O fabricante sul-coreano pegou na fórmula de sucesso obtida com o crossover Ioniq 5, e apresenta algo completamente diferente, sob a forma de uma berlina elétrica de tamanho médio.

 

“Que carro é esse? Parece um Porsche”, disseram-nos mais do que uma vez durante o ensaio. Acreditamos que as semelhanças, sobretudo na traseira, com os modelos da marca germânica sejam uma coincidência. No design escolhido para o Ioniq 6, a forma segue perfeitamente a função, para conseguir um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,21 Cx, o mais baixo em qualquer automóvel da Hyundai, e entre os melhores do segmento.

Numa altura em que a aposta do mercado continua a fazer-se no formato SUV, é de salutar a irreverência da marca sul-coreana em lançar um modelo com um design suficientemente arrojado para arrebatar diversos prémios, entre eles o ‘Gold’ na categoria de Produto do iF Design Award, e Carro Internacional do Ano em 2023.

O Ioniq 6 só está disponível no mercado nacional com a opção de motor e tração traseira, com 228 CV/168 kW de potência e 350 Nm de binário. A bateria tem uma capacidade de 77.4 kWh, e a marca diz ser possível conseguir autonomias superiores a 600 quilómetros. Utiliza tecnologia de 800 volts, que permite obter energia para cerca de 350 quilómetros em 15 minutos. Com recurso a uma wallbox doméstica em corrente alternada a 11 kW, demora perto de oito horas a repor a totalidade da bateria.

Partilha a mesma plataforma (E-GMP) com o irmão 5, que lhe permite ter um fundo completamente plano e colocar as rodas bem nas extremidades do veículo. Os seus quase cinco metros de comprimento (4855 mm), e 1880 mm de largura garantem um espaço a bordo referencial, sobretudo para as pernas de quem se senta da fila traseira. Já os 1495 mm de altura no ponto mais alto, condicionam a altura de quem viaja nos bancos de trás. Passageiros com mais de 1,80 m poderão tocar com a cabeça no teto por causa da acentuada curva descendente a seguir ao pilar B. A bagageira oferece uma reduzida capacidade de 405 litros face à concorrência, mas na frente existem mais 45 litros debaixo do capô.

Já dentro desta berlina, a primeira coisa que reparamos é a pouca luminosidade por causa do tejadilho convencional, quando comparado com os da concorrência que são em vidro. Ao volante, é fácil encontrar uma posição de condução confortável. Existem elementos familiares para quem já conduziu o Ioniq 5, como o seletor do sentido de marcha na coluna de direção, tal como o painel de instrumentos e o ecrã tátil de info-entretenimento, ambos com 12,3 polegadas. Tanto o sistema Apple CarPlay, como Android Auto são suportados, mas ainda com recurso à ligação por cabo. Realçamos o facto de ainda existirem botões de atalho para as funções mais comuns, como media navegação e controlos de climatização.

este “streamliner eletrificado” está mesmo à vontade é a viajar

Em andamento, o Ioniq 6 não vai conquistar pódios com os seus “modestos” 7,4 segundos na aceleração dos zero aos 100 km/h.. Mas já em matéria de autonomia é capaz de conseguir uma medalha ao verificarmos um consumo de 15,3 kWh/100 km no modo ‘Normal’. O que pelas nossas contas dará para percorrer cerca de 503 quilómetros. Apesar nos restantes dois modos de condução ‘Eco e ‘Sport’ se notar sobretudo a sensibilidade na resposta do acelerador, onde este “streamliner eletrificado” está mesmo à vontade é a viajar. De preferência em estradas nacionais. Nestas condições destacamos o excelente trabalho de insonorização, e podemos apreciar a estabilidade proporcionada pelo baixo centro de gravidade, bem como o conforto mesmo com uma afinação firme da suspensão e jantes de 20 polegadas.

No que diz respeito à segurança, a Hyundai dotou o Ioniq 6 com inúmeros apoios à condução dos quais destacamos: assistência em autoestrada na mudança de faixa, e assistente de prevenção de colisão. Radar de ângulo morto, alerta de tráfego na retaguarda e cruise control são outros trunfos. Inclui ainda o ISA, (assistência inteligente à manutenção de velocidade). É exibida a velocidade permitida através de um sinal luminoso no painel e emite um aviso sonoro, uma vez por cada limite novo fixado, e quatro vezes quando é ultrapassado. Este miniconcerto é tolerável nos primeiros quilómetros, mas pouco agradável durante uma viagem longa, levando o condutor a desativar o sistema. A operação não é prática, e reativa-se sempre que se liga de novo o carro.

AVALIAÇÃO
Qualidade geral
9
Prestações
8,5
Espaço
8,5
Segurança
9
Condução
9
Consumos
9
Preço/Equipamento
8,5