HR-V: Um SUV para andar na crista da (H)onda

23/06/2018

O Honda HR-V, na sua segunda versão, dispõe de uma carroçaria que, apesar de elegante e com perfil de coupé, é algo anónima e não faz juz às qualidades deste HR-V, que dá continuação a uma linhagem iniciada em 1998 e interrompida em 2006. O primeiro modelo, de linhas angulosas e lançado primeiramente apenas com três portas, marcava a diferença no meio do trânsito, ao passo que este, mau grado ser bem desenhado, não faz virar as cabeças à sua passagem. Mas quem o experimenta dificilmente deixa de passar o cheque, neste caso, o do 1.6 i-DTEC, a começar nos 28 mil euros.

De dimensões contidas – 4,29 metros de comprimento – o HR-V oferece mais espaço interior que, por exemplo, o Nissan Qasqhai, que tem mais 10 centímetros de comprimento e que se situa no segmento acima. Aliás, nenhum dos seus concorrentes diretos, como o Renault Captur, Nissan Juke ou o Peugeot, faz melhor e ainda nem passamos a uma análise mais detalhada.

Este Crossover compacto (cada vez se torna mais difícil classificar um carro…), de interior bem acabado, com materiais suaves ao toque, onde todos se sentem bem, mas onde um pouco mais de fantasia vinha a calhar, acomoda (e muito bem) cinco passageiros e, com os bancos traseiros na posição normal, consegue levar 470 litros de bagagens, dispondo também de um fundo falso. A fórmula que a Honda encontrou para descobrir todo este espaço foi simples: o depósito de combustível está sob os assentos da frente…

Mas a marca foi mais além, e dotou o HR-V de uma modularidade quase impossível de encontrar no segmento, sendo mais própria de uma classe agora quase caída em desgraça, que são os monovolumes. Se não vejamos: os assentos traseiros podem ser manipulados em quase em todos os sentidos (a marca chama-lhe “Assentos Mágicos”) e, por exemplo, é possível recolher o assento contra o encosto para transportar uma planta ou outro objeto mais volumoso; rebater os bancos e formar um piso plano na bagageira; ou inclinar o encosto para viajarmos mais confortáveis. Os bancos traseiro só não podem mesmo deslizar longitudinalmente, uma funcionalidade usada por alguns concorrentes para aumentar o espaço para as bagagens ou para os passageiros o que, neste caso, não é mesmo necessário.

Espaço interior

De igual modo há inúmeros espaços de arrumação e o facto de o piso da bagageira ser baixo facilita o seu carregamento. Ainda no interior, uma nota para a superfície tátil que agrupa todos os comandos dos elementos de conforto, como a climatização ou a ventilação. Não é dos sistemas mais intuitivos que já experimentámos e tem também uma grande tendência para se sujar.

E se o exterior, sendo uma questão de gosto, é agradável, custa-nos aceitar os puxadores das portas traseiras colocados na vertical junto ao pilar traseiro. É uma solução que permite, visualmente, aproximar o HR-V de um coupé, é utilizada por outras marcas, mas parece-nos pouco prática como, aliás, em todos os modelos que já experimentámos.
O equipamento, de conforto e segurança, parece-nos correto, tendo em atenção que os preços praticados pela marca estão, por norma, acima da concorrência. Sendo igualmente verdade que a Honda está, sistematicamente, entre as melhores marcas no que diz respeito aos índices de fiabilidade (e oferece cinco anos de garantia). Ou seja, investimento garantido

Motor comprovado

O motor utilizado no HR-V está igualmente presente no Civic e no irmão maior, o CR-V. É um motor muito disponível, com uma larga faixa de utilização, silencioso, mas sempre pleno de vontade, como o provam os 10 segundos na clássica medição dos zero aos 100 km/h, bem ajudado por uma boa caixa manual de seis velocidades (existe uma caixa de velocidades de variação contínua, mas apenas disponível nas motorizações a gasolina).
E uma palavra para o consumo, pois conseguimos, num percurso urbano, às 9 da manhã, gastar 5,3 l/100 km (valores do computador de bordo). Acima do declarado pela marca (4,1), mas continua a ser um bom valor.

Em andamento, o HR-V tem um comportamento extremamente rigoroso, com suspensões firmes e chassis orientado para a eficácia. Podemos mesmo permitir-nos alguma diversão ao volante, com algumas passagens em curva a velocidades mais altas que o habitual num SUV.

O reverso da medalha é que este Honda não é um exemplo de conforto, mas também nos dias que passamos com ele ninguém a bordo se queixou…

O preço do HR-V começa nos 24.850 euros (1.5 a gasolina e 130 cavalos de potência) e culmina nos 32.870 euros do 1.6 i-DTEC na sua versão mais luxuosa, a Executive.

FICHA TÉCNICA
Honda HR-V 1.6 i-DTEC
Motor: 4 cilindros em linha, , injeção direta, turbodiesel
Cilindrada: 1597 cm3
Potência: 120 CV às 4000 rpm
Binário máximo: 300 Nm às 2000 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Manual, seis velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 10 segundos
Velocidade máxima: 192 km/h
Consumo médio anunciado: 4,1 l/100 km
Emissões de CO2: 104 g/km
Peso: 1.395 kg
Comprimento/Largura/Altura (mm): 4294/1772/16050
Distância entre eixos (mm): 2610
Bagageira: 470 litros
Suspensão dianteira: McPherson
Suspensão traseira: eixo de torção
Preço: 28 mil euros

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