Ensaio Honda Civic 1.0: Um enorme motor

22/12/2017

Não há que enganar. O novo Honda Civic, que tem pretensões à escala global (mercado americano incluído) foi desenhado a partir de uma folha em branco e do anterior resta o estilo “ou se ama ou se detesta”, a que acrescentaríamos o “entranha-se”. E o que à vista parece óbvio, a fita métrica confirma: está enorme, com 4,52 metros de comprimento. Como um presente de Natal que se abre avidamente, o Civic vai-se desvendando aos poucos. Esta unidade, que o Motor24 ensaiou, é movida por um três cilindros de… um litro de cilindrada (leu bem). Mas se o motor é pequeno, a sua alma é grande, silenciosa e suave.

Começando pelo que enche o olho: a estética. Este Civic (que já vai na décima geração) demarca-se no meio do trânsito (e não apenas pelo tamanho), assim como o anterior mexia com algum imobilismo do design automóvel. Apesar de menos “revolucionário” que o anterior, o novo Civic reconhece-se facilmente, seja pela agressividade da frente, com enormes (e falsas) entradas de ar ou pelos farolins traseiros translúcidos e pelas saídas de ar… falsas, que até acabam por resultar esteticamente quando vistas à distância.
De resto, o estilo vive dos ângulos vivos, do imponente para-choques, da faixa negra a unir os faróis dianteiros e de uma traseira algo massiva e com um aileron que ocupa parte do óculo, bem ao estilo do Honda CRX, mas sem perturbar grandemente a visão.

Interior consensual

O estilo do interior é bem mais consensual, embora não fuja à tradição, com alguns elementos em planos diferentes, gerando alguma desarmonia visual. Mas a ergonomia de uma forma geral está em bom plano, excetuando o comando situado à esquerda do volante que dá acesso ao computador de bordo. Desnecessariamente complicado e a exigir bastante habituação, tanto mais que situado logo acima das pequenas teclas do telefone e do comando de voz.

Mesmo o acesso a menus e sub-menus é algo complicado e há funções a que apenas podemos aceder com o carro parado e o travão de mão (elétrico) acionado.
Mantendo-nos dentro do carro, destaque para a qualidade menos homogénea dos materiais, alternando materiais suaves ao toque, com outros mais duros. Mas a montagem não merece criticas.

Também não faltam espaços de arrumação, seja na consola central ou nas bolsas das portas, apesar de os ocupantes do banco traseiro disporem de menos locais onde deixar as suas coisas.

A bagageira reflete as dimensões do automóvel e consegue levar até 478 litros, podendo chegar aos 1245 litros, com os bancos rebatidos e a carga até ao teto.

A unidade que ensaiamos, que dava pelo extenso nome de Honda Civic 5P 1.0 i-VTEC Turbo Executive Premium, que o mesmo é dizer, estava extremamente bem equipada.
Em questões de segurança ativa, e para lá do que já é normal encontrar num automóvel moderno, o Civic tinha um “Sistema de Travagem Atenuante de Colisões” – que, em caso de colisão iminente, aplica os travões automaticamente caso o condutor não o faça -, avisador de colisão, sistema de assistência à manutenção na faixa de rodagem, avisador de saída de faixa, controlo inteligente da velocidade de cruzeiro adaptável, reconhecimento da sinalização de trânsito e informação de ângulo morto, incluindo monitor de trânsito lateral.

“Grande” motor

O maior destaque do Civic acaba por ser o motor. Um tricilíndrico de um litro de cilindrada, a debitar 129 cavalos. O que há meia dúzia de anos parecia uma heresia num automóvel tão grande e numa marca com tão arreigadas tradições na fabricação de excelentes motores (Diesel e gasolina) encaixa como uma luva nesta geração do Civic (está igualmente disponível uma versão 1.5, de 185 cavalos, de que brevemente lhe daremos conta e o mítico desportivo Type R, de 320 cavalos).

Tamanho não é documento e este motor mal se sente a trabalhar, é de uma suavidade extrema em andamento, entra no red-line por tudo e por nada, e puxa com extremo à vontade, quase com insolência, os 1275 quilos (peso em vazio) do Civic.

Integralmente construído em alumínio, este motor adota um turbocompressor, recorre à injeção direta e tem uma série de inovações capazes de lhe manter o elevado rendimento à custa de consumos reduzidos (é possível rolar com alguma facilidade nos 6,5 l/100km).
Em termos de comportamento, este Civic está, também, em grande nível. Desliza imperturbável, segue a nossa “vontade”, ou seja, cumpre fielmente a trajetória definida, mesmo que, por momentos, adotemos um ritmo mais vivo. O propósito deste Civic não são as corridas, mas não vira a cara à luta e nunca desilude o condutor, proporcionando ate uma sonoridade típica de modelos mais desportivos….

E chegámos à pior parte de todos os automóveis: o preço. A versão ensaiada custa 28 830 euros, mas é possível ter um Civic 1.0 a partir dos 23.300 euros ou pagar 30.130 euros pela versão Executive, com caixa de velocidades de variação contínua (CVT).

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.