Hyundai i20 1.0 T-GDI: Terra a Terra

24/08/2017

Surgido em 2008, o i20 veio substituir o Getz enquanto aposta da Hyundai para o segmento B. O modelo conheceu a sua segunda geração em 2014 e que no último ano ganhou um novo motor, um bloco 1.0 turbo de três cilindros a gasolina, com potências de 100 cv e 120 cv. Depois de nos passar pela mão a proposta mais contida, aqui fica o parecer…

No seu todo, o i20 é um modelo que passa com discrição. As linhas simples da carroçaria fazem dele um modelo pragmático, que não será o centro das atenções de um parque de estacionamento. Não é que seja mau, é simplesmente o seu caráter.

Na dianteira o maior destaque vai para a grelha hexagonal do radiador, as luzes de circulação diurna LED, de curva e de nevoeiro. A versão LED conta com sensor de chuva e de luz.

Na lateral surgem piscas nos espelhos retrovisores, puxadores cromados e frisos. Os vidros traseiros e o óculo traseiro são escurecidos e os frisos de proteção lateral, específicos da versão, dão algum caráter ao conjunto, assim como as jantes de aço com 15″ nas versões Access ou jantes de liga leve com 16“ nas demais versões. Na traseira a terceira luz de stop, os faróis LED e refletores traseiros são os seus principais destaques. Olhando a ficha técnica, temos um modelo com 4,04 metros de comprimentos, 1,73 metros de largura, 1,47 metros de altura e uma distância entre eixos de 2,57 metros.

Interior

Já no interior encontramos um habitáculo que cumpre bem em termos de cotas de habitabilidade ao nível do segmento em que se insere, tanto nos lugares dianteiros como traseiros. A bagageira, com dois pisos e rede de retenção de bagagem, oferece 326l (sendo a maior do segmento, segundo a marca), que podem ser alargados para 1042l com o rebatimento dos bancos traseiros, que é feito na proporção 60:40.

Há vários espaços de arrumação, como porta copos junto do travão de mão, ou espaços que nos permitem colocar garrafas até 1,5l nas portas à frente e até 1l atrás. Também o apoio de braço nos prenda com um espaço de arrumação adicional. No entanto, os materiais, como os plásticos, são espartanos e pouco agradáveis ao toque. A posição em que nos colocam as costas os bancos traseiros também é pouco agradável.

O interior conta com um ecrã de 7” no tablier, que nos permite aceder a todas as funcionalidades de conetividade. Desde ligação a smartphone e bluetooth com comando no volante, ao sistema de navegação, mapas, rádio integrado com RDS e MP3 e definições do veículo, como a regulação dos sistemas de assistência à condução ou consulta dos dados de viagem. O ecrã é agradável ao toque e de fácil utilização.

Podemos ainda encontrar um tomada de 12 V, entradas AUX e USB, ar condicionado automático, específico da versão, e comandos áudio no volante, chave retráctil, com comando à distância do fecho centralizado e desbloqueamento do portão traseiro, e dois altifalantes audio dianteiros e dois traseiros, além de dois tweeters.

Sistemas de Assistência à Condução e Segurança

O equipamento é um dos grandes destaques do modelo, principalmente para um carro do segmento B. A versão de ensaio, LED, que faz ascender o preço aos 18.091€, acrescenta-lhe alguns elementos, muitos dos quais já foram sendo referidos ao longo do texto. São eles: ar condicionado automático; faróis traseiros em LED; friso de proteção lateral nas portas; espelho interior electrocromático (escurecimento automático); painel de instrumentos com ecrã TFT a cores supervision; sensor de chuva (limpa pára-brisas automático); sensor de luz (faróis de acendimento automático) e sistema de monitorização da pressão dos pneus (sinaliza a perda de pressão e indica o pneumático afetado).

No entanto, já desde o nível de equipamento abaixo, o Comfort, estão garantidos: 6 Airbags – condutor, passageiro, laterais e de cortina; ABS EBD + BAS e ESS (Sinalização de travagem de emergência); alarme periférico; assistência ao arranque em subida (HAC); bloqueio automático das portas (após o arranque); cintos de segurança dianteiros com pré-tensores / ajuste em altura; ESP e VSM (programa eletrónico de estabilidade e gestão de estabilidade do veículo); faróis de nevoeiro; indicador de esquecimento de colocação do cinto de segurança (todos os ocupantes); luzes de circulação diurna em halogéneo / LED Luzes de iluminação em curva; pneu de reserva temporário; sensor de chuva (limpa pára-brisas automático); sensor de luz (faróis de acendimento automático); sensores traseiros de ajuda ao estacionamento; sistema de assistência à faixa de rodagem (LDWS); sistema de fixação ISO FIX para cadeira de criança / tranca de segurança (nas portas traseiras); sistema de monitorização da pressão dos pneus (sinaliza a perda de pressão e indica o pneumático afetado); sistema de monitorização da pressão dos pneus (sinaliza a perda de pressão) e tripla indicação de mudança de direção com um toque apenas. Uma ampla oferta de equipamento, muito bem vinda num modelo utilitário.

