qualidade superior. Adicionalmente, há uma sensação de ‘limpeza’ do tablier, com a grande maioria dos botões físicos a desaparecer. A partir de agora, a grande maioria dos sistemas e funções é controlada pelo grande ecrã tátil central de 11.9 polegadas, ligeiramente orientado para o condutor e disposto em sentido vertical.

O sistema MBUX de infoentretenimento mantém-se, agora mais evoluído nalguns aspetos, continuando a ser de grande relevância e um dos mais completos não só do segmento, mas do mercado em si, podendo até interagir com as casas inteligentes através do ecossistema da Amazon Alexa. De fácil acesso e ótima leitura, mesmo os comandos da climatização passam a estar aqui incluídos, replicando o posicionamento e acionamento dos sistemas clássicos de botões físicos. No caso da unidade ensaiada, com o Pack Premium opcional, há até tecnologia de navegação com realidade aumentada.

Logo abaixo do ecrã estão os poucos botões ‘sobreviventes’ à viragem para o ecrã tátil, embora sejam eles próprios… táteis. Servindo de teclas de atalho, estão os comandos para os modos de condução ‘Dynamic Select’, o atalho para os controlos e ajustes do automóvel, um leitor de impressão digital, o botão de sinalização de emergência (vulgo quatro piscas) e o controlo do volume, noutra adoção da ideologia tátil que não dá muito jeito em condução, pelo menos ao passageiro. O condutor pode sempre controlar o volume a partir do volante, também ele com comandos táteis nos seus ‘braços’ duplos que, depois de alguma habituação, se tornam simples e intuitivos de usar. Nota ainda para o ecrã digital da instrumentação de 12.3 polegadas, amplamente configurável pelo condutor, com diferentes campos informativos. Outro sistema que vale bem a pena considerar é o da iluminação Digital Light com máximos adaptativos e excelente atuação em condução noturna.

Quanto ao espaço a bordo, há uma ligeira melhoria face à geração anterior, visível sobretudo nos lugares posteriores, com espaço de sobra até para adultos de maior estatura (dois idealmente, já que o túnel central e a largura interior não ajudam), e na bagageira, que é agora de 490 litros. Não é a melhor do segmento, mas ganha pontos pela funcionalidade e pelo formato bastante regular da mala.

A ideia geral é de que o Classe C dá um grande passo em frente nesta vivência tecnológica, sendo esta uma das suas grandes virtudes, ao conciliar esse mesmo vanguardismo com uma certa noção de herança do passado, presente na qualidade geral.

Nostalgia Diesel

Num dia já não muito distante, os motores turbodiesel serão ostracizados da Mercedes-Benz (e da larga maioria da indústria automóvel…), pelo que casos como o da versão C 300 d são de aproveitar na atualidade. Ainda que ‘abençoado’ pela eletrificação na forma ‘suave’, com um sistema Mild Hybrid de 48 V, o motor turbodiesel de última geração (OM654M) volta a ser um exemplo de refinamento e de competências, que apenas são valorizadas pela adição do módulo elétrico.

A potência do motor térmico é de 265 CV, com 550 Nm de binário, a que se junta um motor de arranque/gerador (ISG) de 15 kW (20 CV) para melhorar o funcionamento do sistema start-stop, a eficiência do motor de combustão em aceleração forte e, em última instância, para permitir a desativação do motor 2.0 de quatro cilindros quando em modo ‘Eco’ e sem pressão no acelerador. Esta última capacidade revela-se particularmente útil para reduzir substancialmente os consumos e as emissões, já que o motor desliga-se frequentemente quando não é necessário e reativa-se de forma precisa assim que o acelerador é pisado.

As respostas do conjunto são progressivas, mas ‘cheias’ de energia desde muito baixos regimes, ganhando ritmo e velocidade com aprumo, mesmo no modo mais ecológico de condução, que nos parece sempre o mais indicado para todos os momentos. O funcionamento da caixa automática de nove velocidades 9G-Tronic é outro trunfo, sendo particularmente eficaz na leitura momentânea da condução e de cada necessidade, sendo rápida, por exemplo, a efetuar uma redução quando o piso ganha inclinação ascendente. Ao pressionar o botão de arranque – que se faz de forma discreta e absolutamente suave –, ativa-se o modo ‘Comfort’ por defeito, que oferece um bom equilíbrio entre condução eficiente e mais enérgica, mas se a intenção é poupar e aproveitar ao máximo o módulo elétrico, o melhor é ativar o modo ‘Eco’. Por outro lado, o modo ‘Sport’ é aquele que altera os parâmetros de funcionamento de motor/caixa e direção no sentido de prestações mais vivas.

