Sobre o design não faltou já quem comparasse os coupés da Mercedes – o C, o E e o S – a uma Matrioska, em que bonecas de diferentes tamanhos se encaixam uma nas outras. Mas não é essa uma política de quase todas a marcas, a de criar uma linguagem estilística que unifique as suas gamas? E, em estrada, além de detalhes de design, como o vidro lateral traseiro dividido em duas partes, as óticas traseiras mais finas e compridas ou as duas bossas no capot, o tamanho encarrega-se de diferenciar de imediato os modelos.
Uma das virtudes deste coupé é a de conseguir tornar “enfadonha” a berlina que lhe serve de base. Este E tem linhas sensuais e, ao mesmo tempo, desportivas, seduzindo pelo olhar e o mesmo se passa mal abrimos a porta. Temos pela frente um interior requintado, de uma modernidade que há bem poucos anos era impossível de encontrar num Mercedes, com uma qualidade de materiais e de acabamento acima de qualquer suspeita.
São muitos anos a “apurar” a raça e sempre a dar cartas no segmento Premium, tirando um ou outro deslize quando se aventurou em segmentos mais baixos, mas que a marca soube retificar.
Interior sublime
É quase impossível dizer do que gostamos mais neste interior. Se dos ventiladores em forma de turbina de avião, do painel de instrumentos digital que se prolonga sobre a consola central (alojando aqui o sistema de informação e entretenimento) ou dos bancos com um bom suporte lateral. Nem as necessidades do quotidiano são esquecidas, com muitos locais de arrumação, como seja o espaço fechado na base da consola central ou no apoio de braço. A bagageira oferece uns aceitáveis 425 litros de capacidade.O painel de instrumento, denominado de Widescreen, é composto de um monitor de alta definição de 12,3 polegadas, controlado por comandos táteis no volante. A legibilidade das diferentes informações é muito boa, independentemente das condições de luz.
Este coupé, que descende de uma longa linhagem de modelos de duas portas da Mercedes, não tem pilar central e os vidros traseiros descem integralmente, criando uma ampla superfície aberta. Mas só se o condutor quiser pois, inexplicavelmente, os dois ocupantes do banco traseiro não têm como comandar os vidros, um privilégio apenas dado a quem segue ao volante.
Tem alguns detalhes, como a iluminação ambiente com 64 cores disponíveis, divertidos para mostrar aos amigos. A verdade é que, após termos encontrado a luz ambiente que mais nos agradou, não a voltamos a mudar….
Motor cumpridor
Em estrada aberta o E é insuperável em conforto, mas desde que o ritmo aumenta chega a ser “confortável” de mais. Explicando-nos, com a configuração e a suspensão da unidade ensaiada (cedida pela Soc. Com. C. Santos), que era a menos evoluída das três disponíveis para este modelo, e em percurso mais sinuoso, notam-se algumas oscilações na carroçaria que, longe de serem perigosas, beliscam o elevado bem-estar a bordo.
Um “mal” que tem fácil remédio, com o sistema Agility Control de amortecimento adaptativo, que, conjugado com o pack de design exterior AMG custa 1870 euros, a que podiamos juntar a suspensão desportiva desportiva regulável, que custa perto de mil euros, um todo provavelmente excessivo e desnecessário com esta motorização.
Mas o E já dispõe do Dynamic Select, que permite selecionar diferentes características de condução com um simples rodar de botão. Podemos ajustar parâmetros tais como o motor, a caixa, o sistema ESP e as características da direção selecionando um dos cinco programas: “Eco”, “Comfort”, “Sport”, “Sport+” e “Individual”.
O primeiro, que torna o carro demasiado “amorfo”, tem como contrapartida permitir “velejar”. Ou seja, a partir de determinada velocidade basta tirar o pé do acelerador para o motor se desacoplar da transmissão e o carro desliza apenas por inércia, isto é, não gastando combustível. E isso vê-se nos consumos, pois chegamos a gastar 6,5 l/100km, um valor a que será possível extrair mais algumas décimas.
“Comfort “será o programa utilizado, ao passo que o Sport se adequa a uma condução mais agressiva. O “Sport+” torna tudo desnecessariamente mais rude, mantendo as relações mais tempo do que seria realmente necessário, por exemplo.
O modo “Individual” permite configurar o carro à nossa medida, como a direção em modo “Sport” e a caixa em “Comfort”.
Motor: 4 cilindros, injeção direta, turbo+intercooler
Cilindrada: 1.950 cc
Potência: 194 CV/3.800 rpm
Binário: 400 Nm/1.600 rpm
Transmissão: Caixa automática de 9 velocidades, tração traseira
Vel. máxima: 242 km/h
0-100 km/h: 7,4 seg
Consumo (anunciado): 4,0 l/100 km
Emissões CO2: 109 g/km
Comp/larg/alt. (mm) : 4.826/1.860/1.430
Distância entre eixos: 2.873 mm
Peso: 1.735 kg
Mala: 425 litros
Depósito: 50 litros
Suspensão dianteira/traseira: Suspensão multibraços/multibraços; barras estabilizadoras à frente e atrás
Travões dianteiros/traseiros: Discos ventilados/discos
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