Ao volante

Uma vez ao volante, rapidamente nos apercebemos que o Hyundai i20 tem um belo motor a gasolina de três cilindros turbo. Os 100 cv oriundos do bloco 1.0 são bastante vivos, com a faixa de utilização ideal a cifrar-se acima das 3000 rpm. Porém, por vezes fica a sensação que o motor é muito enérgico para a estrutura do modelo, sendo fácil estarmos a exigir do chassis e da suspensão em estrada, dada a facilidade com que pisamos o acelerador e ele nos entrega uma agradável sensação de liberdade ao volante, em muito ajudada pela leveza do conjunto, 1055 kg.

Para esta sensação também ajuda a caixa manual de 5 velocidades, que, de escalonamento longo, nos entusiasma em altos regimes, parecendo ter sempre algo mais para dar. Para melhor se percecionar este ponto, basta dizer que a 3ª tem uma faixa de utilização que vai dos 50 km/h até aos 160 km/h. Já em baixos regimes o binário disponível obriga-nos a uma frequente troca de relações.

Atendendo a estas características, se assim o quisermos, facilmente o modelo se torna ‘irrequieto’ em qualquer percurso. De facto a descrição quase que nos faz esquecer que falamos de um utilitário, mas assim é.

Numa utilização diária revela-se uma proposta agradável. Sem adornos, cumpre bem o propósito para que foi criado. É agil, com boa maneabilidade, uma suspensão de acordo com aquilo que se exige de um utilitário e com um motor sempre pronto a satisfazer os desejos. Apenas fica a ideia de que a direção é ligeiramente leve em estrada. Os ruídos exteriores são facilmente uma companhia que nos ocupa o habitáculo, mas isso seriam reais problemas num veículo premium, não num modelo que tem o propósito de ser eficaz na função de nos levar de um ponto para outro.

O nível de equipamento é uma enorme mais valia, com sistemas de assistência à condução e segurança (ver tópico em cima) capazes de ombrear com propostas de segmentos superiores e que são uma útil ajuda na condução quotidiana. O volante multifunções permite-nos aceder facilmente a funcionalidades como cruise control e limitador de velocidades, atender chamadas ou aceder às informações disponibilizadas no painel de instrumentos com ecrã TFT a cores supervision, específico da versão, de consulta simples e clara. Um conforto tecnológico que se revela um agradável aliado, principalmente para quem tenha no trânsito uma companhia diária.

Consumos

A marca anuncia consumos combinados de 4,5l/100 km, no entanto estes ficam longe dos 6,3l que realizámos de média, um valor que não é fácil de alcançar. É necessário, para além de respeitar os limites legais, ter atenção à forma como pisamos o acelerador. Valores na casa dos 6,6l serão os mais reais, ainda assim, tudo dependerá do nosso pé.

Motorizações e versões disponíveis

O Hyundai i20 está disponível com três blocos a gasolina e um diesel. No primeiro caso falamos do 1.0 T-GDI de 100 e 120 cv, do 1.2 MPi de 75 cv e 84 cv e do 1.4 MPi com 100 cv. No segundo caso a proposta passa pelo 1.1 CRDi de 75 cv.

Quanto aos níveis de equipamento são: Blue Access, Blue Access Plus, Blue Comfort, LED e HP para o motor 1.0; Access, Access Plus, Comfort, LED e Panorama para o motor 1.2; Access AT, Accesse Plus At e Comfort AT para o bloco 1.4; Access, Access Plus, Comfort, LED e Panorama para o motor 1.1 diesel.

A versão diesel vem equipada com transmissão manual de 6 velocidades, enquanto a gasolina 1.0 conta com caixas manuais de 5 e 6 velocidades, mediante o nível de equipamento. O motor 1.2 está disponível apenas com caixa manual de 5 velocidades e o bloco 1.4 somente com caixa automática de 4 relações.

Já os preços variam entre os 14.232€ da versão de entrada, o Hyundai i20 1.2 MPi Access, com 75 cv e caixa manual de cinco relações, até aos 21.242€ da versão 1.1 CRDi Panorama, com 75 cv e caixa manual de 6 velocidades.

