Com o GLS, a Mercedes-Benz replica em formato SUV o conceito do seu requintado Classe S. A ideia é mesmo essa: ter um SUV de luxo e opulento, capaz de impressionar pelas suas dimensões e pela sua grande quantidade de tecnologias a bordo. Com tanto conforto e espaço a bordo – lotação para sete – o novo GLS quase que rivaliza com um T0…

Com 5,2 metros de comprimento (ou seja, mais 77 mm do que o anterior modelo) e sete lugares, o GLS permite esta comparação mais ou menos descabida, acabando por ‘funcionar’ como o SUV mais requintado e luxuoso da Mercedes-Benz, destacando-se pelo conforto imperial na condução e pela comodidade de viagem. Acaba mesmo por ser o tamanho o causador do primeiro impacto: este SUV é enorme, situando-se entre os maiores da sua classe, rivalizando dessa forma com os igualmente massivos Volvo XC90, Audi Q7 e BMW X7.

Por dentro, há uma sensação de desafogo que merece elogios, a par da qualidade aplicada à quase totalidade dos seus materiais ao rigor da construção. Não esconde as semelhanças com os demais modelos da marca. Aliás, o conceito de dois ecrãs dispostos na horizontal no tablier é decalcado dos demais modelos da Mercedes-Benz. Variam, no entanto, as funcionalidades disponíveis e este GLS está repleto de tecnologias de luxo, como os bancos com massagem, tecnologia Energizing de bem-estar em viagem, bancos com ajuste elétrico e alguns ‘lembretes’ de função ‘off-road’, como as pegas no túnel central. Mas, com jantes de 22 polegadas, não vale muito a pena pensar em levá-lo para as torturas do mau piso por serras e descampados.

Os bancos da terceira fila são mais confortáveis do que a norma e permitem viajar com relativo conforto, mesmo para o caso de adultos com mais de 1,70 m de altura.

O facto de dispor de 3135 mm na distância entre eixos permite jogar de forma fácil e efetiva com a habitabilidade, sendo a segunda fila de bancos ajustável longitudinalmente e a terceira fila de dois bancos (que é opção por 6150€) uma real mais-valia, pois os dois lugares podem ser usados por adultos com maior ou menor destreza – apenas a entrada e a saída poderiam ser melhores, mas na configuração de sete lugares o GLS até se sai bem. E nem a bagageira parece ser penalizada em demasia – com sete lugares, a sua capacidade cai para ‘meros’ 355 litros, ainda assim mais do que a capacidade de muitos citadinos ou até utilitários. Com cinco lugares, a capacidade é de 680 litros, que chega para as encomendas.

Estranha-se e entranha-se

Ora, os tais cinco metros de comprimento, o peso acima das 2,5 toneladas e a distância entre eixos de mais de três metros deveriam ser garantias de que o GLS teria dificuldades de movimentação, com agilidade quase nula. Mas não é assim. O conforto da condução é referencial, com amortecimento muito competente, sobretudo no piso mais degradado, mercê também de suspensão pneumática, que ajuda a manter a compostura a bordo. Isto, apesar das jantes de 22 polegadas que, no reverso da medalha, favorece um pouco mais o dinamismo. Se a carroçaria se inclina notoriamente numa primeira fase da curva, chega a surpresa de que o GLS permanece muito equilibrado ao longo da mesma, obedecendo com fidelidade às ordens da direção, também ela muito elogiável por permitir ótima leitura do piso e das reações do veículo.

Mudanças bruscas de direção representam um desafio adicional devido ao peso e consequente transferência de massas, mas o GLS responde bem, estoicamente seguindo as indicações do condutor tirando partido, também, da bem calibrada tração integral 4MATIC. Os modos de condução do Dynamic Select têm o seu quinhão de responsabilidade, naturalmente, com o modo ‘ECO’ a permitir amiúde condução à ‘vela’ e o Sport a endurecer ligeiramente a suspensão (menos 15 mm de altura ao solo) e a tornar o comportamento deste GLS 400d mais assertivo, mesmo sem proceder a grandes transformações de carácter: este é um SUV de conforto e nunca se esquecerá das suas dimensões.

A motorização a ensaio, a 400d, recorre a motor turbodiesel de seis cilindros em linha com 330 CV de potência e, acima de tudo, 700 Nm de binário máximo, disponível logo às 1200 rpm, com a gestão da potência a ser feita pela caixa automática de nove velocidades 9G-tronic, unidade crucial no aproveitamento de potência e do binário.

Na prática, esta motorização de 3.0 litros concede-lhe competência para impor ritmos fortes sem grande esforço, surpreendendo até pela forma como se despacha em aceleração e nas retomas, apenas pecando por algum ruído excessivo no arranque. No final de percurso sinuoso ficou a ideia de que o GLS é quase como um jogador de râguebi – a aparência musculada esconde um atleta ágil e cheio de energia. O nosso consumo médio foi de 10,6 l/100 km, ligeiramente acima do homologado em ciclo WLTP para este modelo, que é de 8,1 l/100 km.

Com boa lista de equipamento de base, o GLS 400d 4MATIC está disponível por um preço de 124.550€, sendo este também um indicador do seu posicionamento em gama de luxo. Mais ainda quando se olha para a unidade ensaiada e para os muitos equipamentos opcionais que elevavam o preço final para os 153.562€!

Destaque para o Pack Off-Road Engineering (2350€), que acrescenta elementos como o modo manual para caixa automática, bloqueio a 100% do diferencial central, eixos dianteiros e traseiros com 4ETS adaptativo, redutoras, proteção inferior metálica e regulação especial para ABS, ETS, ESP, mas também para o Pack Premium Plus (5050€), que inclui o Pack de Assistência à Condução Plus, o teto de abrir panorâmico em vidro, o sistema hidropneumático de fecho das portas, o sistema de som Burmester, o Pack Energizing Plus, o Pack Parking com câmara de 360º, o Pack Memórias dos bancos, o Head-up Display e função de realidade aumentada para navegação MBUX.

Ainda na lista de opcionais estão o Pack Inovação MBUX (1499€), os estribos iluminados com look alumínio (800€), o forro do tejadilho em preto (449€), o Pack Conforto Acústico (1500€), as jantes AMG multi-raios de 22 polegadas (1500€) ou a pintura metalizada cinzento Selenite (1100€).

Voltemos ao início: um T0? Sim, mas na zona mais requintada da capital.

Veredicto

O GLS é modelo de luxo e não esconde o seu posicionamento, graças a uma pose robusta impressionante e a um leque de funcionalidades tecnológicas que tornam este SUV numa variante opulenta e digna de figurar como a alternativa de ‘salto alto’ do Classe S. A condução é simultaneamente suave e confortável, mas também dotada de confiança e segurança, com posição de condução elevada e comandos perfeitamente posicionados em redor do condutor.
Nesta versão 400d 4MATIC, o motor de 3.0 litros com 330 CV exibe ‘pulmão’ surpreendente para movimentar as duas toneladas e meia de peso, como atesta o tempo da aceleração dos zero aos 100 km/h – 6,3 segundos -, sem prejudicar a eficiência geral. Esta é uma abordagem de luxo cada vez mais comum num mercado que já tem nos SUV uma grande procura, pelo que a opção da Mercedes-Benz por ‘libertar’ um GLS como alternativa ao Classe S acaba por fazer sentido.

MAIS
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Habitabilidade

MENOS
Opcionais podem gerar conjunto caro

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