Optando pelo modo de condução ‘Eco’, o consumo médio obtido no nosso ensaio foi de 5,1 l/100 km, o que comprova a excelente eficiência desta solução Diesel Mild Hybrid da Mercedes-Benz.

Também muito positiva é a impressão de condução, numa carrinha que não é particularmente leve – mais de 1800 kg –, mas que em momento algum deixa transparecer esse dado. Graças a um chassis excelente e à suspensão desportiva rebaixada, esta Classe C Station deixa-se envolver de forma muito confiante nas curvas, oferecendo precisão e confiança em doses elevadas, com transferências de massas muito bem conseguidas. A direção com ótimo feedback contribui para a tal satisfação de condução.

Mas, atrás do volante, nem tudo é perfeito, havendo dois detalhes dignos de revisão. O primeiro prende-se com o pedal do travão, que tem um tato bastante artificial na primeira fase de pressão, o que se deve ao sistema de regeneração de energia para a bateria do sistema Mild Hybrid, sendo o segundo a relativa letargia no rearranque do motor de combustão após o funcionamento do sistema start/stop. Pedia-se mais rapidez.

Bem equipada

Nesta variante carrinha, a C 300 d afigura-se como uma proposta bastante equipada, com elementos de série como as já referidas linhas de design AMG, sete airbags, cruise control, volante desportivo, jantes de 18 polegadas, faróis em LED alta performance com assistente adaptativo de máximos, o ecrã tátil central de 11.9 polegadas e o pack de navegação MBUX premium com navegação em disco rígido e informação de tráfego em tempo real (3 anos). O preço desta versão C 300 d é de 61.850€.

VEREDICTO

A nova carrinha Classe C eleva a fasquia em termos de conectividade, tecnologia e competências de condução, sendo uma evolução bem evidente em muitos dos aspetos face ao modelo anterior. Acima de tudo, destaque para a conceção tecnológica a bordo, com uma atuação melhorada do sistema MBUX e um ecrã central de grandes dimensões que dá um visual mais moderno ao interior, sempre bem construído e com habitabilidade agradável.

Aliando a típica funcionalidade de uma carrinha com a eficiência da eletrificação Mild Hybrid e de um motor turbodiesel de última geração, esta versão C 300 d é a ideal para quem dá primazia a um misto de eficiência com prazer de condução, satisfazendo plenamente no desempenho em estrada aberta, mas também em percursos mais urbanos, no qual o modo ‘Eco’ pode ser uma grande mais-valia.

MAIS
Qualidade geral
Equilíbrio dinâmico
Ótima habitabilidade
Excelentes consumos
Equipamento
Apresentação tecnológica

MENOS
Bagageira ‘apenas’ comparável com os demais Premium
Tato do pedal do travão
Tempo de reativação do motor após paragem em start-stop

Ficha Técnica
Mercedes-Benz C 300 d Station
Motor Diesel, 1992 cc, 4 cilindros em linha, injeção direta, tgv, intercooler
Potência: 265 CV às 4200 rpm
Binário: 550 Nm entre as 1800 e as 2200 rpm
Sistema Mild Hybrid (motor de arranque/gerador)
Potência adicional 15 kW/20 CV
Binário adicional 200 Nm
Potência combinada 265 CV às 4200 rpm
Transmissão Tração traseira, caixa automática de 9 vel.
Aceleração 0-100 km/h 5,8 s
Velocidade máxima 250 km/h
Consumo de combustível (WLTP) 5,1-5,3 l/100 km
Emissões CO2 (WLTP) 134-141 g/km
Dimensões (C/L/A) 4751/1820/1455 mm
Distância entre eixos 2865 mm
Pneus 225/45 R18 (D) – 245/40 R18 (T)
Peso 1835 kg
Bagageira 490-1510 litros
Preço 61.850€
Gama desde 50.350€