Equipamento Opcional

O i20 na versão LED já vem muito bem fornecido. Ainda assim, para os interessados, há sempre detalhes interessantes a considerar: barras de tejadilho transversais – alumínio (171€); suporte para iPad e iPad Air (169€); ProRide 591 – suporte para bicicleta em alumínio – aplicável em barras de tejadilho transversais (152€); iluminação led zona inferior do tablier – cor branca (132€); jantes 6.0J x 15″, liga leve (186€); sensores de estacionamento – 4 sensores universais integrados no pára-choques (Trás) (216€); gancho de reboque amovível (474€) e respetiva cablagem (167€).

Concorrentes

O segmento B é muito concorrido e qualquer modelo que nele habite sabe as dificuldades que tem pela frente. De forma direta, o Hyundai i20 LED 1.0 T-GDI encontra o Ford Fiesta 1.0 EcoBoost com 100 cv, mas com caixa manual de 6 relações. O preço deste último é de 18.167 €, mas com a atual campanha encontra-se nos 15.867€, o que faz dele um duro rival. Do lado da Renault, o Clio GT Line ENERGY TCe com 90 cv, motor de 0.9 cc e caixa manual de 5 velocidades, conta com uma preço de 18.220€, equivalente aos 18.091€ do Hyundai, mas oferecendo menos potência. Há ainda o Volkswagen Polo 1.0 TSI Highline com 110 cv e caixa manual de 6 relações por 19.902€. Por outro lado, podem ainda ser consideradas propostas com uma cilindrada aproximada por excesso, como o Peugeot 208 1.2 PureTech Allure com 110 cv e caixa manual de 5 velocidades, com um custo de 20.800€ – 17.300€ com a atual campanha. Neste particular, de cilindrada e potência ligeiramente superiores, pode-se também olhar para o Skoda Fabia 1.2 TSI Style com 110 cv e caixa manual de 6 relações, com um preço de 18.386€. A concorrência é notoriamente muita, tudo depende daquilo a que se dá prioridade ou procura.

Balanço Final

O Hyundai i20 LED 1.0 T-GDI é um modelo para ser utilizado diariamente sem preocupações de maior. É um utilitário, não nos podemos esquecer disso, e sendo utilizado para o propósito que foi criado apresenta um desempenho conforme. Permite-nos cumprir as necessidades das deslocações diárias e tem um motor que nos dá vivacidade ao volante quando queiramos.

Motor e equipamento são assim as suas maiores virtudes, ainda que o preço da versão LED, 18.091€, nos possa levar a considerar outras ofertas, mesmo dentro da própria marca, atendendo a que acaba por não se revelar uma proposta muito económica em matéria de consumos. No entanto, esta é uma questão para que o próprio i20 tem uma resposta, fruto da sua ampla oferta de níveis de equipamento. A versão de entrada do motor 1.0, a Blue Access, vem já devidamente munida de tecnologia e conta com um custo de 14.868€, na prática, menos 3223€ que a versão do presente ensaio. Números que podem dar que pensar na hora da compra, mesmo que o produto final careça de algumas mordomias. No entanto, no global, a maior parte do bolo está garantida. Porém, é tudo uma questão de prioridade e disponibilidade financeiras, para um produto que não é, nem mais, nem menos que aquilo que dele se espera. E isso também é bom!

Mais: Motor; Equipamento

Menos: Qualidade dos plásticos interiores; Insonorização; Consumos

FICHA TÉCNICA
Motor

Tipo – gasolina, 3 cil., injeção direta, turbo

Cilindrada (cm3) – 998

Diâmetro x curso (mm) – 71,0 x 84

Taxa de compressão – 10,0:1

Potência máxima (cv/rpm) – 100/4500

Binário máximo (Nm/rpm) – 171 Nm/4000

Transmissão, direcção, suspensão e travões

Transmissão e direcção – dianteira, caixa manual de 5 velocidades; pinhão cremalheira assistida eletricamente

Suspensão (fr/tr) – Independente, Tipo McPherson com molas helicoidais e amortecedores a gás; Eixo de torção com molas helicoidais e amortecedores a gás

Travões (fr/tr) – Discos ventilados/Discos

Prestações e consumos

Aceleração 0-100 km/h (s) – 3,7s

Velocidade máxima (km/h) – 188 km/h

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 3,9/5,7/4,5

Emissões de CO2 (g/km) – 104

Dimensões e pesos

Comp./largura/altura (mm) – 4035/1734/1474

Distância entre eixos (mm) – 2570

Largura de vias (fr/tr) (mm) – 1514/1513

Peso (kg) – 1055

Capacidade da bagageira (l) – 301 (c/ roda de reserva temporária) ou 326 (sem roda de reserva); 1042 c/ bancos rebatidos e sem roda de reserva

Pneus (fr/tr) – 195/55 R16

Depóstio de combustível (l) – 50

Preço versão ensaiada (€) – 18.091€

André Duarte/Autosport

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