A Jaguar criou na década de 1960 aquele que é considerado um dos automóveis mais bonitos de sempre. O impacto do novo modelo foi tão grande que até Enzo Ferrari lhe teceu rasgados elogios, existindo mesmo uma frase no imaginário coletivo que lhe é atribuída. Alegadamente, terá dito que o E-Type só tinha um defeito: não ter sido construído por ele e assim ostentar o símbolo do “Cavallino Rampante” no capô.

Considerado o seu herdeiro espiritual, o multipremiado F-Type conta inclusive com a distinção World Car Design of the Year. Agora, o desportivo de motor frontal e tração traseira chega até nós com um look atualizado. Depois de ter voltado a passar pelo lápis dos designers, apresenta-se com um novo capô e uma frente remodelada, em que o design dos grupos óticos mais esguios (agora com iluminação Pixel LED) estão colocados numa posição mais baixa juntamente com uma grelha mais larga, conferindo um visual mais desportivo ao F-Type. Na traseira, as óticas estão mais angulosas e beneficiam da flexibilidade da iluminação LED para uma apresentação dinâmica nos indicadores de mudança de direção, bem como quando se tranca ou destranca o carro.

 

Para melhorar o comportamento aerodinâmico, o para-choques traseiro integra um novo extrator de ar e o modelo com a motorização ensaiada destaca-se pela saída de escape central de formato retangular.

A versão “First Edition” conta ainda com jantes de 20 polegadas, bancos com desenho desportivo, regulações elétricas e revestimento em pele, algumas inserções em alcântara e alumínio nos seletores e patilhas adicionam o refinamento necessário a este gran-turismo. Uma vez no interior, deparamo-nos com muita luminosidade graças ao teto panorâmico fixo (opcional com um custo de 1 249€).

o conforto é elevado, sendo prejudicado apenas pelo nível de ruído que se ouve vindo do exterior

A posição de condução é excelente e o nível de conforto é elevado, sendo prejudicado apenas pelo nível de ruído que se ouve vindo do exterior. Felizmente, o F-Type vem equipado com um soberbo sistema de som da marca de Hi-Fi Meridian. A escolha dos materiais revela um enorme cuidado com uma montagem sem falhas. O quadrante de instrumentos é agora inteiramente digital e recebe um ecrã TFT de 12.3 polegadas com uma boa leitura, cujo grafismo pode ser personalizado em função do modo de condução escolhido. Há ainda melhorias no sistema multimédia que passa a ter Apple Car Play e Android Auto sem fios, bem como Spotify já integrado, tudo à distância de um dedo no ecrã tátil de 10 polegadas na consola central.

 

o pequeno quatro cilindros é subdimensionado para o excelente chassis que a marca criou para albergar os mais nobres motores V8

Apesar dos modestos 5.7 segundos do 0-100 km/h, a experiência de condução é divertida, no entanto, rapidamente se tornam evidentes as limitações do pequeno quatro cilindros com 2 litros. Apesar de ser sobrealimentado e debitar 300 cv é claramente subdimensionado para o excelente chassis que a marca britânica criou para albergar os mais nobres motores V8, nas variantes de 450, ou 575 cv, no caso do F-Type R. No modo “Dynamic”, as “escorregadelas” à saída das curvas quando pisamos o acelerador com mais firmeza denunciam a origem da tração às rodas traseiras – e o sorriso é inevitável. Mas, tudo acontece como a enorme segurança e naturalidade.

Há um seletor para ativar um reforço sonoro do volume do escape que até faz “pipocas” nas reduções, mas é uma pena que seja ampliado artificialmente. As limitações do motor são disfarçadas pela excelente caixa automática de oito relações, garantindo que o pequeno quatro cilindros está sempre na rotação ideal.

A vantagem desta motorização “domesticada”, além de se tornar obviamente mais barato, especialmente no nosso mercado, é também o facto de ser um desportivo menos intimidante e, por isso, mais fácil de tirar partido das suas prestações. Os condutores com menos experiência têm margem para progredir à medida que se vão habituando a ele. Já os mais experientes podem até desligar os controlos de tração e de estabilidade para uma condução mais gratificante, sem sentirem que só tirariam partido do F-Type num autódromo. Um felino até pode ser domesticado, mas o seu lado selvagem estará sempre gravado no seu ADN.

 

Ficha técnica:
Motor: 4 cilindros em linha com 1998 cc
Potência: 300 cv às 5500 rpm
Binário: 400 Nm/1500-4500 rpm
Tração: Traseira
Caixa de velocidades: Automática de 8 velocidades
Comprimento/Largura/Altura: 4,470/1,923/1,311 m
Distância entre eixos: 2,622 m
Mala: 310 litros
Depósito de combustível: 63 litros
Jantes/Pneus Frente: 9jx20-255/35 ZR20
Jantes/Pneus Trás: 10,5jx20-295/30 ZR20
Peso: 1595 kg
Velocidade máxima: limitada aos 250 km/h
Aceleração 0-100 km/h: 5,7 s
Consumo médio: 9,4 l/100 km
Preço da unidade testada: 99.895 euros

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