Ensaio Nissan Navara: Nome de ‘guerra’ NP300

28/05/2018

É a pick-up que inspirou a nova Mercedes Classe X e é uma referência com mais conforto e estabilidade nas curvas do que nunca. A Navara, ou NP300, não tem o sex-appeal de versões mais premium, mas está aí para as curvas, dentro ou fora da estrada.

Frontier, Terrano, Navara ou NP300. Os nomes são diferentes – o primeiro só é usado nos EUA –, o modelo é só um. A Nissan Navara mais recente, como qualquer boa pickup dos tempos modernos, primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Clichés à parte, as pick-up estão cada vez mais agradáveis e fáceis de conduzir e, embora o tamanho e o grau de atenção a estacionar seja diferente de um pequeno SUV, a facilidade de conduzir, o conforto a bordo e no andamento não são propriamente diferentes dos modelos da moda. Não é de agora que as pickups têm argumentos para todos os gostos, a moda já dura há uma década.

Mas vamos a uma pitada de história. A Navara nasceu em 1997 e vem de uma longa história da marca japonesa de modelos eficazes no todo o terreno. A outback australiano é exigente e a Austrália foi precisamente um dos mercados onde a Navara (por lá também se chama assim) fez sucesso desde os primeiros anos de vida. Desde a primeira geração que o modelo tinha características estéticas, como o uso de muito cromado e uma grelha de respeito. A segunda geração, de 2004, aumentou ainda mais a frente robusta e à americana da pickup da Nissan e manteve um sucesso global, dando também maior conforto ao modelo, que foi tendo cada vez mais equipamento e a ser cada vez menos “apenas” um veículo de trabalho, rude e sem grande conforto.

Estilo TT

Chegados a 2014, surgiu a terceira geração, que manteve a produção europeia em Barcelona e manteve o ar americano, embora com linhas tradicionais e que não são das mais modernas. Está feito para ser simples e ‘pau para toda a obra’.

Certo é que a Navara é uma referência, ao ponto de servir de base para a nova Mercedes Classe X ou da nova Renault – sim, a marca francesa tem uma pick-up com ar premium – Alaskan, que deve chegar em breve a Portugal.

A Navara é, assim, simples e muito ao estilo do SUV Qashqai no interior – bem melhor do que as primeiras gerações do modelo da marca japonesa. Não tem o luxo nem a atenção aos detalhes da Mercedes X, mas tem o preço a seu favor. A altura imponente dá uma dimensão rara à condução.

Não só temos melhor vista – é mesmo verdade –, como temos uma sensação de conseguirmos passar por tudo que apareça no caminho com ela. Nada de novo no mundo das pickups, mas é sempre bom lembrar as vantagens de um modelo destes.

O interior tem monitor tátil de sete polegadas, já típico na Nissan, não é brilhante, mas cumpre. Neste mundo das pickups que são mais do que veículos de trabalho há depois ar condicionado automático bizona, saídas para os bancos de trás, vidros traseiros escurecidos e câmara de visão traseira. Nada mau.

Conforto em alta

A segurança também não foi descurada: temos o chamado aviso de anticolisão com travagem de emergência e também sete airbags e distribuição eletrónica da travagem. Na hora de ir para o fora de estrada a Navara foi mimada com o útil diferencial eletrónico – ajuda bastante quando uma roda começa a perder tração (a ‘força’ é concentrada nas outras que têm tração).

É bem eficaz em obstáculos e a tração integral é, como já dissemos, uma referência. Não falta controlo automático de descida e assistência em subida. A geração mais recente distingue-se ainda por ter, em estreia absoluta, suspensões traseiras multibraços e molas helicoidais. O que é que significa? Mais conforto, estabilidade em curva (é mesmo
surpreendente neste capítulo) e eficiência fora de estrada do que as chamadas lâminas, que nunca foram exemplo de uma viagem confortável para uma pick up.

O motor que conduzimos foi o turbodiesel 2.3 de 160 cv (preço ronda os 27 mil euros com cabine dupla para cinco ocupantes), associado a uma caixa manual de seis velocidades (as relações curtas no início ajudam a controlá-la bem em todo o terreno) que cumpre as exigências de um veículo pronto para quase tudo. Também está disponível com 190 cv, com preço a rondar os 32 mil euros.

Os consumos não são o seu forte, mas não é difícil rondar abaixo dos 9 l/100 km numa utilização em asfalto e sem muita cidade – sobe, naturalmente, quando chegamos à terra e aos obstáculos mais intensos. Os rivais são a Ford Ranger, Toyota Hilux e Mitsubishi L200 (Strakar).

Em resumo, pode não ter o encanto e ‘sex-appeal’ da nova Mercedes Classe X, mas é uma referência que convence pelo preço (o preço base anunciado é de 23.500 euros, com três lugares e já algum equipamento), eficiência e também pela garantia de cinco anos ou 160 mil km.

João Tomé

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