Na sua oitava geração, o Golf está mais maduro do que nunca, uma vez mais escolhendo uma evolução estética que faz com que seja facilmente reconhecido como parte de uma família, numa linhagem que já vai longa. Ao sabor dos tempos, atualiza-se com retoques essenciais, como os faróis com tecnologia LED com assinatura específica e linhas gerais que apostam numa visão, ainda assim, compacta e robusta. Por exemplo, observado de traseira, os faróis horizontais dão-lhe uma aparência mais larga. O tempo investido no desenvolvimento aerodinâmico ofereceu dividendos, na medida em que a sua eficácia nesse aspeto está agora melhor – passou a ter um coeficiente de arrasto de 0,27 contra os 0,29 do anterior Golf.
Mas, se queremos falar de revolução, temos de entrar a bordo. Aqui, o Golf ganha uma visão totalmente nova. O painel de instrumentos ‘Digital Cockpit’ é personalizável e oferece diversos dados e grafismos para o condutor, sendo uma importante adição, enquanto os comandos da iluminação têm sensação tátil do lado esquerdo e, na consola central, o grande ecrã de 10” do sistema de infoentretenimento ‘Discovery Pro’ congrega todas as funcionalidades do veículo, ‘limpando’ uma grande parte dos controlos físicos no tablier. O sistema permite ainda comandos por gestos, numa interessante funcionalidade para o segmento.
É ali que se pode aceder aos sistemas de áudio, navegação, loja online ou climatização. Geralmente, é melhor separar este sistema do ecrã tátil, mas no Golf funciona bem, com ícones grandes. Mais abaixo, há, porém, alguns comandos de ‘atalho’ para quatro funcionalidades – Modos de Condução, Clima (ar condicionado), Assist (sistemas de assistência à condução) e menú de estacionamento. Nesse mesmo ‘cluster’, há ainda o obrigatório botão de quatro piscas…
O volante também é novo e conta com diversos botões, utilizáveis para comandar o sistema de cruise control adaptativo, sistema multimédia e o computador de bordo. E, de botões, pouco mais há a dizer, faltando mencionar apenas o travão de parque elétrico e o de ‘Auto Hold’ para ajuda ao arranque nas subidas.
Acima de tudo, esta geração do Golf oferece uma sensação muito limpa do interior, com materiais de boa qualidade e boa construção geral, numa prática da Volkswagen, mesmo que nalguns detalhes fiquem à vista algumas concessões ao âmbito estético. Exemplo disso é a fragilidade da ‘tira’ de plástico logo abaixo das saídas de climatização no tablier. De resto, encontrar falhas não é fácil.
Também a bordo, a habitabilidade é ótima para quatro adultos, mesmo de maior estatura, mesmo que não seja referencial. Atrás, o túnel central elevado não é ‘amigo’ de um quinto passageiro, bem como aliás o próprio encosto para as costas, deixando entender que três passageiros atrás é prática de recurso para viagens curtas.
A bagageira, com 380 litros e dois patamares de piso, é ampla o suficiente para as tarefas do dia-a-dia e fins de semana em família, mas fica na média do segmento – alguns rivais, como o Skoda Octavia ou o Honda Civic oferecem maior disponibilidade.
Diesel mexe bem
Porém, este motor é mesmo um fenómeno de economia e prestações. Em andamento, o 2.0 TDI ganha aos pontos em relação ao anterior 1.6 TDI, sobretudo pela maior capacidade de resposta em todos os regimes, com essa elasticidade a dar a impressão de que tem maior potência do que a oficial. O motor turbodiesel é enérgico nas acelerações e cumpridor nas recuperações (300 Nm de binário), mesmo que o escalonamento da caixa manual de seis velocidades obigue ocasionalmente a reduções para manter o ritmo em subidas, por exemplo. No entanto, na súmula, o 2.0 TDI cumpre perfeitamente com todas as ambições, sendo muito agradável de explorar, até pelo tato da caixa (também de nova conceção) muito mais preciso.
Na nossa análise aos consumos, obtivemos uma média extremamente baixa, de apenas 4,3 l/100 km, mas é até possível obter um valor mais baixo com maiores cuidados no acelerador. Esse é verdadeiramente um ponto positivo desta motorização turbodiesel.
Há ainda modos de condução distintos, que variam alguns parâmetros do Golf, entre o ECO, mais eficiente e que suaviza a entrega da potência, e o Sport, mais desportivo, que dita maior intensidade nas acelerações e menor assistência na direção. Pelo meio há modos Comfort e Individual, para personalização. Uma funcionalidade interessante que dá mais ‘sumo’ para extrair a este novo Volkswagen. Elogie-se também o conceito das dicas ecológicas de condução (Eco-Tips), que aparecem no painel de instrumentos e que aconselham o condutor, por exemplo, a tirar o pé do acelerador quando se aproxima de um cruzamento ou rotunda, deixando o carro rolar pela inércia. O veículo reconhece esse facto pela utilização dos dados do GPS, numa prova de conectividade avançada.
O nível de equipamento Life oferece já uma série de elementos distintivos como o painel de instrumentos digital, o ar condicionado de três zonas, o sistema de travagem automática de emergência (com alertas algo excessivos), o assistente de manutenção de faixa ou o sistema de navegação Discover Pro. Por todo o seu equipamento de série e pelo passo em frente que dá nos mais variados aspetos, o Golf justifica perfeitamente o preço da versão Life, que se assume como uma proposta muito equilibrada com um custo de 30.560€, já incluindo um desconto de preço oferecido pela marca. A versão ensaiada contava com jantes de 17″ Ventura (602€), Modos de condução (170€), cor especial Branco Pure (208€), sistema de segurança ampliado PreCrash Basic (147€) e sistema Bluetooth “Confort” com carregamento por indução (440€).
VEREDICTO
O Golf evoluiu e tem tudo para dar continuidade ao seu percurso de sucesso, mantendo a polivalência que lhe é tão habitual de fazer tudo bem e de pouco deixar a desejar. Ao volante, é fácil pensar que este é um modelo que faz sentido, que se adequa à vida e que consegue ser confortável e seguro ao mesmo tempo.
O motor 2.0 TDI é ótimo companheiro de viagens, sobretudo pela sua disponibilidade, valendo-se ainda de uma impressionante economia de utilização. A vertente tecnológica muito melhorada dá-lhe um ar moderno a que a intemporalidade do desenho exterior parece não corresponder, numa espécie de contrassenso que se pode mostrar decisivo para quem procura um modelo de visual clássico, mas que quer ter o mais recente grito tecnológico.
MAIS
Conforto e facilidade de condução
Tecnologia a bordo
Motor: prestações e caixa
Habitabilidade
MENOS
Espaço para terceiro passageiro atrás
Estilo clássico (para alguns)
Alguns detalhes de construção
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