Embora seja uma grande evolução do 350Z, o Nissan 370Z mantém o mesmo formato e, lançado em 2009 no mercado europeu, tem uma aura de rebeldia associada, não só pelo estilo, mas também pelo facto de ter uma filosofia que já não atrai muitas marcas na era em que rentabilidade e imperativos ambientais ditam leis.
Mas, sendo a Nissan uma marca com um peso muito forte nos elétricos, há o lado da compensação oferecido por este 370Z Nismo, que recorre a um motor V6 atmosférico de 3.7 litros com 344 CV de potência. Muito à ‘velha escola’, sem turbocompressores e sem injeção direta, como alguns dos rivais, que confiam agora nas novas sapiências tecnológicas para subirem de ritmo. Aqui não há nada disso.
É um motor que ‘respira’ melhor em altas rotações, sendo acima das 3000 rpm que a sua energia surge mais livre, acompanhada de uma sonoridade dos escapes que passa a ser entusiasmante ao invés de apenas presente – como sucede até às 2500-3000 rpm. Ultrapassada essa fasquia, dir-se-ia que o 370Z Nismo muda de carácter. Torna-se mais vivo e mais solto, mostrando que a sua maior competência desportiva está em altos regimes e não nos mais baixos – aliás, o binário de 371 Nm às 5200 rpm é revelador dessa circunstância.
E diversos elementos concorrem para essa impressão, que não só o motor (situado na dianteira). Associado a uma caixa manual de seis velocidades (com ‘rev-matching’ para ‘acertar’ as rotações nas reduções), o condutor tem à sua mercê um automóvel de tato muito mecânico, sentindo-se a engrenagem de cada mudança ou a maior firmeza da embraiagem e da direção. Sobre esta, com assistência hidráulica, note-se a resposta bastante fiel e a forma informativa com que se entrega ao condutor.
Numa estrada sinuosa, a chave é sempre ter a mudança certa em cada momento e, no caso do 370Z Nismo, essa chave é de ouro. Embora as recuperações não desapontem em condução despachada quotidiana, é quando se quer ser mais extremo que se percebe que o importante é fazer o motor subir de regime, para que se aproveitem as suas credenciais dinâmicas da melhor forma. Até porque o chassis é virtuoso na resistência à torsão e o amortecimento, firme mas não dramaticamente rijo, consegue suprimir o rolamento da carroçaria quase na sua totalidade.Com tração traseira, também não é difícil pensar nas derrapagens de traseira: uma ideia que o filme ‘Tokyo Drift’ e o personagem DK (Drift King) popularizaram no Ocidente. No meio de tudo isto, também não se pode considerar que o 370Z Nismo seja um carro desconfortável – ainda que firme. E recordar que esta base tem quase dez anos…
Aquilo que não vale muito a pena lamentar são os consumos. A Nissan aponta um consumo médio de 10,6 l/100 km e, com justiça, se for comedido, ficará pela casa dos 11 litros (11,4 l/100 km no ensaio), o que não deixa de ser interessante. Mas, se for muito ‘desgovernado’ com o pé direito, os consumos sobem para os 12 ou 13 litros…
A idade também se vê
Mas, há pontos em que a idade se torna evidente. No interior, por exemplo, a configuração do habitáculo está ainda preso àqueles que eram os cânones da indústria em 2008: muitos botões espalhados pela consola central e ecrã de pequenas dimensões (mesmo que o sistema seja mais atual) com grafismo algo datado, o mesmo sucedendo com a instrumentação, embora ofereça tudo o que é essencial e procurado num desportivo. Ah, e um leitor de CD bem no meio da consola central!
Os materiais são de qualidade e a construção não desaponta, pautando-se pela robustez. Os bancos Recaro estilo baquet com laterais em pele e revestimento em Alcantara de cor vermelha no centro aportam desportividade, o mesmo se podendo dizer do volante igualmente novo para esta versão Nismo. Atrás dos dois lugares, uma olhadela permite ver a barra estabilizadora de grandes dimensões que assegura comportamento eficaz, sem ser extremo. A bagageira é tremendamente reduzida, pelo que o 370Z assume uma vertente de carro de fim de semana. Para ‘emergências’ há sempre algum espaço atrás dos bancos…
Por fora, a versão Nismo revela para-choques distintos, um spoiler traseiro discreto, duas saídas de escape circulares e imponentes jantes em liga leve de 19″ ultra ligeiras estilo RAYS, exclusivas NISMO, acompanhadas por pneus Bridgestone Potenza S001 com uma polegada de largura adicional nos pneus traseiros. Quanto a assistentes de segurança, são poucos neste modelo, embora quem compre um Nismo não vá a pensar nas ajudas que vá receber na sua tarefa.
VEREDICTO
Embora o seu sucesso na Europa não tenha alcançado aquele que se viu nos Estados Unidos e no Japão, o 370Z é um desportivo muito agradável de explorar deixando de lado um comportamento extremo. Exige alguma habituação nas suas reações e uma natureza para ser utilizado em rotações elevadas, onde a sua mecânica V6 encontra maior fulgor e veemência de atitude. O 370Z Nismo assegura maiores emoções do que a versão normal, demonstrando um espírito muito único de um desportivo rolador – um pouco como o Lexus LS500h.
A sua maior dificuldade reside, porém, nessa mesma questão de mercado. Desde que foi lançado, outras propostas foram surgindo, oferecendo maior fulgor com um custo idêntico – mesmo que não o visual tão único. E isso, como muitas vezes, pode fazer a diferença…
Mais: Imagem dinâmica, condução em regimes elevados, conforto e equipamento.Menos: Motor tem de ser puxado até rotações elevadas, bagageira, disposição do interior, Os rivais evoluíram.
FICHA TÉCNICA
Nissan 370Z Nismo
Motor: 6 cilindros em V, injeção indireta
Cilindrada: 3696 cm3
Potência: 344 CV às 7400 rpm
Binário máximo: 371 Nm às 5200 rpm
Tração: Traseira
Caixa: Manual, seis velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 5,2 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h
Consumo médio anunciado: 10,6 l/100 km
Emissões de CO2: 248 g/km
Peso: 1610 kg
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4330/1870/1315
Distância entre eixos (mm): 2550
Bagageira: 235 litros
Suspensão dianteira: Independente, McPherson, barra estabilizadora
Suspensão traseira: Independente multibraços, barra estabilizadora
Preço: 72.000€
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